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19.9.20

Um textículo: "interprestação de texto"

 


sob protestos, a última peça 

fez promessas no cartaz:

vou folder vocês!


da série haicaos



#interprestacaodetexto #haiaos #texticulo

17.9.20

Um textículo: "fim de tarde"

 

Enquanto o dia cerra as cortinas para o início de um novo ato, ele rouba um beijo dela. E ela entrega.



#textículo #fimdetarde #sampalandia

6.9.20

Um textículo: "Mais ode menos ódio"

 

Mesmo esmagada pela planta dos pés, a planta sobreviveu. Hoje dá o ar da sua graça, baila no ar, é fumaça.



#maisodemenosodio #texticulos #itaguases


4.9.20

parafraseando paulo d áuria que parafraseou paulo de tarso

 

se deus é por nós

quem será contra os laços?

quem nos separará do amor 

dos abraços, dos embaraços?

em todas estas coisas somos

amantes amados

mais do que vencedores daquele

que nos amou




#parafraseando #paulodauria #texticulo

31.8.20

Um textículo: "passado de presente"

 

Tinha gosto, cheiro e aparência de coisas antigas, vindas de outros carnavais. As mesmas manias dos pais, avós, tios, padrinhos e outros tais. Trazia no rosto as marcas de um tempo passado, por isso tão presente: os perfis nas redes sociais.

Ela fez que fez, costurou, remendou, alterou, deletou. Mas nada do texto ficar legal. Nada que desse ao leitor um frescor de coisa inédita. Dividida, atônita e salivada de raiva, primeiro jogou na lixeira, depois restaurou e publicou. Que se dane... que se danem!



#passadodepresente #texticulo #miniconto


Um textículo: "o grito calado"

 

A palavra ardia-se em desejos naquele lago lúgubre, queria ser proferida. Raios neurônicos relampejavam em volta mas não a envolviam. Aquele emaranhado de fios - insensíveis! -  não a contemplavam.

Estariam ressabiados com sua pequenez? Seu minimalismo incendiário a condenava? Ela simbolizava o mal, era isso?

Até que uma convulsão externa alterou a temperatura. A palavra foi convocada às pressas:

- Cu, vem cá. Fica aqui que você já já vai sair boca afora. "tomar" já está aqui, beleza. "no" também. Agora, gente, alguém viu o "Vai"? ele tinha que ser o primeiro da fila.



#ogritocalado #texticulo #conticulos

30.8.20

Um textículo: "temporal"

 

Os cabelos estão pintados de chumbo.

A voz (de quem, de deus?) ecoa inaudível.

O fogo-fátuo dos olhos destila seu veneno ruidoso sobre a cabeleira inquieta da árvore.

Chove forte.



#texticulo #temporal #nanoconto

29.8.20

Um textículo: "espelho de madeira"

 

Então essa tarde se debruça sobre minha mesa, e fica aqui, brilhando sob meu olhar fosco.

O que guardarei dela, senão essa memória de luzes, essa dança das cortinas?



#texticulo #espelhodemadeira #prosapoetica


Um texticulozinho: "sofisma"

 

Quem conta um conto aumenta um ponto.

Final.


28.8.20

Um texticulo: "adolescendo"

 

Fui orientado por essa cabeça a não ceder em momento algum. Acreditei nela. 

Com o tempo, percebi que essa mesma cabeça às vezes se permitia vacilar e duvidar. Estaria ela a me trair? Ou eu estaria pensando demais?

Com outros tempos chegando, percebi que a cabeça manda, o corpo obedece. Uma rebeldia sutil insinua-se.

Com esses novos-novíssimos tempos, a cabeça dita, o corpo se faz de surdo. Passei a acreditar nisso.



#adolescendo #conticulos #texticulos

Um textículo: "sampalândia"

 

Sampalândia é meu playground favorito, ainda que único, ainda que sujo, ainda que específico, ainda que com tantas outras coisas barreirísticas.

Sampalândia é um vale, um planalto, uma montanha. É um sonho, uma fantasia, uma utopia. Sampalândia é a Dublin de Joyce, o Sertão de Rosa, a Pasárgada de Bandeira.

