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18.7.24

Diário de bordo 20

 Iniciei a leitura de uma biografia não autorizada, "Led Zeppelin  - Quando os gigantes caminhavam sobre a terra", uma edição da Larousse escrita por Mick Wall. Com duas ressalvas: a primeira é que essas edições "não autorizadas" na maioria das vezes se tornam no meio do caminho numa sessão de fofocas gourmet. Ou o endeusamento deslumbrado. A conferir... 

A segunda questão é que 80% das biografias que leio normalmente resultam num gostar menos futuro. Do que a memória me ajuda agora, lembro que em poucos livros passei a gostar mais da pessoa biografada depois da leitura. Furacão Elis, Satchmo (uma biografia parruda do Louis Armstrong) e a biografia do Freud escrita pelo Peter Gay, são algumas que me lembro agora. Mas no mundo hedonista do rock, é quase certeiro. Mas sexta passada fui no lançamento do livro de contos de um amigo, o Daniel Lopes Guaccaluz (excelente prosador, por sinal), e livraria é como um shopping pra pra mim, uma disneylândia. Por sorte não estava de carro e isso me impediu que fazre uma compra mais caprichada. Mesmo assim, além do livro do Daniel, também trouxe pra casa essa biografia do Led, À Leste do Éden (Steinbeck) e mais um ou dois que não lembro agora.

Seja como for, o Zeppelin é uma das bandas formadoras do meu mundo musical. A primeira banda que me seduziu na adolescência na adolescência foram The Smiths, seguida por outras bandas da mesma geração, como U2 e Jesus And the Mary Chain, além das brasileiras, é claro. Mas logo meu gosto foi estendido e alcançou a década de 70, 60 e até os 50, com Chuck Berry. Dessa safra que fui descobrindo ali, por volta dos 16, 17 anos (lembrando em nos anos 80, ter 16 anos era bem diferente dos anos 2020, até mesmo pela dificuldade de acesso às informações de moleque periférico e pobre, cujo conhecimento do mundo se fazia através da TV, jornais e revistas impressos e muitos, muitos discos e fitas K7), fui tomado de um certo torpor quando ouvi pela primeira vez, Led, Jimi, Janis, Stones, Pink, The Who etc. E dessas influências todas, Led, Jimi e Janis foram, com certeza, aquelas que mais me envolveram no mundo sonoro e deixaram uma certa musculatura aqui. Em algum tempo, gostei mais, outras menos, mas no geral, permaneceram. talvez venha daí a vontade de enfrentar uma biografia dos caras.


17.7.24

Diário de bordo 19

 Tentando entender porque iniciei esse diário. Que hedonismo mal disfarçado é esse? que punhetagem sem noção! Quase apagando tudo...

16.7.24

Diário de bordo 18

 Frio. 

Está um inverno esquisito, infernal (só pra fazer uma riminha safada). 16 dias de tosse hoje, uma coisa que nunca vivi. Pior, todo mundo em casa do mesmo jeito, Raquel, João, namorada...

Das coisas boas a serem relatadas, acho que consegui subir um pouco o nível da leitura de uns 15 dias pra cá. Sou daquelas peças da natureza humana para quem a leitura é uma necessidade vital. Se não estou lendo, estou em falta comigo e o mundo. No momento, estou finalizando a leitura de Sopro dos Deuses, do garoto ainda Fábio Kabral, ambientado num multi(ou meta?) verso da mitologia africana, devidamente abraçada à voragem sincrética de uma brasilidade peculiar. Texto robusto, que me parece uma profunda pesquisa sobre os simbolismos constitutivos dessa universalidade afro que somos todos nós aqui no Brasil.  Também estou relendo Salve o Gato, do Blake Snyder, que está sendo muito útil para a escrita do roteiro de O Premiado. Minha imersão pelo mundo das narrativas audiovisuais parece que agora vai ser orgânica. Tomei gosto pela coisa e volta e meia me questiono porque demorei tanto para entrar nesse mar. Mas, enfim, cá estou e vamos em frente.

