Pesquisar este blog

2.5.24

Diário de bordo 3

 Dia auspicioso:

1) Reunião da sala de roteiro da qual faço parte bem produtiva hoje.

2) Um senhora aula de roteiro muito proveitosa com Luísa Parnes.

3) Convite do SESC para um evento literári no mês que vem. 

4) Vitória do Palmeiras.


Nota dissonante (pois toda luz tem sua contrapartida, a sombra):

1) Ontem fui assistir um filme no CineSesc (La Chimera) e levei um livro de bolso (Arte e Anarquia, uma coletânea de textos sobre a relação de alguns artistas visuais com a militância anarquista), pra ir lendo no metrô na ida e na volta. Perdi. Que a pessoa que o encontrou possa fazer uma boa leitura.

Um poema: "Bioespectrografia"

 meu pai pegava a cadeira e

ia pra baixo da mangueira

levava uma das tesouras de costura

da minha mãe, botava o calcanhar

na quina do assento

e começava a cortar as unhas

pacientemente.

nessas horas, contava muitas histórias.


quando a situação melhorou um pouco

ele comprou um cortador

e tudo passou a ser mais rápido.

e ele contava histórias mais curtas.


depois ele juntava tudo: a lâmina,

o pincel, a cuia de alumínio,

o caixilho, o "pescoço", o espelho

laranja; ia para o tanque

e se enlameava de sangue.

não falava nada nessas horas.


quando cresci, por algum motivo

e por alguns anos,

tive vergonha de me barbear

na frente de meu pai

e só cuidei das unhas do pé do meu avô

quando ele não mais se curvava (só ao tempo)


hoje apalpo, afago e aparo minhas memórias

e o cuidado bruto de tudo

vira um lirismo nem alegre nem feio

meio bonito meio triste

1.5.24

Diário de bordo 2

 Como era previsível, não tá dando certo esse negócio de escrever um "diário". Se continuar nessa perspectiva, vai ser um "semanário". 

Seja como for, as novidades não são "novidades", mas a repetição exaustiva da rotina: trabalhar, escrever (que também é uma forma eufemística de trabalhar), viver em família, viver socialmente, comer, beber e tocar a vida pra frente. Estou lendo Malês, livro que ganhei do meu irmão e cujo autor não me lembro agora, mas tenho quase certeza que é Gilvan Pereira (vou tentar sempre seguir à risca a proposta de escrita por impulso, e sem consultar o são google). Ou seja, sem revisão também, para não trair o esforço de escrever "de prima" e com alguma sustança. 

Semana de boa curtição audiovisual. Reassisti ao sempre necessário Bastardo Inglórios, do Tarantino. E ontem vi Chaer - Pirata Contemporâneo, um documentário em longa metragem do Rodrigo Campos, um cineasta de Mogi das Cruzes que estimo muito.

25.4.24

Diário de bordo 1

 Faz mais ou menos um ano e meio que penso em iniciar um diário mas, venho adiando isso por dois motivos: falta de tempo (ou talvez preguiça seja a palavra mais adequada) e outro motivo decorrente deste anterior, comprar um caderno e iniciar a escrita.  

Dois outros motivos, contudo, me motivam a pensar em escrever esse diário: a vontade de escrever o mais simples possível e sobre as coisas mais comezinhas.

Nesse embate, os opostos se atraem. E se distraem. Iniciei agora e nem sei se chego ao próximo. Só vou saber se começar. Então, mãos à obra, ops, ao teclado.

Cheguei há pouco da Comunidade do Conto, desconfio que o motivo para ter pensado nesse diário enquanto tomava banho e constatava que a dermatite que ameaçava brotar no meu colo há bons 6, 12 ou 19 meses - não sei bem, mas sei que foi há muito tempo que a notei - hoje deu as caras e sangroupela primeira vez. Acho que tá na hora de marcar médico de novo pra ela, pois o shampoo caro que ele mandou fazer (não entendi bem porque ele mandou fazer a fórmula de shampoo e ainda por cima anticaspa), parece que não deu certo. A CC é, como gosto de repetir como um chavão, uma universidade, um doutorado sobre as relações humanas, cujo mote vem pelo desejo de escrever contos. E, se possível, bem.  Relacionar-se já é difícil, imagina fabular em cima de um enredo que tenha que ser tempatico. E curto. E bom. Mas, se não tentar, como alcançar? 

Outro fato relevante é que A foi até Suzano e voltou comigo. Horas de trocas de ideia. E conversar com ele é sempre um desafio, pois o cara gosta de fazer perguntas senão capciosas, ao menos curiosas, ainda que entenda o seu desespero em tentar pensar que somos um grupo "diferenciado", uma elite intelectualoide  que acha que está fazendo a diferença por ler e escrever numa região cujo maior trofeu são as pessoas que levam a Bíblia encardida debaixo do sovaco, sem nunca lê-la. Até porque se a lessem, não a citariam com tanto empenho. Aliás, arrisco dizer que se a lessem, a quantidade de ateus no mundo quintuplicaria em pouco tempo. Me irrito um pouco quando ele tenta caprichar demais no português, o que sempre me parece um hedonismo desnecessário para um cara que vive e dialoga na periferia de um país periférico.

Hoje lemos os textos que criamos baseados na vida e obra de Lima Barreto. Meu texto Lima Vs. Lobato, parece que agradou o pessoal, com alguns elogios e uns poucos senões. Tinha outros muito bons, em especial do S, da R e do E. O prazer maior, contudo, é trocar ideias com esse povo que gosto de ficar junto. Engraçdo que quase não fui, pois R se feriu hoje, uma panela de água quente virou sobre sua barriga e por sorte a gente tinha remédios para primeiros socorros em casa. Ajudou também que R veio buscar Y e I na escola e R chegou logo em seguida, ajudando a cuidar dela. 

 Antes disso, passei a manhã trabalhando na leitura dos poemas do B pra confeccionar um prefácio que tente ao menos ser honesto. Mas desconfio que o assustei, pois enfileirei uns 50 erros de digitação e afins que encontrei no seu arquivo. Ele me agradeceu pela atenção mas desconfio que deve ter me achado muito professoral e invasivo mas, se não fizer isso, vai sair um livro de poesias com muitos erros. Livro d epoesia ninguém lê. Se for escrito por um poeta desconhecido, menos gente vai ler. E se tiver erros, vai virar combuistível de fogueira. Melhor cuidar para que  sua existência nãos eja sua condenação. Envie conto para um concurso baseado em músicas. escrevi um sobre a música Psiu, da Liniker, que gosto muito, mas desconfio que o texto não ficou bom. Veremos...

Cedinho, me irritei com Y e quase dei um tapa nele dentro doc arro, na hora de deixar na creche. Me contive a tempo e depois fiquei remoendo por horas porque ando tão impaciente. 

Acho que preciso dormir mais e melhor. Acho que pra dormir mais e melhor, despejar antes um monte de letras num blogue que ninguém lê talvez ajude. Com a palavra, o senhor Sigmund Jung. Boa noite.


(Estes textos sairão sempre sem revisão. Ser for fazer esse servicinho extra, começo a burilar no negócio e aí o que era pra ser um despejo vira uma luta enfadonha que nucna termina bem... me conheço)


Boa noite.