no domingo me atraso
na semana, ultra
passo
é da natureza ser complexa e simples
é da natureza ter a elegância de furacões
a força dos mares
e o ritmo do ar
é da natureza os acidentes geográficos
ser indomável e calma
abstrata e rígida
é da natureza exercer a antidiplomacia
entre a carne e o espírito
ser parte do todo
e o todo de toda parte
é da natureza ter e não ver
sorrir, servir e ser
viver pra morrer eternamente
morrer pra nascer
nascer pra viver
e ter na mente
esse medo tão presente
Se apaixonou por uma jogadora de futebol. Ela desempatou. Cobrando pênalti.
- Você viu meus óculos?
- Oi?
- Perguntei se você viu meus óculos.
- Não tô ouvindo você direito. espera que vou desligar o chuveiro. Pronto. Fala...
- Perguntei se você não viu meus óculos.
- Ôxi, você não está segurando ele aí na sua mão?
- Eita. É verdade. Desculpe incomodar. Pode voltar pro seu banho.
- Tá! Já vou, mas... pra que você está segurando o celular com a lanterna acesa?
- É pra ver se encontrava os óculos.
- Agora já encontrou.
- É verdade. Agora tenho que achar o celular.
primeiro
disse que eu nada entendia de mulheres
depois
reclamou que eu não manjava nadica de cromaterapia
por último
falou que eu nada sabia da receita de tapioca
perguntei
e você, só compreende isso?
e nos calamos
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Av. 23 de Maio, SP (foto: EF, outubro/22) |
a rua permanece lá fora.
acabou: entrada do terminal que
por muitos caminhos, leva a um lugar.
era lá que queria chegar.
agora não mais rodas
só as da mala, pequenas, sendo puxadas.
agora só passos, passadas em direção de.
quase labirinto: ruelas, alamedas, vielas
paredes frias, escadas requentadas com o tira e põe dos pés.
um sorriso, um aceno, o frio na barriga.
um abraço sem jeito sob as vistas da multidão
que nem olhava. um abraço. perdido?
não, era para ser assim.
o táxi: novamente a rua: suja, mal cuidada, arborizada
lisa, reta, limpa.
postes, placas, casas, prédios, tudo espalhado.
hotel sem vaga, um hospital na largura da avenida
na padaria a vidraça verde do edifício em frente chama a atenção.
ruas íngremes e estreitas comportam os ônibus sanfonados
enguias movida a fósseis,
carros à frente, atrás, estacionados, parados, apressados.
o coração? disparado.
o fim de outra rua onde tantas outras desembocam.
um guichê, um elevador, uma porta a ser aberta.
outra rua se inicia: a que dá para o céu
as mãos dando voltas nas costas
peito no seio
nariz no pescoço
cabelos nos olhos
as mãos penduradas no pescoço
joelho contra joelho
coxa contra coxa
sexo contra sexo
pés sobre pés
véspera do beijo
o céu da sua boca tem estrelas
que não consigo contar
o sol da sua boca tem um céu
da série haicaos
me perco em você
na floresta de seus cabelos
no alucinógeno do seu sorriso
na droga da sua voz
capoto nas suas curvas
e me embriago nas poções de veneno
que seu corpo destila
não estou viciado: apenas apaixonado.
Foto: Cesar Greco (Palmeiras) |
Foto: Michael Ochs (Getty Images) |
a vantagem de viver neste século
presente
é que a cada dia nascem zeuses
frutos de tempos improváveis
de guerras, ataques e achaques
mas também filhos da
diversidade de aromas e sabores
nos recônditos dessa peleja
lá nas províncias mais distantes
e mesmo na metrópole
e até mesmo dentro de casa
o cotidiano pode nos ofertar
uma cena de amor, por exemplo:
em bethel, o negríndio jimi endrick
espírito xamã, estende o tempo e transforma
a vibração de seis cordas
numa eterna idade sem fim.
num estádio, lá pros lados da zona oeste
lugar que já foi parque antárctica
hoje é allianz park
(amanhã, sabe-se lá)
o negríndio jimi endrick, bailarino
barroco, lírico e moderno -
desfila com sua esfera (terrestre? solar? celeste?)
debaixo do braço, debaixo dos pés
cumprindo seu destino de poeta
destino de pássaro
de sangue: xamã
poetas são poetas. e só!
tem aquele das pernas tortas, aquele calado
e o que cai
importa que toda poesia seja eterna
num espasmo de pupilas dilatadas
boca seca, veias abertas
coração esfuziante
na hora estridente do solo de guitarra
na hora do gol
#endrick #jimi hendrix #palmeiras #poesiabrasileira #gol
tem dia do escritor
dia da poesia,
do poeta, do editor, tradutor
dia da leitura
penso com meus zíperes
a morte final virá
quando inventarem o dia do amor
a dama da noite enamorada
não podia dar um bicho
(ou um homem numa gaiola)
de presente para a magnólia
borrifou no ar o seu cheiro
e ofereceu à amada
extasiada e envaidecida
a outra retribuiu o gesto
contratou um morcego express
e ofertou-lhe um prato de mel
subindo pelo teclado
subindo pela fibra ótica
subindo pelas paredes
da série haicaos
a onça
a pele da onça
a segunda pele da onça
a transparência da pele da onça
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A liberdade guiando o povo (Eugène Delacroix) |
essa sua incrível dificuldade de
defender a felicidade
sem depender da permissão de ninguém
nenhuma bandeira transmite emoção
se não estiver ao vento
lembra?