Das notícias moreless, são tantas que nem sei se devo começar e deixar o texto muito longo. E também porque interessa a bem poucas pessoas, só as afetadas mesmo. Então, façamos desses diários a verbalização das redes virtuais: só postar notícias boa, imagem bonitinha e faze de conta que tá tudo bem. Até porque está, pelo menos por enquanto. 


E se alguém tiver paciência e curiosidade, eis aqui o clipe da música Pisagens, originada do poema deste que aqui escreve, musicada por Eder Lima e cuja voz é da sua musa, Lígia Regina. O clipe foi um presente do coletivo Lentes Periféricas, do qual participo desde 2014: https://www.youtube.com/watch?v=Erdag8hCSJo&list=PLTlDRZTdMRYbYd7RUWcwVMxsMyKU6_pyo&index=13

15.7.24

Diário de bordo 17

 Ontem foi o 123o. Sarau da Casa Amarela. Momento apoteótico da poesia, celebração das diversas expressões da arte. Principalmente porque o Akira estava bem. E quando o Akira está bem, tudo fica melhor. Também uma oportunidade única de ter a Luciana Lima Silva, escritora do naipe "das baitas" e amiga a quem tenho devoção sincera e desinteressada, visitando-nos, aproveitando a oportunidade para lançar seu último livro "onde habita um pouco de possível", de contos.

Mas na verdade não era bem isso que queria comentar, aliás, não lembro mais o que iria comentar. Foi uma coisa fugaz que me passou pela cabeça e queria registrar na forma de diário. Acho que era uma frase, um insight para um poema ou um conto, mas que quis aproveitar aqui, já que estava com esta página aberta. Mas o fato é que nessa de contextualizar a escrita, de iniciar de forma lógica o que estava em ebulição, acabei me esquecendo e agora tudo se perdeu. Ou talvez porque não tivesse importância e foi só um sopro, uma miniepifania.Se lembrar,, volto aqui para complementar este texto que ficou desconexo, mas insisto em mante, talvez para que eu mesmo me estude num futuro e ver o quanto desperdiço tempo tentando expressar algo que não domino. Nossa, como tá chato isso!

Fui!


e ainda me esforçando para tentar salvar um pouco dessa terra arrasada de hoje, deixo um dos poucos registros de uma das estrelas mais fulgurantes que conheci, Raberuan: https://www.youtube.com/watch?v=hKatNyZlwiM&list=PLTlDRZTdMRYbGXGecGs1VrZQFN8blljel&index=2


13.7.24

Diário de bordo 16

 Agora que estou em um grupo de escrita de roteiros, fico me perguntando porque depois de 35 anos dedicados ao audiovisual, somente agora - e muito por insistência do Lico - estou me dedicando à escrita de roteiros. Para minha biografia, seria óbvio que me tornar roteirista era um caminho natural, uma vez que desde criança escrevo os mais diversos gêneros literários. No entanto, por algum gracejo de algum deus travesso, sempre me mantive afastado dessa artesania cinematográfica, fincando meus pés ora na edição, ora na fotografia. Em raríssimas situações, no áudio..Nos últimos anos até vinha me deleitando também na produção e direção, mas mesmo assim considero que é talvez seja inexplicável esse despertar tardio para o roteiro.

Mas acho que queria dizer mesmo era o prazer de estar reescrevendo Premiado, agora pra cinema, e com uma galerinha bacanuda demais. Hoje passamos a manhã toda dedicada a ele e finalizamos a escaleta. Agora montar os beats da camadas interiores e meter a mão na massa na construção de cada cena do filme.

Ontem estive no lançamento do novo livro do Daniel Lopes Guaccaluz, um escritor que admiro muito. Estava frio pacas mas mesmo assim foi legal estar ali, prestigiando ele e me embriagando no meio dos livros de uma livraria, o que é um prazer sempre indimensionável.  Voim de lá como livros de contos curtos dele, e mais um uma biografia do Led Zeppelin e o A Leste do Éden, do Steinbeck. Livraço. 

Tosse persiste.

12.7.24

Diário de bordo 15

 Quase duas semanas de tosse diria que ininterrupta. Já tentei de tudo: chás, sopas, cachaça, pisco, Domecq, cerveja trincando de gelada, café pelando, mel com limão. E nada. Começo a ficar preocupado. 

