31.10.17
30.10.17
Um textículo: "carta para a pessoa amada"
Amor, tudo bem? Embora saiba que não, que tudo está nublado, meu coração, depositado em esperanças, insiste que sim, que tudo esteja bem com você. O céu daí deve estar como aqui, opaco, seco, cinza. Mas a gente vê cor até quando ela inexiste.
Sinto muito por ter permitido que as coisas chegassem nesse ponto. Não queria, não queríamos… mas cochilamos demais, desdenhamos muito de coisas sérias, de gente que parecia apenas idiota útil e que depois se mostrou mais útil que idiota, pelo menos para fazer o serviço sujo deles, os opositores. Mas a gente insistia em acreditar que a história é plana e retilínea. E ela provou que não é uma coisa nem outra. A história, meu Amor, se alimenta de restos. Como os urubus. E sua fome é de ciclos, retornos, períodos fraturados, cismas, de tempos contidos. A história – agora sabemos – não perdoa inocentes, ela os violenta e os traga, como um canibal insaciável. E nós já estamos entredentes.
Perdoe! Não queria que minhas palavras soassem ácidas. Não gostaria mesmo de estar contaminado pela fuligem dos dias ruins, mas tenho que dizer que a vida agora parece não permitir mais as metáforas. Estamos de volta às cruezas, sem direito às figuras da linguagem. É tudo direto, olho no olho, dente no dente, como naquele testamento antigo, antes dos tempos revolucionários do amor. Aliás, meu Amor, observe que seu nome foi tão falado que banalizou. De tão comentado, de tão citado nas páginas, bocas e canções, seu nome agora é uma abstração que ninguém entende ou pratica.
Amor, resista! E se for para morrer, para morremos, que seja mirando dentro dos olhos do inimigo, para que quando partamos, fiquemos grudados em suas retinas e eles não possam dormir um dia sequer sem que se lembrem da gente.
Me despeço agora pois a luta exige que se volte pras ruas.
Fique com meu beijo quente. Te Amor desde sempre, e ternamente. Seu,
Sinto muito por ter permitido que as coisas chegassem nesse ponto. Não queria, não queríamos… mas cochilamos demais, desdenhamos muito de coisas sérias, de gente que parecia apenas idiota útil e que depois se mostrou mais útil que idiota, pelo menos para fazer o serviço sujo deles, os opositores. Mas a gente insistia em acreditar que a história é plana e retilínea. E ela provou que não é uma coisa nem outra. A história, meu Amor, se alimenta de restos. Como os urubus. E sua fome é de ciclos, retornos, períodos fraturados, cismas, de tempos contidos. A história – agora sabemos – não perdoa inocentes, ela os violenta e os traga, como um canibal insaciável. E nós já estamos entredentes.
Perdoe! Não queria que minhas palavras soassem ácidas. Não gostaria mesmo de estar contaminado pela fuligem dos dias ruins, mas tenho que dizer que a vida agora parece não permitir mais as metáforas. Estamos de volta às cruezas, sem direito às figuras da linguagem. É tudo direto, olho no olho, dente no dente, como naquele testamento antigo, antes dos tempos revolucionários do amor. Aliás, meu Amor, observe que seu nome foi tão falado que banalizou. De tão comentado, de tão citado nas páginas, bocas e canções, seu nome agora é uma abstração que ninguém entende ou pratica.
Amor, resista! E se for para morrer, para morremos, que seja mirando dentro dos olhos do inimigo, para que quando partamos, fiquemos grudados em suas retinas e eles não possam dormir um dia sequer sem que se lembrem da gente.
Me despeço agora pois a luta exige que se volte pras ruas.
Fique com meu beijo quente. Te Amor desde sempre, e ternamente. Seu,
29.10.17
28.10.17
Um textículo: "outras galáxias"
Ainda lembro bem, o seu Orlando tinha um carrão. E a gente se torcia de inveja do Jr naquele bancão de couro. Toda a molecada da rua parava as brincadeiras quando pai e filho desfilavam, devagar, o ronco quase surdo. Nosso olhar comprido seguia eles, um rastro de pasmo e poeira na rua. A cabeça, no mundo da lua enquanto o Galaxy ia.
