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7.12.22

Um textículo: "da natureza"

 

é da natureza ser complexa e simples
é da natureza ter a elegância de furacões
a força dos mares
e o ritmo do ar
é da natureza os acidentes geográficos
ser indomável e calma
abstrata e rígida

é da natureza exercer a antidiplomacia
entre a carne e o espírito
ser parte do todo
e o todo de toda parte
é da natureza ter e não ver
sorrir, servir e ser
viver pra morrer eternamente
morrer pra nascer
nascer pra viver
e ter na mente
esse medo tão presente

1.12.22

Um textículo: "às cegas"

 

- Você viu meus óculos?
- Oi?
- Perguntei se você viu meus óculos.
- Não tô ouvindo você direito. espera que vou desligar o chuveiro. Pronto. Fala...
- Perguntei se você não viu meus óculos.
- Ôxi, você não está segurando ele aí na sua mão?
- Eita. É verdade. Desculpe incomodar. Pode voltar pro seu banho.
- Tá! Já vou, mas... pra que você está segurando o celular com a lanterna acesa?
-  É pra ver se encontrava os óculos.
- Agora já encontrou.
- É verdade. Agora tenho que achar o celular.

30.11.22

Um textículo: "civis"

 

primeiro
disse que eu nada entendia de mulheres
depois
reclamou que eu não manjava nadica de cromaterapia
por último
falou que eu nada sabia da receita de tapioca
perguntei
e você, só compreende isso?
e nos calamos

 

29.11.22

Um textículo: "terceiro ser"

 

o meu querer
quer tanto você
que até se confunde
e só eu sei
que aqui dentro uma coisa remói
e se reconstrói
e funde esse ser a
outro mesmo querer
apocalipse de razões
sentimentos, sensações
asas e outras tontas, tantas e falsas concepções
de um desejo que dói
e remói sem moer
e dói sem doer
preservando esse ser,
que sou eu, que é você

23.11.22

Um textículo: "ruarrumo"

Av. 23 de Maio, SP (foto: EF, outubro/22)

 

a rua permanece lá fora.

acabou: entrada do terminal que

por muitos caminhos, leva a um lugar.

era lá que queria chegar. 

agora não mais rodas

só as da mala, pequenas, sendo puxadas.

agora só passos, passadas em direção de.

quase labirinto: ruelas, alamedas, vielas

paredes frias, escadas requentadas com o tira e põe dos pés.

um sorriso, um aceno, o frio na barriga.

um abraço sem jeito sob as vistas da multidão

que nem olhava. um abraço. perdido?

não, era para ser assim.

o táxi: novamente a rua: suja, mal cuidada, arborizada

lisa, reta, limpa.

postes, placas, casas, prédios, tudo espalhado.

hotel sem vaga, um hospital na largura da avenida

na padaria a vidraça verde do edifício em frente chama a atenção.

ruas íngremes e estreitas comportam os ônibus sanfonados

enguias movida a fósseis,

carros à frente, atrás, estacionados, parados, apressados.

o coração? disparado.

o fim de outra rua onde tantas outras desembocam.

um guichê, um elevador, uma porta a ser aberta.

outra rua se inicia: a que dá para o céu

17.11.22

Um textículo: "abraço"

 

as mãos dando voltas nas costas

peito no seio

nariz no pescoço

cabelos nos olhos

as mãos penduradas no pescoço

joelho contra joelho

coxa contra coxa

sexo contra sexo

pés sobre pés

véspera do beijo


16.11.22

Um textículo: "sorriso"

 

o céu da sua boca tem estrelas

que não consigo contar

o sol da sua boca tem um céu


da série haicaos

15.11.22

Um textículo: "confissão"

 

me perco em você

na floresta de seus cabelos

no alucinógeno do seu sorriso

na droga da sua voz

capoto nas suas curvas

e me embriago nas poções de veneno

que seu corpo destila 


não estou viciado: apenas apaixonado.