Hoje vou ao lançamento do novo livro (de contos) do Daniel Lopes Guaccaluz, um cara que admiro muito. E do qual já li praticamente toda a obra: não tem enredo ruim. tudo o que ele toca vira ouro. 

Hoje, ao acaso, descobri uma agência, a Increasy, e fiquei pensando (pela primeira vez), que talvez fosse legal ter um agente. Será?

Ouvindo agora o Novos Baianos e o maravilhótimo Acabou Chorare. Que disco, meu Zeus! 


PS: voltei aqui só pra lembrar vcs (e a mim), que a tal da Increasy faz trabalho de coach. Fiquei com urticárias. 

PS-1: Friozinho de 12 graus agora na Sampalândia. 

9.7.24

Diário de bordo 13

Hj feriado com muito frio e chuva em SP. 

Entrevistei à tarde o Rafael Carnevalli para a quarta edição da  revista RAMO, que sairá provavelmente neste ano ainda, talvez em novembro. Moleque inteligente, sensível e perspicaz, gosto dele. O papo foi produtivo. Poderia ter sido mais, mas a culpa não é dele, é exclusivamente minha, que insisto em parecer jornalista e sou no máximo um curioso. Um curioso amador. 

O que está repercutindo bem em mim é essa sensação de que escrever roteiros para audiovisual é realmente uma oportunidade interessante, seja pelos desafios de escrever nessas condições inéditas pra mim, seja pelo fato de parecer um nicho interessante para se inserir e permanecer no mercado. Como já estou tiozinho demais para acompanhar o desenvolvimento tecnológico avassalador que acompanha os novos equipamentos de cinema, então talvez viver mais sossegadamente e fazendo uma coisa que pareço fazer relativamente bem (que é escrever), talvez seja mais honesto comigo e todas as pessoas com as quais convivo. 

PS: Escrevendo aqui e ouvindo esses caras geniais: ://www.youtube.com/watch?v=F7l42Avsy9w 

PS: Hj recebi o prefácio par ao meu novo livro, Contos Crônicos, enviado pelo parça (e revisor) Edhson FM. Gratidão é uma palavra pequena para tanto sentimento bonito...

 


8.7.24

Diário de bordo 12

 Os dois livros em forma de diário que me inspirara a iniciar esse que estou digitando agora, são O Diário de Anne Frank, e Quarto de Despejo - Diário de Uma favelada, de Carolina Maria de Jesus. Deve ter outros, mas são estes que me vêm à memória neste momento. Por que estou escrevendo isso? Não sei...

Está muito frio agora (pouco mais de 22h), e amanhã será muito difícil levantar-se da cama para ir trabalhar cedo. Ter essa autonomia que tanto alardeio também traz umas implicâncias. E se amanhã é feriado, seria muito legal aproveitar para descansar até meio dia na cama. Mas quem optou por levantar um pouco tarde todos os dias, não pode reclamar dos dia que só poderá dormir o "mais tarde" diário. Mesmo assim, considero que tô no lucro.  

Agora que já teorizei sobre tudo e nada, acho que tá na hora de levantar ´âncora aqui e fazer um voo rasante para debaixo dos edredons.

7.7.24

Diário de bordo 11

 Hoje, no último dia da Feira do Livro no Pacaembu, tive a oportunidade de mediar uma conversa bacanuda entre o João Caetano do Nascimento (escritor, jornalista e editor) e o Claudemir Darkney Santos, multiartista  e um dos gestores do espaço cultural independente Aldeia Satélite, em São Miguel. 

Foi um papo produtivo e inspirador sobre a nomenclatura "marginal", que nos atinge e nos é dirigida ad infinitum, enquanto produtores culturais periféricos. A lamentar a falta de público (nossa conversa iniciou-se às 17h, quando a feira já caminhava pro fim e as pessoas apressadas queriam tomar o rumo de casa). 