Sampalândia é uma e são tantas. É terra de ninguém, e é continente. Como meu coração.



#cronicazica #textículo #sampalandia


27.8.20

Um textículo: "história de ós"

 

Meu coração pobre de lata, sem saber a quem amar, apaixonou-se por uma coraçoa.

Até hoje não trincou de saudade, não rasgou de ciúme, tampouco riscou-se na proteção bruta de seu objeto-sujeito de desejo.

Simples assim, vai oxidando-se no vento, no frio, na poeira, no sol e chuva, no tempo.


Um textículo: "pequenos prazeres"

 

Ouvindo uma voz jovial:

- Eu conheço.

- Eu também.

- Não seria o...?

- Não, besta, é o...

- Não, não não não! É aquele, sabe? Aquele que...

Ficaram todos-todas blablablazando que quase acabei esquecendo que só ia comentar o prazer de ouvir uma bela voz cantando uma música inspirada numa manhã de sorriso outonal. 

Só isso.


22.8.20

Um textículo: "às turras"

 

Saí do espelho. 

Ele, triste pelo fim da história, pranteou no chão, em sete estilhaços, sete partes de mim, umas esfregando a cara no chão, outras refletindo o olhar da lâmpada.

Juntar os cacos não dá mais. 

Agora são sete eus, personagens afins, com outros meios e outros fins. Outras iniciações.

Separar os cacos, só com outros ais.


#textículo #asturras #sampalandia #contocurto

21.8.20

Um textículo: "asas para cair"

 

Vim direto pra casa, depois do susto de acordar no meio do cemitério, sem comida, casa ou alguma lembrança.

Fazia frio, e alguns terrêneos enxotaram-me com pedras e paus, até que passei o portão, virei a esquina e descobri comprazido que tinha voltado à porta do lar.

Então me dei conta de que não tinha mais dona, essa tinha morrido.

Minha herança era a liberdade da rua, nua e crua como um osso exposto.

Esse o grande dilema de cães crescidos com ração.


#asasparacair #microcontos #contículos #textículos #sampalandia

20.8.20

Um textículo: "superenredo"

 

Chove veementemente.

Amanhã não pude ir embora, pois já estava tarde. Tinha que levantar cedo anteontem.

Mas hoje estou bem, sem febre ou dor, apenas essas marcas pelo corpo.

Lembro que ontem eu iria de qualquer jeito, certo está, pois depois de amanhã vence o prazo.

O sol saiu, apesar do calor invernal.

Outrossim, peço licença, perdão e deferimento.


#microcontos #textículos #superenredo #blogando



19.8.20

Um textículo: "noir"

 

Ela, toda acabrunhada, fechada na ostra de sua timidez, sorria meio amarelo-alaranjado, enquanto ouvia os gestos e bebia as palavras dele.

Ele, todo linguagem, corpo loquaz, boca irrefreável, os olhos espraiando-se hiperbolicamente, mãos, pernas, ombros, tudo em vermelha e inflamada dedicação de conquista da ilha paradisíaca.

Viveram todos os matizes para compor o acrilic on canvas daquele momento eterno, na pracinha ali perto: o carmim da sedução, o azul dos argumentos, o rosa da distração, o branco da indefinição, o marrom da veemência, o ciano da recusa, o cinza, o escarlate, o negro do "não, hoje não!".

E a praça reduziu-se numa tela de tragédia.




#contocurto #texticulo #noir# #microconto

18.8.20

Um textículo: "aniversários"


Desde que nascera, sua vida era uma festa. Acostumou-se desde cedo com tintins, champanhes, abraços e desperdícios.

Maior, quase grandinho, as coisas tomaram outro rumo, o dinheiro flutuava de seu bolso, amigos começaram a escassear, dores já cobrando umas duras taxas e ele então caminhou para o ocaso.

Por fim, bem quando iniciou o muro das lamentações "no meu tempo", "na minha idade", "isso aqui era bem diferente", um bom ancião, o Alzheimer, o sequestrou com um abraço rígido. E ele nunca mais reclamou.