7.11.22

Jimi Endrick

Foto: Cesar Greco (Palmeiras)
Foto: Michael Ochs (Getty Images)
 

a vantagem de viver neste século

presente

é que a cada dia nascem zeuses

frutos de tempos improváveis

de guerras, ataques e achaques

mas também filhos da

diversidade de aromas e sabores


nos recônditos dessa peleja

lá nas províncias mais distantes

e mesmo na metrópole

e até mesmo dentro de casa

o cotidiano pode nos ofertar

uma cena de amor, por exemplo:

em bethel, o negríndio jimi endrick

espírito xamã, estende o tempo e transforma 

a vibração de seis cordas

numa eterna idade sem fim.

num estádio, lá pros lados da zona oeste

lugar que já foi parque antárctica

hoje é allianz park

(amanhã, sabe-se lá)

o negríndio jimi endrick, bailarino

barroco, lírico e moderno -

desfila com sua esfera (terrestre? solar? celeste?)

debaixo do braço, debaixo dos pés

cumprindo seu destino de poeta

destino de pássaro

de sangue: xamã


poetas são poetas. e só!

tem aquele das pernas tortas, aquele calado

e o que cai

importa que toda poesia seja eterna

num espasmo de pupilas dilatadas

boca seca, veias abertas

coração esfuziante

na hora estridente do solo de guitarra

na hora do gol



#endrick #jimi hendrix #palmeiras #poesiabrasileira #gol

27.10.22

Um textículo: "trator"

 

tem dia do escritor

dia da poesia,

do poeta, do editor, tradutor

dia da leitura


penso com meus zíperes

a morte final virá

quando inventarem o dia do amor

21.10.22

Um textículo: "la copulation des déesses"


 

a dama da noite enamorada
não podia dar um bicho
(ou um homem numa gaiola)
de presente para a magnólia

borrifou no ar o seu cheiro
e ofereceu à amada

extasiada e envaidecida
a outra retribuiu o gesto
contratou um morcego express
e ofertou-lhe um prato de mel

8.10.22

Um textículo: "toda revolução é uma resolução íntima"

quadro A liberdade guiando o povo, de Delacroix, retrata cena de batalha com mulher segurando bandeira da França

A liberdade guiando o povo (Eugène Delacroix)

essa sua incrível dificuldade de
defender a felicidade
sem depender da permissão de ninguém

nenhuma bandeira transmite emoção
se não estiver ao vento
lembra?
urubus ao vento esperam a morte de alguém
para se alimentar
lembra?
sempre à beira do abismo
eis a hora do voo
lembra?
um livro chinês nos estados unidos
se não for traduzido, uma pedra polida
não lido: pedra lascada
lembra?
gatos que dormem em cima do muro
caem para algum lado

essa sua incrível dificuldade de
estender a felicidade
sem depender da permissão de alguém


 

7.10.22

Um textículo: "agora agora agora"



 

para
tudo que você está fazendo e vem
agora
não é tempo de colecionar pedras insignificantes
ou consultar dicionários empoeirados
nem oráculos ou elfos

agora é hora de ir às pedras com outras finalidades
pegar poemas de revolta
os poemas-manifesto, os poemas feitos de sangue
da fome, seiva e suor
e socar e sovar sovar e socar
até não ser mais que um poema pronto
puro e a ponto de ser reescrito comido bebido

agora é um tempo dos que não têm mais tempo
a esperar
agora não é mais a hora de erguer monumentos
à fome
é hora de combater a fome, comer a fome
lamber lágrimas com a língua
com lenços com o dorso das mãos,
com o resto de pano de bandeiras encardidas

para tudo o que você está fazendo
e vem

agora é o dia do pós-mártir
aquele que ora de olhos abertos
medita sob o mantra das rajadas
das metralhadoras de seus inimigos
dorme com seus olhos abertos
a boca fechada
os ouvidos atentos

agora aqui hoje
não é dia de exercitar sua revolução burguesa
compor hinos em louvor ao herói vencido
rabiscar poema de contemplar a ação
e levar amantes a motéis

não é a hora de escrever epitáfios
não é momento de muros de lamentações
ou murros
(o corpo a ser oferecido hoje
é o de sobrevivente)

4.10.22

Um texticulozinho: "crescente"


avia a receita para a fé posta 

crês?

sentes?

nada ex-vazia nada clemente: 

essa fé em que crês e sentes, tu gostas?

ou só aceitas reverente?

