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25.8.18

um textículo: "levitar"


todo olhar tem um bater de asas
toda voz é música de encantamento

toda boca sopra ventos alísios e
todo sonho é aurora austral

nunca me perguntei o que acontece 
antes ou depois do ato
dessa peça que enceno, mesmo sem querer
todos os dias e em todos os lugares.
a linfa que corre em mim flui incertezas 
e o drama de reconhecer vidas 
nessa camada indefinida
entre a pulsação de poesia e as batidas do coração

o que sou? de que somos feitos?

todo sorriso me parece uma serra de cortar neblinas
todo choro lava a alma e
memórias e expectativas são perfumes
entrelaçados nas narinas do meu presente

vivo alívios poéticos na dureza rude das pedras

24.8.18

Um textículo: "provérbios"


pensar na palavra respeito
abrir a palavra respeito
dissecar a palavra respeito
pesar a palavra respeito
duvidar da palavra respeito
aprovar a palavra respeito

porque a raiz de respeito vem do amor
porque a rima de respeito é amor
porque o rumo da palavra é o amor

respeitar o respeito

21.8.18

Um textículo: "rubrica"


os estados unidos da américa
tocados pelos nobres ideais
que movem a democracia
e os estados unidos do brasil
levados pelo mesmo sentimento
de seu irmão do norte
impediram o poeta de dizer
não

a mão da liberdade pesa
pois o olho descoberto da justiça é cego
e já que é proibido proibir
impedir o permitir torna o todo igual
numa inédita rotina vária
os estados unidos de qualquer lugar
são uma mesma república
de ser o que não se é
e servir a quem não se vê

e seus poetas são etês professando fé
nessa deusa improvável
e demoníaca, a poesia

19.8.18

17.8.18

Hoje começa o Farofa – Festival de Fotografia em Suzano

Começa hoje e vai até domingo, o Farofa – Festival de Fotografia do Alto Tietê. Organizado pelos fotógrafos Carlos Magno, Guilherme Silva e Pedro Chavedar, que compõem o coletivo Farofa, o evento, realizado em Suzano, na grande SP, em seu segundo ano, se propõe a ser um momento de celebração da arte do olhar e ao mesmo tempo uma imersão reflexiva sobre o universo da fotografia no contexto do século 21.
Segundo a organização, Farofa traz no nome uma ideia de misturas, de simplicidade e de viés popular, que, juntos, permeiam a construção de um imaginário de brasilidade. Esses princípios, que já eram advogados na primeira edição, no ano passado, são reforçados agora, com humor e lirismo no olhar de profissionais que procuram fugir da emboscada beligerante que o país (e o mundo) vivem. Nisso reside a poesia e a resistência da fotografia.
Cronograma de atividades
17/08/2018 (sexta)
19h30: Abertura do 2º Farofa – Festival de fotografia.
20h30: 10×5, a história da foto – Local: Anfiteatro Orlando de Digenova
Dez fotógrafos contam os bastidores de uma fotografia.
Convidados: Ana Sasaki, Beto Miller, Carlos Magno, Ederson Fungaro, Flávia Baxhix, Guilherme Silva, Irineu Junior, Léo Muratore, Mariana da Matta, Patricia Montrase, Rafael Melo, Pedro Chavedar, Wanderley Costa e Willian Ferro
Centro de Educação e Cultura Francisco Carlos Moriconi
Evento Gratuito, chegar 1h antes e pegar o ingresso no local
18/08/2018 (Sábado)
08h30: Farofada na Feira, Saída Fotográfica livre no largo da feira com Derli Mello
Saída do Centro de Educação e Cultura Francisco Carlos Moriconi – Suzano
Evento Gratuito, chegar 1hs antes e pegar o ingresso no local
Das 10 às 18h: Forofeirinha, Feira de fotografia e arte
Hall de entrada do Centro de Educação e Cultura Francisco Carlos Moriconi
11h: As Mina Pá, Mesa de debate sobre fotografia
Local: Anfiteatro Orlando de Digenova – Centro Cultural Moriconi – Suzano
Evento Gratuito, chegar 1h antes e pegar o ingresso no local
14h: Caminhos do fotojornalismo na era digital com Leonardo Benassatto e Marcello Fim da ARFOC-SP
Local: Anfiteatro Orlando Digenova – Centro Cultural Moriconi – Suzano
Evento Gratuito, chegar 1h antes e pegar o ingresso no local
16h: FUGA, com Patricia Montrase
Local: Anfiteatro Orlando Digenova – Centro Cultural Moriconi – Suzano
Evento Gratuito, chegar 1h antes e pegar o ingresso no local
17h: João Castellano, SOU FAROFA
Local: Anfiteatro Orlando Digenova – Centro Cultural Moriconi
Evento Gratuito, chegar 1h antes e pegar o ingresso no local
19h: Projeção e Leilão de fotografias
Local: Boteco Helena, R. Nove de Julho, 398 – Jardim Santa Helena
19/08/2018 (Domingo)
Dia Internacional da Fotografia
10h30: Origem, uma vivência Analógica (mesa de debate)
Local: Anfiteatro Orlando Digenova – Centro Cultural Moriconi – Suzano
Evento Gratuito, chegar 1h antes e pegar o ingresso no local
11h30: TÊMPORA IN NGÔ MEITIRE com Grabriel Bicho
Local: Anfiteatro Orlando Digenova – Centro Cultural Moriconi
Evento Gratuito, chegar 1h antes e pegar o ingresso no local
13h: Farofada, Happy hour do Farofa 2018
Confraternização com todos os envolvidos no projeto.
Local: Casarão das Artes – Suzano