#contoscronicos #sampalandia #microcontos #escobarfranelas 

17.8.20

Um textículo: "poiésis"

 

Eu estava em casa, tranquilo, aboletado num cantinho do sofá, curtindo a música macia da voz de meu caçula, a sapecagem do outro, um ventinho ameno de início de noite, o peixe no aquário, a presença sempre serena da musa, o ladrar sempre impaciente do cachorro, o alarido das crianças vizinhas, o meu time a perder, Ney a depositar filigranas de prazer ultrassensorial em meus ouvidos, o bolo de chocolate, o café inundando desde a cozinha, Kurosawa a infestar-me de cor e sensibilidade, quando...

...um poema surgiu em mim. 

E foi-se-me embora o sossego!



#vseu #texticulo #poiesis #miniconto #sampalandia

16.8.20

Um textículo: "resumo da ópera"

 

"- Então eles se casaram. Viveram sempre juntos."

Fechei o livro, era bem tarde. Só então percebi que ele dormira. Sua respiração era profunda, lenta e desigual.

Levantei-me, arrumei sua manta, ameacei sair. Foi quando ele abriu os olhos, sondou o ambiente, e sorriu-me, zonzo de sono, com o rosto afogueado:

- Mas tio, eles não foram felizes?

- Ah, essa é outra história...

- E você conta amanhã?




#textículo "resumodaopera #contocurto #sampalandia #conto

15.8.20

Um textículo: "eclipse amarelo"

 

A noite o flagrou com a mão no bolso, distraído em sua timidez. A sinfonia do encontro estendeu-se por belas e breves horas. Quem o viu acordar, afirmou que sorria - dentes arreganhados - amanhecendo-se sem vergonha.

14.8.20

Um textículo: "antiontem"

 

A dúvida que me aflige agora é, dois pontos, abre aspas, se me debruçar sobre os fatos ocorridos no ontem de ontem, fatos esses novos e contrários ao dia anterior, estarei confrontando o "ontem" de ontem, ou apenas usando a nomenclatura verbal para antagonizar um dia ao outro? O correto é antontem (na delícia de língua de minha avó baiana), anteontem (na formalidade paulistânica de meus pais), antes de ontem (quase um ultraje de tão formal), ant-ont (na conversa garota e marota de meus pares na idade adolescente) ou - como o título deste textículo sugere - antiontem?

Fecha aspas.

13.8.20

Um textículo: "inspiração vs. transpiração"

 

Inspiração ou transpiração? Esse o velho "quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha?" da gênese da arte.

Enquanto transpiro depois de ter me inspirado a escrever sobre o tema, minto, omito, transmito impressões, mas não chego ao MMC ou MDC a que me propus.

Quando me inspiro, fico com preguiça de suar.

Quando estou disposto a molhar a camisa, é a inspiração que deixa-me a ver navios.

Quando, nas pouquíssimas vezes em que estive sob o manto dessas duas sacralidades, cometi uns poucos êxtases acertados.


12.8.20

Textículos: dez cuidados

 

Combinaram de escrever com quatro mãos, um textículo que, reconheçamos, não valia meio cérebro.

Um autor reconhecido pelo seu talento, em crise, percebe que está lento.

Entre ele e eu, textos ex-vazios.

Mais? Só quando a transpiração sair a passear com a inspiração, de novo.

Entre ele e nós, dez cursos (só discursos).

Cloaca, termos novos para velhas melecas.

Sétimo texto, trecho de acomodação intelectual (mas que o autor chama de crise de abstinência).

Colhi um flor de sol para iluminar seu coração-jardim: aceite-a.

Entre ela e eu, um carinhoso nó une nós.

Silêncio não é zero.

11.8.20

Um textículo: "ortodoxo"

 

No alto do morro, medi um palmo abaixo e três dedos  à esquerda. Ali ergui minha igreja. Lugar de adoração.

Na verdade ela já existia desde o início de meus tempos.


10.8.20

Um textículo: "a caçadora"

 

Era uma vez uma linda garotinha de gorro vermelho que comeu a vovozinha que matara um lobo que tinha traçado um caçador.

Morreu de indigestão, não sabemos se pela refeição ou pelas sobremesas.


9.8.20

Um textículo: "um spa para a sala"

 

Havia muita coisa dentro da sala.

Muito pouca coisa se aproveitava naquela sala.