24.9.22

Resenha: "Quiabo", de Akira Yamasaki (poesia)

Depois de despontar ainda jovem nas atividades e articulações do lendário Movimento Popular de Arte (MPA), de São Miguel Paulista, no fim da década de 1970; depois de gerir com amigos um circo em 1985, numa das experiências mais exitosas de autogestão cultural na cidade de São Paulo; depois de um hiato de mais de 20 anos sem escrever uma linha sequer, o poeta Akira Yamasaki retornou à cena artística no início deste século. Desde então são centenas de poemas postados em seu blogue e no Facebook, uma atividade febril de produção cultural em diversos projetos que desenvolveu nessas últimas décadas, e três livros lançados.


As obras, porém, não dão conta do tamanho real da produção de Akira. Tampouco essas linhas modestas. Talvez a melhor régua de se medir o poeta seja conviver com ele, vê-lo sendo poesia em cada gesto, sorriso ou palavra. Todavia, seus livros podem ser uma boa introdução a este universo. E se em Bentevi, Itaim e Oliveiras Blues havia uma simetria - ambos os livros trazem títulos que remetem às memórias sutis e escancaradas do bairro onde o poeta mora até hoje - em Quiabo, que acaba de chegar às nossas mãos pela Edições Archangelus, Akira extravasa a compreensão de um voo, aponta caminhos por onde trafega um olhar atento às pessoas e cenas da vida e a propriedade de inverter lógicas.


eu estava meio inseguro / se devia entrar ou não / devido uma lesão mal curada / no posterior da coxa esquerda / o mesmo estiramento / que o romário, quando teve / saiu pulando numa perna só // ainda caí na bobeira / de querer ficar na barreira / numa falta batida pelo paulão / e deu no que deu, atingido / em cheio nos países baixos / o morto faleceu de novo // não tive outra opção / senão fazer número no gol / onde peguei até pensamento / inclusive aquela bola do ghiggia / na copa de cinquenta

Adotando, ampliando e amalgamando diversas figuras de linguagem, sua poesia atinge um estado múltiplo e inexato, onde o lirismo e a ironia andam de mãos dadas.
Outro recurso que o poeta usa com oportunismo é o de dar elasticidade incomum a um desconforto existencial, para depois “dobrá-lo” e redefini-lo através da picardia, do sarcasmo e de um humor não risível.

quando sou feliz / sou só pela metade // aprendi esse truque / com a minha mãe / quando era criança // guardar em estoque / sempre a outra parte / para os dias de dor

Com isso a vida continua em sua dor, agora aliviada pela brisa suave, alento que atenua o peso do mundo sobre as costas.
Ainda é possível observar em Akira Yamasaki outra peculiaridade na elaboração poética: a facilidade de urdir a trama refinada com palavras extraídas do mais comum dos vocabulários.

cheia de não me toques / dona poesia / anda arisca comigo // ela nunca está / não atende o telefone / não responde meus emails // a paixão esfriou / o amor já era / ela se foi com outro (...)

O poeta, assim, nos faz crer ser possível fazer uma roupa de uso diário com seda fina, que degustar champanhe pode ser um rito diário, e que do arroz e feijão diário pode ser feit uma refinada iguaria. Ledo engano. Essa artesania é do domínio de poucos. Nisso, ele é especialista.
Akira se situa entre os grandes poetas vivos que escrevem na língua portuguesa, ainda que advogue sempre uma certa reclusão, um recolhimento calculado, como se fosse possível esconder-se depois de cometer versos carregados de imagens físicas e metafóricas como

(...) ando com muita dificuldade / pela lagoa das capivaras / pela joaquim inácio cardoso / pela lago jagapé // por estas mesmas ruas / antigamente eu apostava / corridas contra o vento / algumas eu venci.

