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30.1.17

Um textículo: "o inútil mandamento"


toda Poesia deverá ser escrita com inicial maiúscula
toda POESIA deverá ser escrita em caixa alta
toda poesia será viva 
vívida 
vivida 
individida
toda corpoesia 
todo corpoesia 
instituído amalgamado
sub sobre intra interletrado
serpoesia 
époesia

tudo é poderá ser
poesia 
ou não

29.1.17

haiquase (exercício XXXVII)


em tarde seres
à noite sidos
amanhã somos

* baseado livremente no poema sem título de um só verso, "em tarde sermos", da poeta Cris de Souza (Vila Velha, ES)

28.1.17

E-mail com considerações sobre o romance "Antes de Evanescer"

"Antes de Evanescer" exposto com outras obras durante a Fanzinada (Santo André, SP, out/2016) - foto EF

Depois de ter remetido meu romance "Antes de Evanescer" para uma leitora refinada e muito sagaz, eis que recebi como contrapartida um e-mail muito generoso com suas apreciações sobre o enredo. Transcrição feita do original, sem alterações de conteúdo, após a aprovação da autora. Deixo aqui o meu agradecimento público pelo carinho e atenção. 


"Oi Escobar!

Li o livro e deixo aqui algumas impressões pessoais acerca da obra. Claro, que não é nada novo, pois creio que você já tenha lido ou ouvido várias alusões à obra e sua narrativa intensa e visceral, que acomete o leitor de forma inquietante.
Esta estória, como você bem frisou, tem um pano de fundo, algo que nos afligiu em meados de 2006, aqui em SP, ataques foram prometidos e se insurgiu o medo, o pânico tomaram conta da cidade mais poderosa do país, e nos municípios da Grande SP, devido a ameaça do PCC. Um horror viver assim!
No início da narrativa, você nos brinda com Léo (um deles), rapaz descobrindo o mundo e se descobrindo, algo que mexe com o leitor. A leitura flui de forma agradável e muito acelerada na narrativa que você, magistralmente, constrói.
Quando acontece o sequestro, eu fiquei sequestrada, acho que foi isto que você quis promover ao leitor, uma caminhada na vida de um adolescente e de repente, nos vimos jogados num calabouço de emoções e conflitos, onde o que se consegue visualizar é apenas um vulto inquietante, que alucina e convulsiona, nos meandros do medo e agonia.
Confesso que à medida que lia fui me sentindo rendida da situação, o desespero, a dúvida, a suspeita, tudo isto misturado a emoções difusas, rompantes de desejos e lembranças tênues e profiláticas para aquele momento.
Teve um momento da leitura que tive que parar e pegar um livro de poesias pois o sofrimento estava por demais exacerbado, eu quando leio ou assisto algo que me choca, fico muito emotiva, e assim foi na leitura.
Não tinha como não ler, e você de forma incrível consegue transfigurar a situação, captar o leitor com sua cruel e intensa realidade, e jogá-lo no abismo de medo e angústia.
Creio que você deve ter lido o livro Angústia, do King, ou assistido o filme Louca Obsessão, que foi baseado no livro, então Escobar, é aquilo uma palavra resume o sentimento que senti: angústia.
Uma coisa que ficou muito boa e você soube tirar proveito foi a questão da perda da liberdade, pois quando perdemos algo, seja o que for, isto nos incomoda, traz dor e sensação de descrédito e ali, você na personagem elencou muito bem as fases do luto pelas quais passava Léo. Ele ficou aturdido, claro, quem não fica, e depois foi passeando pelas fases da Negação, Raiva, Barganha, Depressão até a Aceitação, fez de tudo e num vaivém intenso de emoções e lágrimas, onde sente-se profundamente a dor da personagem e sua entrega ao desespero.
Escobar, acho que falar de você é complicado, pois seu esmero na construção textual repercute de maneira ímpar nos conteúdos emocionais do leitor, esta é uma facilidade que você tem e sabemos, é nata.
Adorei o livro e veja você, iria escrever umas linhas quase fiz outro livro. eu me empolgo e vou escrevendo.
Mas o livro merece todos os créditos e você tem esse dom de escrever e quer queira, quer não, é talentosíssimo com as letras, e a estória ficou um profundo mergulho na vida humana com suas implicações sociais, emocionais, sexuais e religiosas. De fato, ler-te é caminhar numa estrada de tijolos amarelo e de repente levar um tombo e cair de cara no chão, acho que é bem isto.
Um deleite acompanhar sua incursão neste mundo tão vasto e complexo da literatura .
Obrigada pela chance da leitura.
Lilian Vargas"

20.1.17

haiquase (exercício XXXVI)


haicair da tarde
chuvinha veraneia
lambe o calor

*inspirado no poema "Ao haicair do ano", da poeta capixaba Cris de Souza

19.1.17

17.1.17

Um textículo: "de olhos abertos"


Foi ontem, creio que no início da noite; ou cedo, não sei distinguir bem... encontrei a concha aberta, a pérola à mostra e nenhuma vivalma ousava tocar a joia exposta. A janela aberta não despertava a cobiça. Fui, fomos, todos embora e nem me lembraria dessa história, não fosse o fato do analista me fazer recordar meus sonhos.

12.1.17

Um textículo: "metáfora"


dias de calor são
como a boca aberta daquele leão
velho e desdentado
que ameaça rugir na microsselva do zoo

liberdade prometida e vigiada

dias de frio ou de tédio
são a mesma coisa
apenas com outros animais
nas mesmas condições