Pouca coisa foi doada tempos depois. 

Hoje um jogo de muita sombra e pouca luz relata que tem uma sala obesa, estriada, cansada e relaxada naquela casa.


8.8.20

Um textículo: "à sombra da samambaia"

 

Entrou.

Estava afoita, sequer virou-se para me cumprimentar. Jogou o corpo contra a cadeira, que até gemeu, mas resistiu. Fiz sombra, nuvens desfilavam ao sol. Levantou-se. Partiu de novo. Contra todos.

Saiu.

Fiquei para cuidar de sua memória.


7.8.20

Um textículo: "sobre o que nos diviniza"

 

Você gosta de carne crua? - balançou os quadris e abaixou-se. Sorria com desenvoltura.

Como? - meu rosto queimava.

Você prefere crua?... Ou cozida? - gargalhou, o rosto expandindo-se maroto e solto.

Tentei rir também. Nada. Ela impacientou-se com discrição, abriu a porta e entrou no carro. Bafejou nas mãos.

Está uma friaca danada lá fora, sabia? - engraçado como ela continuava sorrindo ao falar. - Então?...

Então... O quê? - gaguejei.

Então... - ela também ficou perdida mas recompôs-se rapidamente. - Então, o que vamos fazer, benzinho?

Pela primeira vez, não gostei de estar ali. Perdi a timidez.

Desculpa, é minha primeira vez assim... Aqui... Não sei bem o que fazer. - sorri, buscando aquiescência. Ela não retribuiu. - Entende?

É, acho que entendo. - ela pareceu-me desanimada. Olhou para longe, os olhos escuros palpitando o silêncio. Já não sorria mais, mas o desenho da boca era o mesmo, bonito.

Entrevei-me na timidez, tudo de novo! Cerrei as mãos, impaciente, odiando estar ali. Ela socorreu-me numa nova tentativa:

Já sei o que você vai fazer. Vai me deixar aqui, numa boa, pegar o carro, dar uma volta no quarteirão. Se sentir confiança, você volta, nem que for só pra gente tomar um drinque. Somos excelentes psicólogas, sabia? - sorriu, esfregando sua gentileza na minha cara.

Pensei “isso é uma tremenda de uma insensatez”, balançando a cabeça que sim.

Tá certo. - disse sem certeza e sem sutileza.

Ela desceu do carro. Como eu não saía do lugar, exasperou-se:

Vamos, meu bem, se você tiver afim, vai voltar. Mas, anda, vai!...

Saí, quase cantando pneus. E nunca mais voltei.

Melhor, quando voltei, dois minutos depois, ela não estava mais lá.

6.8.20

Um textículo: desentrevista


Pode explicar agora:
Bem, foi mais ou menos o seguinte. Eu estava descendo as escadas do metrô, com muita pressa, mas muita pressa mesmo. Trabalho do outro lado da cidade, estava atrasado. Então, quando saltei do trem e comecei a descida na escada rolante, a mulher me atrapalhou. Ela estava cheia de sacolas, uma bolsa enorme, e eu tropiquei nela. Nada demais, mas ela atrapalhou-se no passo e esbarrou num homem que ia na minha frente. Coitado! Ele acabou tropeçando no próprio pé e segurou no corrimão. Acontece que o rapazinho que vinha logo atrás, ao meu lado, não parou a tempo, e caiu por cima dele. Daí, né, foi aquele bafafá. Um homem que ia na frente virou-se e foi atropelado pelo cara que caía. A mulher que tava mais à frente só desviou, mas o outro senhor tentou acudir e foi junto. Ele tonteou e fez a besteira de segurar no paletó de um outro cidadão, derrubando dois de uma vez e ainda dando uma cotovelada num outro. Foi um deus-nos-acuda. Eu? Eu consegui me equilibrar com uma dificuldade que só vendo! Então desci, devagarinho, desviando. Ainda ajudei a mulher com as sacolas. Elas estavam pesadas. Graças a Deus não aconteceu nada demais.