Trouxe algumas preciosidades pra casa (alguma comprei, outras ganhei): "Visível ao Destino", a "obra completa" da Eunice Arruda, pela editora Patuá; "opções para morrer no espaço", da Dalila Teles Veras, que admiro  muito; Cadernos Negros nº 45; e "Tamoios - Genocídio em Nome de Deus", de Zeca Sampaio; além do catálogo completo da Câmara Periférica do Livro. 

No mais, contente por saber que a reunião de forças centristas e centro-esquerdistas permitiu que a força da extrema direita fosse atenuada nas eleições deste domingo. Com a vitória dos trabalhistas ingleses e a contenção da tentativa de golpe na Bolívia, olho pra frente e sinto uma mistura de alívio e de forças renovadas para continuar na rinha. 

Há algum tempo escrevi um poema intitulado "Jimi Endrick", em que emulava dois nomes que me deixam em estado catatônico. E para o Miles Estêvão (ou Estêvão Armstrong, ou Chet Estêvão, ou Fela Estêvão Kuti), o que escrevo?

6.7.24

Diário de bordo 10

 Hj faz 42 que vivi o que talvez tenha sido o filme mais terrível da minha adolescência, o Polo Rossi 3, Brasil 2. Eu tinha 13 anos (e, convenhamos, ter 13 anos há 40 anos atrás era bem diferente de ter 13 anos hoje - o primeiro aparelho de TV em casa tinha sido comprado há pouco mais de 2 ou 3 anos). 

Depois do suspense que virou um épico contra URSS (sobre a qual já escrevi uma cronicazica), e das vitórias acachapantes contra Escócia, Nova Zelândia e Argentina, a única coisa que meu coração juvenil poderia acreditar é que o filme seria transcrito de comédia para terror. Como a vida irrita a arte (e a supera, na maioria das vezes), foi isso que aconteceu naquele 5 de julho. Já enterrei este cadáver, mas vezoutra, ele volta e vem me assombrar. Como pode aquele hexágono mágico (Júnior, Cerezo, Sócrates, Falcão, Zico e Éder) ser ofuscado pela fugacidade dos deuses travessos que nos atravessam no meio da história e mudam os enredos? A quem foi dado o direito de cortar as asas da imaginação de uma criança preparada para o final feliz que veio depois, e de forma muito indigesta, na dureza de um título nos pênaltis  ou na magia das pernas sucessoras de 2002? Rivaldo e os dois Ronaldos seriam a nossa vingança contra os infortúnios?

Nunca saberemos...


(texto rascunhado no dia 5, mas postado apenas no dia 6)

3.7.24

Diário de bordo 9

 Com febre e tosse desde as últimas horas de junho. Quase vencendo a minha aversão natural e indo ao senhô dotô. Ou espero mais um pouco? 

Hoje quase finalizei a leitura de Salve o Gato, do Blake Snyder (é assim mesmo que se escreve o nome do homem?), que está ajudando muito na confecção do roteiro de O Premiado, que estamos escrevendo em parceria. 

E olhando sobre a minha mesa o livro Livro Sobre Livros, do Enéas Athanazio, parceiro de Balneário Camboriú, SC, que me remeteu em junho do ano passado e nesses 13 meses não respondi a ele, agradecendo o envio da belezura.

E tentando me preparar para estrear amanhã na Feira do Livro, da 451, lá no Pacaembu desfigurado. Sinto que vou me decepcionar quando lá chegar à tarde. Toda vez que passo ali, me decepciono, impressionado que os versos de Caê, "a força da grana que ergue e destrói coisas belas" (Sampa), hoje mais destrói, ou só destrói, pois o que essa malfadada grana ergue são odes ao nada, a um futurismo pretérito, a status quo passageiro, obras com tempo de validade curto, feias desde a ideia. Ontem estava teclando com um amigo no zapzap e acabei descrevendo a primeira vez que estive no Paca, acho que em 1981. para ver um jogo da Copinha. Na oportunidade vi o Bellini e pude sentar ao lado dele. Alguém hoje consegue se imaginar sentando displicentemente numa área popular de um estádio ao lado de Dunga ou Cafu? 

Pois é... vamos lá, e sem saudosismo. Pois o futebol brasuca há muito deixou de dar saudade. Por que os estádios fariam o contrário?