Quiabo traduz a exuberância nascida da sublimação de sensações, observações e sentimentos, cuja faculdade akiriana recebe, processa e entrega infinitas combinações imagéticas, revestidas de combustões improváveis, calor agudo no sobrepesar pessoas, coisas, cenários e até o embate da palavra com outra. Akira não representa nenhuma escola estética ou linguística, sendo ele a escola de si. Sua poesia respira o vento autônomo da liberdade que toda poesia - toda Arte! - pode e deve respirar. quiabo é, ao fim, o reinício da poesia que nos acompanha ao acordar e nos levita até dormir, todos os dias, como se imersos em sonho infinito. Um livro para ser degustado, antropofagicamente, como um manjar. Fartemo-nos!


Serviço:
Livro: Quiabo
Autor: Akira Yamasaki
Ilustrações: Will Sideralman
Revisão: Clarice Yamasaki e Akira Yamasaki
Editora: Archangelus
Ano: 2022 (1ª edição)
Páginas: 190

 

#akirayamasaki #livro #lançamento #quiabo #edicoesarchangelus #poesia #poesiabrasileira



1.8.22

Um textículo: "o poema contrafeito"

 

o poeta disse

O POEMA NÃO PODE SER UMA NUVEM CONTEMPLADA POR UM BREVE MOMENTO E PASSA. ELE DEVE PERMANECER COMO O CÉU QUE LÁ SEMPRE ESTÁ.

o poeta está certo


o poema me disse

o céu é estático e extático

eu sou nuvens passageiras

sou nuvem sou passageiro

pode estar certo

pode estar

pode

ou não


30.7.22

Um texticulozinho: "ciclos"

 

teimosia: nem todo dia

tem poesia

Um texticulozinho: "rede virtual"

 

quando a minha alma se encanta

é engraçado como o corpo se arrepia

Você enviou

quando o corpo se arrepia

um tesão enorme percorre a espinha

Você enviou

quando sinto esse tesão

tudo levita: a alma, o corpo, o pau...

Você enfiou

20.6.22

Projeto curtaSUZANOnaTELA exibe filme de Itaquaquecetuba ganhador do prêmio de melhor som em 2021

 


Terça-feira, dia 21/6, a partir da 19h, tem exibição de um novo filme no circuito #curtaSUZANOnaTELA. 

Dessa vez é Quase Ilha, curtametragem de Aline Bispo e Djacinto Santos, ganhador do prêmio Melhor Som (Djacinto Santos), no Curta Suzano de 2021, representando a cidade de Itaquaquecetuba (SP). 

Quase Ilha é um filme muito atual, que trata com lirismo as relações afetivas dentro do período de pandemia. 

Após a exibição, haverá um bate papo descontraído com a dupla de realizadores.

O curtaSUZANOnaTELA exibibe todo mês filmes selecionados em edições anteriores do Curta Suzano, seguido de uma troca de ideias de suas/seus realizadoras/res com o público presente.


SINOPSE DO FILME

Mari e Thiago adiam a meses o fim de um relacionamento. Quando se vêem obrigados por uma pandemia a estar isolados e lidar com a solidão, acabam buscando abrigo nas mensagens de áudio um do outro.


BIOGRAFIAS

Aline Bispo é artista visual, ilustradora e curadora. Em suas produções investiga temáticas que cruzam a miscigenação brasileira, gênero, sincretismos religiosos e étnicos, partindo do seu lugar no mundo. Em sua interdisciplinaridade desenvolve trabalhos através de ilustrações, pinturas, gravuras, performance e mais recentemente tem se aventurado em audiovisual e fotografia. Faz parte do time de artistas com obras expostas e/ou presentes nos acervos MASP, IMS Paulista, SESC, Adelina Cultural e Galeria Luis Maluf.