5.8.20

Sobre a morte de Escobar Franelas


Escobar Franelas está morto. E fui eu que o matei. 
Caído no asfalto, um filete de sangue escorre a partir de suas costas, cria uma pequena poça em volta do pescoço e escorre enfim para a sarjeta. O guarda-chuva ainda está cravado na garganta, junto ao pomo-de-adão. Seus olhos nada veem, um deles também perfurado pela ponta do guarda-chuva e o outro enegrecido pelo sangue endurecido que crestou todo o seu rosto. Sua mão estendida para o alto indica uma tentativa de dialogar no momento culminante da morte. O que ele queria? Conversar? Convencer? Fugir? Proteger-se? Nada disso foi possível. A minha ira foi terrível e sequer me lembro do que pensei naqueles momentos em que culminei todos os meus atos, minha revolta, vingança, dor e ódio. Escobar Franelas, definitivamente, está morto. E eu não me arrependo. De nada.

Serve mais um cafezinho? Faz favor... Obrigado!

Me dá um cigarro? Tá um pouco frio aqui. Obrigado.

Foi assim...

Meu nome? Meu nome é Oponente. Claro! Sim senhor. Entendi, tá certo sim senhor. Meu nome é outro, Oponente é só nome artístico. Sim, sim, entendi. Meu nome é Jr.

Posso ir embora?

4.8.20

Clubes brasileiros de futebol (time 6)


Bar do Nilton – Futebol Clube

Escalação: 1) Dartanhã, 2) Visual, 3) Liminha, 4) Cósmão, 5) Punkinho, 6) Boi, 7) Cadelo, 8) Capeto, 9) Cabidela, 10) Da Hora, 11) Maluquinho.

Reservas: 12) Lôco, 13) Leco, 14) Branco, 15) Pirombeta, 16) Frei.

Técnico: Bangu

3.8.20

Clubes brasileiros de futebol (time 5)


Kabra Maxu Futebol Clube

Escalação: 1) Charles Bronson, 2) Mussum, 3) Maguila, 4) Raul Seixas, 5) BA, 6) Édy Murf, 7) John Lennon, 8) Magáiver, 9) Rita Lee, 10) Magnum, 11) Tim Maia

Reservas: 12) Sílvio Santos, 13) Hommer Simpson, 14) Menudo, 15) Bob Marley, 16) Gil Gomes

Técnico: Amado Batista

2.8.20

Clubes brasileiros de futebol (time 4)


Grêmio Esportivo Tremor de Terra – Futebol e Rap

Escalação: 1) Tranca-Rua, 2) Pagapau, 3) Tijuco Preto, 4) Seu Santo, 5) Japa do Pastel, 6) Cata-Piolho, 7) Pé Inchado, 8) 171, 9) Seu Jura, 10) Mané Português, 11) Pai-Véio.

Reservas: 12) Arroz-de-Festa, 13) Zé Pilintra, 14) Natimorto, 15) Zé Peixeiro, 16) Ju da Farmácia.

Técnico: Micose

1.8.20

Clubes brasileiros de futebol (time 3)


Equipinga – Futebol Alegria e Samba – Vila Dindinha

Escalação: 1) Aranha, 2) Xavasca, 3) Besta, 4) Biscate, 5) Biscoito, 6) Pé-Rapado, 7) Destino, 8) Pipiu, 9) Pirulito, 10) Picolé, 11) Presunto.

Reservas: 12) Pomada, 13) Buça, 14) Mortadela, 15) Perfume, 16) Quá-quá.

Técnico: Desidéia

31.7.20

Clubes brasileiros de futebol (time 2)


Ébanus Futebol e Samba – Vila Maria Joana

Escalação: 1) Possuído, 2) Bacurau, 3) Dunha, 4) Belo, 5) Peagá, 6) Pornéia, 7) Reco, 8) Juqueri, 9) das Mortes, 10) Galéu, 11) Miéu.

Reservas: 12) Cançado, 13) Zarolho, 14) Criado-Mudo, 15) Tarja-Preta, 16) Trivela.

Técnico: Toinzinho

30.7.20

Clubes brasileiros de futebol (time 1)

Associação Esportiva 1º de Maio de Vila Modesta

Escalação: 1) Tição, 2) Digão, 3) Pirão, 4) Furgão, 5) Pagão, 6) Babão, 7) Bolão 8) Zelão, 9) Dão, 10) Zóião, 11) Mição.