6.8.18

Um textículo: "poetinha safada"


romântica
criou um perfil na rede social
@poetisafada

inocente
não entende os trocadilhos
e continua recusando todos os convites
paciente
mente

5.8.18

Um texticulozinho: "dois poemas no rosto"


a cor de seus olhos é a cor de um poema
que não consigo verbalizar.
apenas contemplar.
a cor de seus olhos é a cor
da poesia quando nasce.

4.8.18

Entrevista p/ José Nunes - Portal "Como eu escrevo" (2018)

Como escreve Escobar Franelas (escritor, cineasta e educador)

Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Engraçado que antes da surpresa de ser convidado para participar dessa série, eu já estava acompanhando alguns depoimentos e me peguei pensando: “caramba, se eu tivesse que responder a essa questão, nem sei o que diria… todo mundo tem uma rotina, mínima que seja. Só eu sou caótico?” Pois, definitivamente, não tenho ordem ou ritual para escrever, para nada. Se “naquele momento” em que sou surpreendido pelo encantamento (como diria o poeta Akira Yamasaki), pelo espanto (como queria Ferreira Gullar), se for possível rascunhar, escrever, dar corpo à ideia, ok. Se não der, o que faço? Rascunho num pedaço de papel, no cantinho de algum livro, só para não perder o fio da meada. Ou então gravo áudio. Como dirijo muito por aí, às vezes sou pego por uma frase, um verso, uma palavra, uma ideia no meio do trânsito. Já parei muito em acostamento para anotar algo, mas hoje gravo áudio no celular. Depois, com calma, começo a burilar em cima. Isso se ainda tiver aquele elã inicial, o tal do insight. Pois às vezes o improviso faz com que a gente anote algo que depois esvazia, perde o sentido. Se for assim, ok também, dou de ombros e espero o próximo.

Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Escrevo a qualquer hora e em qualquer lugar. As únicas coisas que atrapalham são música, televisão e rádio, pois me desconcentram. Sobre rituais, acho que prefiro primeiro escrever à mão e depois digitar, mas não tenho certeza.

Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Como minha rotina é desigual (trabalho em projetos de educação social, produção de audiovisual e escritura em geral (jornais, portais, a própria obra etc), além de trabalhar no comércio, minhas manhãs, tardes e noites são também desiguais. Apesar de querer, hoje não posso me dar ao luxo de estabelecer que minha rotina seja escrever todas as madrugadas (aqui, outra desconfiança, a de que produzo mais e melhor quando estou na companhia das corujas e dos sons das motos dos entregadores de pizza), então faço o que é possível. Por exemplo, todos os banheiros da minha casa têm nichos para livros, jornais e revistas; e bloquinhos de anotação com caneta. Logo, ir ao banheiro pode ser um momento de leitura, ou de escritura, para mim ou minha família ou qualquer pessoa que esteja em casa. Trem, metrô, fila de banco, todos são ótimos lugares para leitura também. E o balcão da minha loja, quando não estou fazendo contabilidade, é um excelente lugar para rascunhar poemas. Só textos mais longos que exigem de mim o conforto da cadeira em frente ao micro da sala de casa.

Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
O processo está descrito na resposta anterior, mas posso acrescentar que a insegurança, esse mote que nos move, tanto traz a frieza da dúvida quanto o calor da expectativa. E esse embate gera o mistério, uma das coisas mais belas que temos, porque permite o cavalgar da imaginação.

Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
As travas talvez não sejam naturais no processo, mas existem; e se existem, tenho que aprender a conviver com elas. Mais ainda, me esforço para aprender algo com elas. Talvez por ser aquele que no mercado é conhecido como “escritor independente” (se é que é possível alguém se pretender independente dentro das amarras do sistema no qual estamos inseridos), meu único prazo é comigo mesmo. Então, se tenho algum tipo de sofrimento quanto a esses possíveis prazos que me determino e quase nunca cumpro, não tenho a quem culpar. Logo, o negócio é levantar a cabeça e continuar ou parar. No meu caso, às vezes me pergunto porque escrevo, mas como não encontro respostas que justifiquem a abstinência ou pausa, continuo repetindo os mesmos gestos para a beleza incendiária que é esse verter ao mundo o brotar de versos da cabeça da gente.

Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Tecnicamente seriam pelo menos duas vezes. Assim que escrevo, seja um texto jornalístico, um poema ou um romance, sinto uma necessidade de me afastar daquilo e deixar em fogo brando até voltar lá depois e reavaliar. Essa reavaliação é sempre através da leitura em voz alta. Nesse momento é que o texto se torna corpóreo pra mim. Depois disso, várias leituras se fazem necessárias, para as correções de praxe. E depois sempre peço a leitura crítica de gente amiga e de confiança para ponderar sobre. E a essa gente pago geralmente com sorrisos, abraços, menções e o trio café, cerveja e vinho.

Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Como já respondi, tenho uma leve desconfiança que prefiro escrever primeiro no caderno, depois só digitar. Mas tudo isso é incerto, pois as urgências cotidianas às vezes exigem o atalho, ou seja, digitar direto no computador.
Tenho a impressão (e preguiça confessa, por isso só a “impressão”) de que um mesmo texto escrito pela mesma pessoa oferece resultados diferentes quando escritos à mão ou digitados direto na máquina. O fluxo manual cria um estado de tensão e cansaço que o bater nas teclas parece atenuar. Logo, é de se pensar se a escolha de uma ou outra forma não muda o seu processo de escrita. No meu caso, é quase certo que sim.

De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
Tudo é motivo para a mente atenta e a sensibilidade arguta. Qualquer coisa mesmo, palavra, cor, foto, cena, música ou lembrança, pode desatar um nó aqui e aí inicia-se um diálogo com o instinto criador. Um bom dia de alguém na rua pode percutir diferente aqui no labirinto e então liberar os eflúvios de algum mar represado que logo tornar-se-á outra coisa. O quê? Não sei, nunca sabemos para onde escorrerão as águas que vazam dentro da gente. Pode ser que não seja nada, mas também pode ser um verso, um poema, uma cor na minha voz ou uma música de meu gesto.
Quase disse que só a morte cala a poiésis, mas se mestre Machado conseguiu através dos engenhos da escrita retornar verborragicamente das amarras do “outro lado”, então, talvez, eu possa falar que “tudo posso no verso que me cresce”.

O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
“Deixe de ser imitador, Escobar! Faça errado, mas faça do seu jeito!”
Durante um longo período de minha formação, quis ser um Pignatari ou um dos Campos. Também já tive uma fase de querer ser um sub-Drummond ou um semi-Bandeira. Hoje sou imperfeitamente eu, o que não quer dizer que não seja a soma de tudo o que li, ouvi, presenciei e sonhei.
Mas se pudesse voltar na máquina de fazer versos de minha adolescência criativa, diria, “moleque, para de mentir, seja menos adulto, escreva o que você é, não o que você quer que os outros imaginem que você seja”.

Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Tenho uns dez livros iniciados, entre romances, contos, crônicas, cronicontos, poesia, entrevistas, resenhas e História. Se até o fim da vida der conta de todos eles, acho que já estará de bom tamanho.
Os livros que gostaria de ler, os filmes que gostaria de assistir, todos existem, apenas não terei tempo de lê-los e vê-los. Então me obrigo a um exercício doentio de querer encontrar tempo (a moeda mais rara que temos), para estes e os que ainda serão criados, e que se tornarão tão importantes quanto.

*Postagem original em https://comoeuescrevo.com/escobar-franelas/


3.8.18

Entrevista para o zine Poetizando (Santos, SP) - 2011

A Arte transforma o indivíduo.” (Escobar Franelas)

Escobar Franelas, 42 anos, escritor, videomaker e fotógrafo amador. Membro da União Brasileira dos Escritores (UBE) desde 2004.
Tem o livro "hardrockcorenroll" (poesias, SP:Scortecci, 1998) e participação em diversas coletâneas.
Atualmente é um dos articuladores do núcleo Fora do Eixo - Letras, em São Paulo, e colaborador da Revista Ounão (SP), e do jornal O Grito (Monteiro Lobato, SP).
Prepara os originais para o lançamento do romance "Antes de Evanescer" ainda esse ano.

P - Quem é Escobar Franelas?
E. F: - Sou nascido, crescido e ainda hoje morador da zona leste de São Paulo. Desde criança sou meio dominado por amor devoto às letras. Mesmo quando sonhei ser jogador de futebol, na adolescência, esse jogador também seria poeta, com certeza. E depois, quando enveredei profissionalmente pelos caminhos da audiovisual, desde então meu grande anseio tem sido sincronizar essas duas paixões: a literatura e o cinema.

P - Como se deu sua trajetória na poesia?
E. F: - Os primeiros versos eram de um típico enamorado adolescente que, sem saber como cortejar uma garota, escrevia poesias sofríveis na expectativa de impressionar alguma menininha. A devoção às letras, contudo, levou-me até os jornaizinhos da escola, depois aos fanzines. Daí pulei para os jornais de bairro. Enfim, essa foi minha trajetória, até chegar à Antologia Poéticas de Pinheiros (1989), minha primeira incursão, digamos, "mais profissional" pelo mundo da arte literária. Tinha 20 anos, àquela época.

P - Crê que a poesia tem que ser um agente de transformação pessoal?
E. F: - Acredito que a transformação social mais visível vem pelas mãos da política, mas como toda mudança social é, sim, de caráter pessoal, então acredito que a poesia, a filosofia, a Arte (assim mesmo, com maiúscula) em estado bruto, têm esse poder de transformar o indivíduo.

P - Todo talento é nato ou um aprendizado?
E. F: - Diria que toda vocação só pode ser equacionada no mundo das exigências civis e formais, daí que ela exige, sim, muita dedicação, estudo, planejamento e transpiração. Mas se todo esse esforço não estiver acondicionado no princípio do "insight" instigador, então não será arte, no máximo ciência ou artesanato.

P - Qual a importância da leitura para quem escreve?
E. F: - Não consigo conceber um cineasta que não assista filmes, ou, pelo menos, não dê conta de conhecer tecnicamente como funciona o universo da  produção  cinematográfica. Assim como não vejo bulhufas de escritor no cara que não se dispõe a ler e interpretar através da palavra o mundo à sua volta.

P - Tem acompanhado os novos autores?
E. F: - Sim, com certeza. Não abro mão da leitura dos ditos clássicos, assim como tento dividir meu tempo com a leitura do novo, para que a mente seja sempre arejada pela disputa entre essas duas (e outras) escolas.