Djacinto Santos é físico, educador e pesquisador de temas relacionados ao meio ambiente. É também realizador audiovisual, atuando como diretor e diretor de fotografia, transitando entre os campos do documentário e da ficção. Atualmente está dirigindo seu primeiro longa-metragem, o documentário "Rio Verdadeiro: memórias de vida do Tietê", filme que trata de aspectos históricos, socioambientais, da memória e da vida às margens do principal rio que atravessa o Estado de São Paulo.


FICHA TÉCNICA

Direção, Roteiro, Fotografia e Som: Djacinto Santos e Aline Bispo

Montagem e Edição: Djacinto Santos

Arte e identidade visual: Aline Bispo 


#mostradeaudiovisual #CineDebate #altotiete #batepapo

9.6.22

Um textículo: "licença poética"

 




os helicópteros tomaram conta do meu bairro

os paralelepípedos também

agora, na praça aqui ao lado

tem uma uisqueria

bem ao lado da padaria

junto ao cartório, na avenida principal

inauguraram um novo consultório

de otorrinolaringologia


a camada asfáltica que cobre o rio

tem o nome de aqueduto

(parece uma tatuagem sobre a falsa cicatriz

de uma ferida não curada)


o céu que cobre tudo tudo encobre

com sua poeira  encardida

parece um trapo, manto cinza  - rio gasoso e putrefato -

desfilando sobre a terra ruiva

e rotos farrapos fuliginosos


os ratos tomaram conta do meu bairro

seus sinônimos também


os lepidópteros sumiram do meu bairro

outras famílias estão de mudança


meu deus, onde vamos parar 

com tanto desenvolvimento?

6.6.22

Um textículo: "zero"

Autorretrato de autoria desconhecida

 

o poema do zero é o um

(um senhor problema)

se você acredita na falsa verdade

da liberdade e na falsa liberdade da

mentira

odisseia em construção

sendo desde o começo -

seja lá que finício for esse -

o centro das decisões

máquinas e seus núcleos

processadores  de nanocérebros

reguladores de dízimos periódicos

irrigadores de dízimas de ódio

zero com um é beat


bem clichê dizer isso, mas

todo poema é um deus


3.6.22

Um textículo: "plectro"


 

diapasão

instrumento de refinar o som


melhorar o imelhorável: sons são sãos


na natureza, tudo permanece igual

menos o homem, esse animal passional

Um texticulozinho: "desmanche"

 


A cliente hoje cedo na loja:

- Não tá nada bem não, essa doença voltou. 

- Voltou? Mas ela nunca foi embora.

- Pode ser, mas na minha família ela voltou. Levou minha mãe, minhas irmãs no Pernambuco, meu ex-concunhado em Mato Grosso e agora veio e pegou minha netinha de dois anos.

Então a gente percebe que em certas bifurcações da vida, não há palavra que possa transferir conforto. E o silêncio que nos acode também não ajuda.

31.5.22

Um texticulozinho: "sinopse"

 

Bárbaro é um homem que está afogado em dívidas. Bárbara, uma mulher que está afogada em dúvidas. Um dia, Aurora acorda.

26.5.22

Participação no projeto "[Re]memorar: trajetórias literárias na Zona Leste"


SESC ITAQUERA 

Convidados: Escobar Franelas (Casa Amarela) e Kenyt (Ocupação Cultural Mateus Santos) 

25/6 • Sábado • 15h (Lanchonete 3 - Café Aricanduva)

A partir da série de mini-documentários, produzidos pelo Sesc Itaquera, sobre coletivos artísticos da Zona Leste, o público é convidado a conhecer as ações de promoção do livro, leitura e literatura de dois coletivos da região: Casa Amarela (São Miguel Paulista) e Coletivo Mateus Santos (Ermelino Matarazzo).