Reservas: 12) Cézão, 13) Turcão, 14) Lalão, 15) Mijão, 16) Mortão.

Técnico: Mechinha

29.7.20

Um textículo: "o pai da criança"

O homem vociferava a todos com voz rígida, mas pausada e clara:
- Eu inventei Nietzsche, eu fiz o Super-Homem, eu criei Jesus Cristo.
E olhava a platéia com as vistas atentas. Encarou-me. O sol regurgitava seu calor no público inquieto e risonho. Dirigiu-se para mim. Senti o rosto formigar:
- E você aí, o que é que inventou?
Menti:
- Inventei o Escobar Franelas.
Olhou-me primeiro estupefato, a seguir conciliador. Dirigiu-se à praça:
- Esse aqui, ó - e apontou-me com o dedo - é o inventor da mentira. Deus, na Sua infinita misericórdia, criou a mim; Miguel de Cervantes deu asas à fantasia; Karl Marx pensou a luta de classes. E esse anônimo ali, ó - e olhou-me novamente, com cara de piedade - esse zé-ninguém, aquele ali, ó; é o pai da pior mentira.
Deu três passos em minha direção. A platéia entre jocosa e curiosa o acompanhava. O sol seco refletia em seu rosto suado e sereno. Firmou o olhar contra o meu e asseverou:
- Meu querido amigo, quem criou o Escobar Franelas fui eu.

26.7.20

Um textículo: "a mesma outra beleza"


no fundo da noite escura
toda gato é pardo
no fundo da noite escura
todo gato pardo é cinza
no fundo da noite escura
todo gato preto é raio de luz

no mais fundo da noite escura
quando a madrugada é breu
toda pele preta é farol
reluz por um triz
como um facho, vira tocha
uma rocha feita só de sol

25.7.20

Um textículo: "diálogos inesquecíveis e outras coisas tão desimportantes quanto"


pra que serve a perna?
pra levitar
e a pena?
pra reescrever o perdão
aqui não cabia uma rima?
"para rir e coçar", ou não
não podia ser uma mais rica?
tá bom, serve "para escrever o voar"?
não seria "para escrever e voar"?
importa tornar mais simples o que já era simples
e se alguém não entender?
simplificamos mais
mas e a boniteza das coisas?
é o sobrenome da simplicidade
e como se faz poesia com isso?
faça, e a poesia estará sendo criada

haiquase - 121


deus me live
deus me light
deus, não me dê dez likes apenas

23.7.20

Um texticulo: "como identificar um fascista"


como identificar um fascista?
notar o comportamento no trânsito
na fila de supermercado
e como trata a caixa do supermercado
garis, coletores de lixo, manobristas
serviços de portaria
vulneráveis em geral
e segurança

como matar um fascista?
vigiar seu comportamento no trânsito
na fila de supermercado
e como trata a caixa do supermercado
garis, coletores de lixo, manobristas
serviços de portaria
vulneráveis em geral
é segurança

21.7.20

Um textículo: "percepção"


dos diversos corpos da vaidade
um, o espelho, admiro mais
ele se revela enquanto me visto
dessa luz dura como uma manhã
que me inunda
e cobre meus gestos - máscara torta da rotina

dos diversos corpos da vaidade
um, a maldade, disfarça mais
(e melhor)
todos os fragmentos desses estilhaços não
despedaçados do espelho
como nos vemos

dos diversos corpos da maldade
um, a vaidade - de todas as peças, a mais eterna -
figura grotesca refletida
distribuída em visão olfato paladar
tato audição e essa incrível
capacidade de mentir

de sete a oito pecados
é a única que tem prazo de validade
morre quando se morre

20.7.20

Um textículo: "terrenos"


dizem que antigamente toda c
asa tinha um quintal grande
dizem que além da porta, tod
o quintal é um mundo
diz
em