P - A internet interferiu em seu processo criativo? E na divulgação dos trabalhos?
E. F: - Sinceramente, não consigo perceber se a internet influencia a confecção ou produção de meus trabalhos, mas reconheço que dentro do aspecto marqueteiro, a internet pode ser uma ótima ferramenta.

P - Como é seu processo criativo? Existe inspiração?
E. F: - Não sei dizer como funciona o "start" em minhas criações. Às vezes uma frase solta numa conversa dentro de casa, um papo qualquer que ouço dentro do metrô, ou mesmo algo falado num filme, enfim, qualquer coisa pode atingir um determinado ponto em minha memória que anela-se a outras sensações e daí surge uma tênue linha divisória que eventualmente pode se tornar um poema, um conto ou uma crônica (até mesmo um romance!), dentro das vertentes que se abrem em meu imaginário.
Da mesma forma que às vezes o título nasce antes da peça, às vezes acontece o contrário, vem o texto e o título se recusa a chegar!

P - Acha importante o intercambio entre poetas/escritores/leitores?
E. F: - Sim, sem dúvida. Não existirá o artista se não houver a contemplação de sua obra e a interatividade que se inicia a partir da "leitura" que o público faz de determinado trabalho. E da troca que há entre os iguais.

P - Que tipo de criação pode ser considerada artística?
E. F: - Aquela que o "artista" diz ser "arte", não poderá nunca ser negada. Poderemos sempre discutir nossos conceitos e preferências, mas jamais teremos, enquanto humanos, poder para julgar e negar a condição de "arte" à qualquer feitura que tenha essa definição, pois não há critérios teóricos ou práticos, que imponham ou impeçam alguém de divisonar o que é ou deixa de ser "arte".

P - Para que serve a poesia?
E. F: - Para me levar à loucura ou me tirar dela. Para me levar ao éden sem ter que apelar à existência de algum deus. Para que eu goze sem precisar do esforço do corpo ou da mão. Para que eu possa fruir a vida com vários verbos lindos: sublimar, curtir, sublevar, extasiar, sonhar...

P - Deixe uma mensagem para os novos jovens poetas/escritores.
E. F: - Escrevam! Sempre! Não haverá talento à mostra se não houver o diálogo entre artista e público. E mesmo que a relação entre eles seja de  vaia ou aplauso, provocação ou comedimento, isso não tornará esse artista maior ou menor. A indiferença e a inexistência de diálogo é que tiram o caráter criador do artista.

P - Deixe, se quiser, um contato (e-mail, site, etc.)
E. F: - Algumas experiências que tenho feito na área de fotografia estão postadas no blogue vs. eu http://escobarfranelas.blogspot.com, assim como há vários sítios na internet que têm trabalhos meus.

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Poemas de Escobar Franelas

DOIS
                                                           “olho muito tempo o corpo
                                                           de um poema” (Ana C.)

é tudo rimar

das estrelas que te olham divagar
senti-las em teus olhos é cintilar

CANÇÃO
de fato houve uma fuga da ilha maomau
nada demais um bando doméstico
temos tido tantos por aí

se acaso você vir numa nuvem cinza
dessas que ofuscam o sol
tudo mais já terá sido dito
e olha que nem fomos muito longe

longe demais
tenho tido tantos sonhos

A TRAVE DO OLHO
essa forma belicosa de dizer adeus
reafirma a estrutura da porta
a extensão do olhar
a distensão do abraço

ERIGIR
os jovens concluem

a maturidade
sub
trai

tudo

DUB
céu que pode orgasmar orvalhos
ou vice (-) versos

AMOR ENCANTO ÊXTASE
vibra o verbo no anverso
desta página

ó infinita finitude de sempre

silêncio

O MITO DA CRIAÇÃO
ousar: despertar
as partes da pétala
enquanto o instante vai construindo
eflúvios narcisos

amar: desarmar ânimos daninhos
incrustados na entrada
do sol na porta
: há balbúrdia de águas
no instrumento de veiculação
da notícia

alma: mito a justificar
uma criação

arma: cria de ânimos
danosos

lama: imaginar que não é mundo
o mundo das idéias


ESCOBAR FRANELAS, São Paulo/SP
in: hardrockcoreNroll
e-mail: efranelas@yahoo.com.br