Escobar Franelas é escritor, historiador e cineasta. Autor de 7 livros e participantes de antologias de poesias, contos e crônicas. Seu último trabalho é “hipjazzcoolbopfunksambabensoulblue” (Lavra Editora, SP, poesia, 2022).

É um dos gestores dos coletivos A Casa Amarela – Espaço Cultural (São Miguel Paulista), Lentes Periféricas (de produção audiovisual) e Curta Suzano (organizador de festivais de cinema).

A Casa Amarela – Espaço Cultural, localizada em São Miguel Paulista (SP), iniciou suas atividades em Março de 2011 e foi pensada para, em todos seus ambientes, respirar a criação humana e seus desdobramentos onde música, teatro, literatura, cinema, artes visuais, filosofia, história ou simplesmente a conversa entre seus visitantes possa ser aconchegante e convidativa para novas descobertas.

Kenyt – Humberto Marques. Conhecido anteriormente como Beká e mais recentemente como Kenyt, é MC, poeta e organizador do Slam Fluxo. Escreveu sua primeira letra aos dez anos de idade. Atualmente mora no bairro de Ermelino Matarazzo, mas teve sua infância vivida no Itaim Paulista e no município de Itaquaquecetuba. Desde 2020,passou a atuar mais ativamente junto ao Movimento Cultural Ermelino Matarazzo, fortalecendo a equipe da Ocupação Cultural Mateus Santos. Foi campeão da final do Slam da Guilhermina de 2019 e entre 2020 e 2021 lançou quatro videoclipes, com os singles “Eu to suave”, “Nois tá de volta”, “Tenho muito pra contar” e “Uh, aceita”. Atualmente trabalha no lançamento do seu primeiro livro “Inté Aqui”, contendo contos e poesias.

Movimento Cultural Ermelino Matarazzo é um desdobramento da Rede Cultura ZL, que atuou na zona leste de São Paulo entre os anos de 2009 e 2014, reunindo grupos, coletivos e artistas em prol da luta por um espaço cultural no bairro de Ermelino Matarazzo.


https://www.sescsp.org.br/programacao/rememorar-trajetorias-literarias-na-zona-leste/?fbclid=IwAR2s5z3XCq8bYzGtdL66NHp7CVnLY8e_rLiBM3ajYjmsL8NHy3ER0WEJkUo 

24.5.22

16.5.22

15.5.22

Última semana para inscrições no 6º Curta Suzano, mostra de curtametragens do Alto Tietê


 

Encerram-se dia 20 de maio as inscrições para o 6º Curta Suzano - Mostra Internacional de Curtametragens do Alto Tietê. O festival recebe filmes de ate 25 minutos de qualquer gênero cinematográfico. 

O regulamento e o formulário para inscrições está disponível em https://www.curtasuzano.com.br/

A exibição dos filmes selecionados será em setembro.


#mostraaudiovisual #festival #cinemaindependendente #cineguerrilha @altotiete


10.5.22

Depoimento para o escritor Sacolinha no jornal Diário de Suzano

 


Em 31 de maio participo da 5ª edição do Clube doLlivro "Biblioteca Ostentação", que destaca os livros do vestibular da FUVEST.

O projeto é uma parceria do escritor Sacolinha com o jornal Diário de Suzano e acontece toda última terça-feira do mês, sempre com um convidado e um livro diferentes.

O livro a ser debatido é Mayombe, do escritor angolano Pepetela, adotado como leitura obrigatória da FUVEST desde 2020.

A exibição, ao vivo, vai ao ar via Facebook através da página do Diário de Suzano e compartilhado em outros perfis. 

#clubedolivrobibliotecaostentacao #escobarfranelas #ademiroalves #escritorsacolinha #pepetela #diariodesuzano #suzanocity #clubedolivro #bibliotecaostentação #mayombe #leitura

9.5.22

Inauguração do polo de música e audiovisual de Suzano

 Representando o Curta Suzano na inauguração do Polo Municipal de Música e Audiovisual de Suzano, em 30/04/2022.