18.7.20

Um textículo: "as profundas superfícies"


pode ter
a cor do fundo de um lago
do mel
da avelã
ou do mar quando encontra o céu
do céu quando encontra o mar
a beleza da noite sem estrelas

quando escorre um rio
perde a cor

14.7.20

Um textículo: "contos nada infantis"


ela uma vez
uma linda princesa
o tempo passou e...
erra uma vez
uma linda rainha
até que no século 21...
o robô mau comeu a vozinha
na nave skywalker
a branca de neve nas minas de carvão
(uma forma de acender ela)
a rapunzel, trepados perto do céu

enquanto isso, o caçador
arma na mão
sai à casa de sua pressa

13.7.20

Um textículo: "2064"


A senhora já escolheu o nome da criança?
Já sim, é Pandemia dos Santos.
Como?
É assim sim senhora. E é dos Santos porque eu e o pai dessa benção somos dos Santos.
Tudo bem, mas... bem, a senhora sabe de onde vem esta palavra?
Qual?
Pandemia.
Ah, sim, minha mãe me contava de umas coisas que aconteceram.
E a senhora sabe que o que foi?
Olha, na verdade não! Mas tudo bem, é um nominho bonito.
É o nome de uma epidemia.
Nossa! Taí! Gostei desse também, vai ser o nome da minha próxima filha.
Então é assim mesmo que a senhora vai registrar o nome da criança?
Ôxi, e tem outro melhor?
Bem, a senhora decide.
É que gostei mesmo desse nome, bem formosinho, a cara dessa minha florzinha.
Ok, como eu disse, a senhora escolhe. E onde é que vocês moram?
Aqui pertinho mesmo, ali, na Favela Jardim do Éden.


11.7.20

3.7.20

Um textículo: "gravidade"


impossível deter o precipício
quando não há asas
impossível pisar em nuvens
andar sobre as águas
impossível
viver em casa que não é ninho


1.7.20

Um textículo: "mudez"


frente a frente comigo
o teclado digita este poema em processo
a placa-mãe me afaga
diz que me entende enquanto
me processa
a câmera encara meu rosto
enquanto me lê, escancara até o umbigo

o poema não  finalizado
é como um inimigo


28.6.20

Um textículo: "à janela"


o sol é sujo
a luz é suja
o som é sujo
o pensamento é sujo

a vida, sujeita às sujeiras

das fendas da fome
da frente do fundo
da lente aumentada
da foto

ao norte a morte

limpa


27.6.20

Um textículo: "feitiço"


falando em precipício
seu olhar me aprisiona
sua voz me represa
sua flor me apressa
sua boca me precipita

falando em precipício
seu umbigo é um buraco negro
que me atrai

falando em precipício, paixão

24.6.20

Um textículo: "da série ´tudo que não existe pode ser inventado´"


segundo a revista eletrônica mungido.com
estas são as duplas de sertanejo pós-doutorado
que estão bombando neste verão de 2024:
covid & covard
zeca & lulu
pandemia & pandemônio
dezessete & dezenove
brown & marrom

o site, que também hospeda a revista god spell 
- especializada em tendências neoligare -
divulgou a lista de top mais do gênero:
ana dos santos
arlindo cruz
carlinhos de jesus
grupo oliveiras
snoopy god (rap)
heaven or hell (metal)
blessound (música eletrônica)

segundo influencers ouvidos pelo portal
é possível observar que há uma onda retrô
tanto na música quanto na moda
e até na literatura
onde artistas tentam recuperar o clima
da década de 10, que, nostalgicamente,
chamam de old nineteen

23.6.20

Um textículo: "hipótese"


a ciência não explica
a religião não explica
o bêbado não explica
a poesia explica

alma é anticorpo
veneno sem antídoto
ovni do antivírus

22.6.20

Um textículo: "do tamanho do olhar"


o melhor retrato
é feito pelo espelho
retoques de photoshop
não disfarçam as rugas da alma
nem reparam as cores originais

21.6.20

Um textículo: "chomskyano"


não desconfiaram que não sabem
não descobrirão que não sabem
não sabem que não sabem

da série haicaos

20.6.20

Um textículo: "à noite"


loba uivando pra rua
gata miando no teclado
aranha subindo pelas palavras


da série haicaos

Um textículo: "lead zeppelin"


dia
adia tudo em nós
até desatar
leve, leve leve leve
bem leve
o que pesava há dias

depois conduza
esta pluma
dia após dia
ao porto inseguro
de todas as escunas

18.6.20