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31.7.20

Clubes brasileiros de futebol (time 2)


Ébanus Futebol e Samba – Vila Maria Joana

Escalação: 1) Possuído, 2) Bacurau, 3) Dunha, 4) Belo, 5) Peagá, 6) Pornéia, 7) Reco, 8) Juqueri, 9) das Mortes, 10) Galéu, 11) Miéu.

Reservas: 12) Cançado, 13) Zarolho, 14) Criado-Mudo, 15) Tarja-Preta, 16) Trivela.

Técnico: Toinzinho

30.7.20

Clubes brasileiros de futebol (time 1)

Associação Esportiva 1º de Maio de Vila Modesta

Escalação: 1) Tição, 2) Digão, 3) Pirão, 4) Furgão, 5) Pagão, 6) Babão, 7) Bolão 8) Zelão, 9) Dão, 10) Zóião, 11) Mição.

Reservas: 12) Cézão, 13) Turcão, 14) Lalão, 15) Mijão, 16) Mortão.

Técnico: Mechinha

29.7.20

Um textículo: "o pai da criança"

O homem vociferava a todos com voz rígida, mas pausada e clara:
- Eu inventei Nietzsche, eu fiz o Super-Homem, eu criei Jesus Cristo.
E olhava a platéia com as vistas atentas. Encarou-me. O sol regurgitava seu calor no público inquieto e risonho. Dirigiu-se para mim. Senti o rosto formigar:
- E você aí, o que é que inventou?
Menti:
- Inventei o Escobar Franelas.
Olhou-me primeiro estupefato, a seguir conciliador. Dirigiu-se à praça:
- Esse aqui, ó - e apontou-me com o dedo - é o inventor da mentira. Deus, na Sua infinita misericórdia, criou a mim; Miguel de Cervantes deu asas à fantasia; Karl Marx pensou a luta de classes. E esse anônimo ali, ó - e olhou-me novamente, com cara de piedade - esse zé-ninguém, aquele ali, ó; é o pai da pior mentira.
Deu três passos em minha direção. A platéia entre jocosa e curiosa o acompanhava. O sol seco refletia em seu rosto suado e sereno. Firmou o olhar contra o meu e asseverou:
- Meu querido amigo, quem criou o Escobar Franelas fui eu.

26.7.20

Um textículo: "a mesma outra beleza"


no fundo da noite escura
toda gato é pardo
no fundo da noite escura
todo gato pardo é cinza
no fundo da noite escura
todo gato preto é raio de luz

no mais fundo da noite escura
quando a madrugada é breu
toda pele preta é farol
reluz por um triz
como um facho, vira tocha
uma rocha feita só de sol

25.7.20

Um textículo: "diálogos inesquecíveis e outras coisas tão desimportantes quanto"


pra que serve a perna?
pra levitar
e a pena?
pra reescrever o perdão
aqui não cabia uma rima?
"para rir e coçar", ou não
não podia ser uma mais rica?
tá bom, serve "para escrever o voar"?
não seria "para escrever e voar"?
importa tornar mais simples o que já era simples
e se alguém não entender?
simplificamos mais
mas e a boniteza das coisas?
é o sobrenome da simplicidade
e como se faz poesia com isso?
faça, e a poesia estará sendo criada

haiquase - 121


deus me live
deus me light
deus, não me dê dez likes apenas

23.7.20

Um texticulo: "como identificar um fascista"


como identificar um fascista?
notar o comportamento no trânsito
na fila de supermercado
e como trata a caixa do supermercado
garis, coletores de lixo, manobristas
serviços de portaria
vulneráveis em geral
e segurança

como matar um fascista?
vigiar seu comportamento no trânsito
na fila de supermercado
e como trata a caixa do supermercado
garis, coletores de lixo, manobristas
serviços de portaria
vulneráveis em geral
é segurança

21.7.20

Um textículo: "percepção"


dos diversos corpos da vaidade
um, o espelho, admiro mais
ele se revela enquanto me visto
dessa luz dura como uma manhã
que me inunda
e cobre meus gestos - máscara torta da rotina

dos diversos corpos da vaidade
um, a maldade, disfarça mais
(e melhor)
todos os fragmentos desses estilhaços não
despedaçados do espelho
como nos vemos

dos diversos corpos da maldade
um, a vaidade - de todas as peças, a mais eterna -
figura grotesca refletida
distribuída em visão olfato paladar
tato audição e essa incrível
capacidade de mentir

de sete a oito pecados
é a única que tem prazo de validade
morre quando se morre

20.7.20

Um textículo: "terrenos"


dizem que antigamente toda c
asa tinha um quintal grande
dizem que além da porta, tod
o quintal é um mundo
diz
em

18.7.20

Um textículo: "as profundas superfícies"


pode ter
a cor do fundo de um lago
do mel
da avelã
ou do mar quando encontra o céu
do céu quando encontra o mar
a beleza da noite sem estrelas

quando escorre um rio
perde a cor

14.7.20

Um textículo: "contos nada infantis"


ela uma vez
uma linda princesa
o tempo passou e...
erra uma vez
uma linda rainha
até que no século 21...
o robô mau comeu a vozinha
na nave skywalker
a branca de neve nas minas de carvão
(uma forma de acender ela)
a rapunzel, trepados perto do céu

enquanto isso, o caçador
arma na mão
sai à casa de sua pressa

13.7.20

Um textículo: "2064"


A senhora já escolheu o nome da criança?
Já sim, é Pandemia dos Santos.
Como?
É assim sim senhora. E é dos Santos porque eu e o pai dessa benção somos dos Santos.
Tudo bem, mas... bem, a senhora sabe de onde vem esta palavra?
Qual?
Pandemia.
Ah, sim, minha mãe me contava de umas coisas que aconteceram.
E a senhora sabe que o que foi?
Olha, na verdade não! Mas tudo bem, é um nominho bonito.
É o nome de uma epidemia.
Nossa! Taí! Gostei desse também, vai ser o nome da minha próxima filha.
Então é assim mesmo que a senhora vai registrar o nome da criança?
Ôxi, e tem outro melhor?
Bem, a senhora decide.
É que gostei mesmo desse nome, bem formosinho, a cara dessa minha florzinha.
Ok, como eu disse, a senhora escolhe. E onde é que vocês moram?
Aqui pertinho mesmo, ali, na Favela Jardim do Éden.


11.7.20

3.7.20

Um textículo: "gravidade"


impossível deter o precipício
quando não há asas
impossível pisar em nuvens
andar sobre as águas
impossível
viver em casa que não é ninho


1.7.20

Um textículo: "mudez"


frente a frente comigo
o teclado digita este poema em processo
a placa-mãe me afaga
diz que me entende enquanto
me processa
a câmera encara meu rosto
enquanto me lê, escancara até o umbigo

o poema não  finalizado
é como um inimigo