O polo se propõe ser um espaço de formação, exibição, debate e  fomento da música e do cinema na região do Alto Tietê, SP. Desejamos vida longa e produtiva à ideia dessa construção.


https://aguardiadanoticia.com/suzano-inaugura-polo-de-musica-e-audiovisual/




5.5.22

Um textículo: "dizcricionário"

 

per

fumar

-se

o

pull

mão, do peito às axilas


no cartaz, o sorriuso: felizcidade utilitária:

o capital na capital

2.5.22

Resenha de hipjazzcoolbopfunksambabensoulblue, de Escobar Franelas (por Raquel Ordones)



hipjazzcoolbopfunksambabensoulblueEscobar Franelas  (Lavra Editora)

(Parabéns! Sucesso!)


O nome do livro por si é pura poesia, uma mistura de gêneros ‘elitizadamente popular’ e vice-versa.

Os seus escritos também contêm os elementos dessa mistura tão particular.

O instrumento mais usado nos versos do autor é feito de cordas... Ele dá absolutamente corda à sua imaginação; viaja por seus vários eus em seus vários momentos.

Os seus textos são ecléticos; seus versos são proporcionais, construídos com expressividade e objetividade, ornando o contexto.

A sua função é chegar ao leitor sem perder a força com a qual saiu da fonte.

Sua estrutura vem em várias formas; são pequenos gigantes;  outros gigantes em leveza de leitura.

A sua contextualização é o seu próprio ‘dentro’; sem hora, sem espaço; sucinto; carregada do simples e essencial.

Em seu estilo irreverente de escrever, Escobar Franelas mantém sua identidade, engenho e originalidade; seus versos trazem sutilezas e verdadeiros socos na boca do estômago em linguagem e vocabulário claros.

Seus pensamentos mexem com nossa construção, nos fazendo pensar em várias outras possibilidades; desconstruindo-nos.

 Algumas respostas já não nos convencem; à medida que entramos em seu universo, suas linhas e entrelinhas nos chamam mais e mais para um abismo de pensamentos não pensados.

Raquel Ordones

Lançamento de "hipjazzcoolbopfunksambabensoulblue" na Aldeia Satélite

 


O lançamento de hipjazzcoolbopfunksambabensoulblue (Lavra Editora), dentro da Aldei a Satélite, um espaço cultural independente encravado bem no centro antigo de São Miguel Paulista, foi algo tão auspicioso que parece surreal.  

O evento foi dentro do Sarau Arte Canal (organizado mensalmente no local), e tive o prazer de multiplicar-se no palco com a Lethicia Soares, jovem cantora, menina doce de voz suave e composições sutilissimas. Fizemos o set juntes, uma experiência encantadora, já que nunca tinha nada igual: ela  colocando suas músicas para dialogar com meus poemas. A arte sempre a me levar a oásis inesperados. 

Gratidão à gestão da casa, Darkneuy, Neris e Carol Bertelli, e às aldeãs e aldeões pela recepção, troca de energias e as sinergias reabastecidas. Seguimos!

Cliques de Paulinho Dhi Andrade e Luka Magalhaes

#poesiabrasileira #poesiaperiferica  #resistencia #sarau






29.4.22

Um textículo: "monotododia"

 

todo dia refazer o poema como quem aprendeu 

a andar de bicicleta na infância 

mas esqueceu, tem que cair de novo, de novo 

de novo 

nova mente


todo dia reescrever o poema

inédito

repetidamente inédito

até que, incrédulo, torne-se mais, quase uma monotonia

reza mantra ave-maria

todo dia restaurar este poema

como quem carpe raios de sol

esculpidos em sulcos de suor

alimentando a folha seca a terra seca

seca, sem húmus e sem humor


todo dia esquecer

para poder reaprender


28.4.22

Um textículo: "sobre tudo, você!"