26.10.17
25.10.17
Um textículo: "arco-íris"
dias de sol com chuva
doentes estendem um véu
escondem a vergonha no céu
da série haicaos
24.10.17
Um textículo: "arco-íris II"
borboletas serelepes
batem palmas com as asas
torcem nuvens ao sol
da série haicaos
23.10.17
Mesa de debate: A Cultura na Construção da Igualdade (Convite)
Os dias atuais estão sendo preenchidos por discursos que remetem a ideias sucateadas do século 19, ou antes. A gritaria saiu do mundo virtual e aos poucos vai tomando as ruas. Contudo, podemos construir um caminho de resistência e afirmação dos afetos, através do diálogo.
Ousamos contribuir com o debate através de mediação em uma mesa organizada pela Secretaria de Cultura de Suzano (SP), cujo tema é A Cultura na Construção da Igualdade. O projeto faz parte do ciclo Cultura em Debate e contará com a presença da educadora Inês da Silveira e dos educadores Vandei Oliveira Zé (também poeta), Edmilson Souza (ex-secretário da cultura em Guarulhos).
Venha compartilhar seus saberes com a gente. Pode trazer seu ceticismo para confrontar com outros realismos, para juntos reencontrarmos o caminho do otimismo.
Quarta-feira, dia 25, a partir das 19h, no Centro Francisco Moriconi. R. Benjamim Constant, 682 - centro de Suzano.
21.10.17
19.10.17
Um textículo: "azo"
sou daquelas pessoas que
nunca saem com cães
pra passear.
quando viajo
levo ilhas comigo.
à tardinha, tento reservar
um tempo para contemplar
o paraíso: a imaginação.
17.10.17
Um textículo: "prioridade"
Aos 82, ele estava bem. Só os olhos não ajudavam muito. Passou direto no guichê "Prioridade" e foi para a fila enorme.
Questionado, deu com os ombros e saiu-se com essa: eu lá sou homem de querer ser atendido na pior idade?
14.10.17
10.10.17
III FLAMA - Festival Literário da Amazônia
Akira e Sueli Kimura (educadora e musa do poeta), convidaram a poeta Rosinha Morais (Guarulhos) e eu, para que participássemos também. E, convidados a discorrer sobre A Casa Amarela - Espaço Cultural, elaboramos uma apresentação interativa, batizada "A experiência cultural de São Miguel Paulista (1978-2017) - MPA e Casa Amarela".
Foi assim que chegamos a Porto Velho na madrugada do dia 2 de outubro.
A atividade ocorreu na tarde do dia 3 no Espaço Cujuba, criado e mantido pelo poeta e músico Don Lauro. Na oportunidade, fizemos uma vivência física orientada por Sueli Kimura. Logo depois, fizemos uma leitura de poemas produzidos nas décadas de 1970/80, por poetas de São Miguel. Após isso, explanamos sobre o Movimento Popular de Arte (MPA), a atualidade cultural local através dos saraus e slams (batalhas de poesia falada) e as motivações que norteiam a criação e atividades desenvolvidas pel´A Casa Amarela - Espaço Cultural. Também foram lidas poesias das safras mais recentes, contextualizando o período atual. Poetas locais - inclusive Don Lauro - também interagiram e apresentaram poemas e músicas, complementando o clima de sarau.
Na noite do mesmo dia 3, Akira lançou seu segundo e mais recente livro, Oliveiras Blues, no Teatro Banzeiros. Ele próprio, Rosinha Morais e eu fizemos leituras de alguns poemas que compõem a obra que, como sugere o título, presta homenagem ao Jardim das Oliveiras, vila onde o poeta reside desde a década de 1960, que fica no bairro Itaim Paulista, ao lado de São Miguel, na periferia de Sampa.
Visitas e passeios, troca de ideias e experiências, e uma profunda interação com artistas das mais diferenes expressões de Porto Velho, permitiram que a experiência de ter participado da 3ª edição do FLAMA indique alguns caminhos possíveis para a poesia e a literatura geral. Todos lucram com isso: Porto Velho, São Miguel Paulista, o Brasil e o mundo. E a vida, novos contornos e cores.
Texto: Escobar Franelas
Fotos: EF, Rosinha Morais, Akira Yamasaki e Sueli Kimura
Fotos: EF, Rosinha Morais, Akira Yamasaki e Sueli Kimura
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