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6.7.24

Diário de bordo 10

 Hj faz 42 que vivi o que talvez tenha sido o filme mais terrível da minha adolescência, o Polo Rossi 3, Brasil 2. Eu tinha 13 anos (e, convenhamos, ter 13 anos há 40 anos atrás era bem diferente de ter 13 anos hoje - o primeiro aparelho de TV em casa tinha sido comprado há pouco mais de 2 ou 3 anos). 

Depois do suspense que virou um épico contra URSS (sobre a qual já escrevi uma cronicazica), e das vitórias acachapantes contra Escócia, Nova Zelândia e Argentina, a única coisa que meu coração juvenil poderia acreditar é que o filme seria transcrito de comédia para terror. Como a vida irrita a arte (e a supera, na maioria das vezes), foi isso que aconteceu naquele 5 de julho. Já enterrei este cadáver, mas vezoutra, ele volta e vem me assombrar. Como pode aquele hexágono mágico (Júnior, Cerezo, Sócrates, Falcão, Zico e Éder) ser ofuscado pela fugacidade dos deuses travessos que nos atravessam no meio da história e mudam os enredos? A quem foi dado o direito de cortar as asas da imaginação de uma criança preparada para o final feliz que veio depois, e de forma muito indigesta, na dureza de um título nos pênaltis  ou na magia das pernas sucessoras de 2002? Rivaldo e os dois Ronaldos seriam a nossa vingança contra os infortúnios?

Nunca saberemos...


(texto rascunhado no dia 5, mas postado apenas no dia 6)

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