 

te amo de um amor que não tem nome

ainda

te amo de um amor que tem nome

com sobrenome você

te amo de um amor que tem nome

e sobrenome: você

te amo de um amor de nome

sobretudo você

26.4.22

Um textículo: "os netos"

 

alguém um dia 

há de tentar explicar

- e não vai conseguir – 

o que são os netos


pois sendo fios de poesia

tecidos sobre tecidos

resultam outra pele

além do amor além 

do além


netos são filhos

dos sonhos dos filhos

indisfarçáveis tesouros 

de nossa maturidade

puxando, empurrando

para o fim, reinício de tudo 


do livro hipjazzcoolbopfunksambabensoulblue, editora Lavra, 1ª edição 2022, SP.

24.4.22

haiquase 137

 te amo de um amor ainda sem nome

de sobrenome extensão de seu

esse amor desse nome sobretudo você

23.4.22

"lobos não adormecem", de Escobar Franelas, recitado por Adolfo Moura


 lobos não adormecem, poema do livro hipjazzcoolbopfunksambabensoulblue, de Escobar Franelas, interpretado por Adolfo Moura


antes vinham à noite
no meio da madrugada
amanhecendo

agora não se importam mais
fazem tudo às claras
sob a luz das balas, das bolas, 
das bostas dos bois, da bíblia
sob a luz do dia

agora rasgam leis, nos agridem
com seus crucifixos, 
com os prefixos de suas insígnias
e sufixos no substantivo barbárie
tomam os nosso quintais
as nossas ruas - não nos deixam passar
enquanto ao meio-dia
consumimos prato-feito
temperado com imagens da última chacina
à meia-noite

18.4.22

"lobos não adormecem", poema de Escobar Franelas recitado por Milton Luna

 

lobos não adormecem, poema do livro hipjazzcoolbopfunksambabensoulblue, de Escobar Franelas, interpretado por Milton Luna

antes vinham à noite
no meio da madrugada
amanhecendo

agora não se importam mais
fazem tudo às claras
sob a luz das balas, das bolas, 
das bostas dos bois, da bíblia
sob a luz do dia

agora rasgam leis, nos agridem
com seus crucifixos, 
com os prefixos de suas insígnias
e sufixos no substantivo barbárie
tomam os nosso quintais
as nossas ruas - não nos deixam passar
enquanto ao meio-dia
consumimos prato-feito
temperado com imagens da última chacina
à meia-noite

16.4.22

"lobos não adormecem", poema de Escobar Franelas declamado pro Raquel Ordones


 lobos não adormecem, poema de Escobar Franelas, no livro hipjazzcoolbopfunksambabensoulblue, recitado pro Raquel Ordones


antes vinham à noite
no meio da madrugada
amanhecendo

agora não se importam mais
fazem tudo às claras
sob a luz das balas, das bolas, 
das bostas dos bois, da bíblia
sob a luz do dia

agora rasgam leis, nos agridem
com seus crucifixos, 
com os prefixos de suas insígnias
e sufixos no substantivo barbárie
tomam os nosso quintais
as nossas ruas - não nos deixam passar
enquanto ao meio-dia
consumimos prato-feito
temperado com imagens da última chacina
à meia-noite

15.4.22

hipjazzcoolbopfunksambabensoulblue no sarau Periferas


 

Neste domingo tem nova tarde de autógrafos de hipjazzcoolbopfunksambabensoulblue, dessa vez no sarau Periferas, no Itaim Paulista.

O agito geral fica por conta do lendário Punky e tem muita gente bacanuda convidada. Só chegar. 

Live de lançamento do livro "hipjazzcoolbopfunksambabensoulblue", de Escobar Franelas (Ed. Lavra)


 #escobarfranelas #lancamentodelivro #hipjazzcoolbopfunksambabensoulblue

#livro #live