urubus ao vento esperam a morte de alguém
para se alimentar
lembra?
sempre à beira do abismo
eis a hora do voo
lembra?
um livro chinês nos estados unidos
se não for traduzido, uma pedra polida
não lido: pedra lascada
lembra?
gatos que dormem em cima do muro
caem para algum lado
essa sua incrível dificuldade de
estender a felicidade
sem depender da permissão de alguém
para
tudo que você está fazendo e vem
agora
não é tempo de colecionar pedras insignificantes
ou consultar dicionários empoeirados
nem oráculos ou elfos
agora é hora de ir às pedras com outras finalidades
pegar poemas de revolta
os poemas-manifesto, os poemas feitos de sangue
da fome, seiva e suor
e socar e sovar sovar e socar
até não ser mais que um poema pronto
puro e a ponto de ser reescrito comido bebido
agora é um tempo dos que não têm mais tempo
a esperar
agora não é mais a hora de erguer monumentos
à fome
é hora de combater a fome, comer a fome
lamber lágrimas com a língua
com lenços com o dorso das mãos,
com o resto de pano de bandeiras encardidas
para tudo o que você está fazendo
e vem
agora é o dia do pós-mártir
aquele que ora de olhos abertos
medita sob o mantra das rajadas
das metralhadoras de seus inimigos
dorme com seus olhos abertos
a boca fechada
os ouvidos atentos
agora aqui hoje
não é dia de exercitar sua revolução burguesa
compor hinos em louvor ao herói vencido
rabiscar poema de contemplar a ação
e levar amantes a motéis
não é a hora de escrever epitáfios
não é momento de muros de lamentações
ou murros
(o corpo a ser oferecido hoje
é o de sobrevivente)
avia a receita para a fé posta
crês?
sentes?
nada ex-vazia nada clemente:
essa fé em que crês e sentes, tu gostas?
ou só aceitas reverente?
Depois de despontar ainda jovem nas atividades e articulações do lendário Movimento Popular de Arte (MPA), de São Miguel Paulista, no fim da década de 1970; depois de gerir com amigos um circo em 1985, numa das experiências mais exitosas de autogestão cultural na cidade de São Paulo; depois de um hiato de mais de 20 anos sem escrever uma linha sequer, o poeta Akira Yamasaki retornou à cena artística no início deste século. Desde então são centenas de poemas postados em seu blogue e no Facebook, uma atividade febril de produção cultural em diversos projetos que desenvolveu nessas últimas décadas, e três livros lançados.
As obras, porém, não dão conta do tamanho real da produção de Akira. Tampouco essas linhas modestas. Talvez a melhor régua de se medir o poeta seja conviver com ele, vê-lo sendo poesia em cada gesto, sorriso ou palavra. Todavia, seus livros podem ser uma boa introdução a este universo. E se em Bentevi, Itaim e Oliveiras Blues havia uma simetria - ambos os livros trazem títulos que remetem às memórias sutis e escancaradas do bairro onde o poeta mora até hoje - em Quiabo, que acaba de chegar às nossas mãos pela Edições Archangelus, Akira extravasa a compreensão de um voo, aponta caminhos por onde trafega um olhar atento às pessoas e cenas da vida e a propriedade de inverter lógicas.
eu estava meio inseguro / se devia entrar ou não / devido uma lesão mal curada / no posterior da coxa esquerda / o mesmo estiramento / que o romário, quando teve / saiu pulando numa perna só // ainda caí na bobeira / de querer ficar na barreira / numa falta batida pelo paulão / e deu no que deu, atingido / em cheio nos países baixos / o morto faleceu de novo // não tive outra opção / senão fazer número no gol / onde peguei até pensamento / inclusive aquela bola do ghiggia / na copa de cinquenta
Adotando, ampliando e amalgamando diversas figuras de linguagem, sua poesia atinge um estado múltiplo e inexato, onde o lirismo e a ironia andam de mãos dadas.
Outro recurso que o poeta usa com oportunismo é o de dar elasticidade incomum a um desconforto existencial, para depois “dobrá-lo” e redefini-lo através da picardia, do sarcasmo e de um humor não risível.
quando sou feliz / sou só pela metade // aprendi esse truque / com a minha mãe / quando era criança // guardar em estoque / sempre a outra parte / para os dias de dor
Com isso a vida continua em sua dor, agora aliviada pela brisa suave, alento que atenua o peso do mundo sobre as costas.
Ainda é possível observar em Akira Yamasaki outra peculiaridade na elaboração poética: a facilidade de urdir a trama refinada com palavras extraídas do mais comum dos vocabulários.
cheia de não me toques / dona poesia / anda arisca comigo // ela nunca está / não atende o telefone / não responde meus emails // a paixão esfriou / o amor já era / ela se foi com outro (...)
O poeta, assim, nos faz crer ser possível fazer uma roupa de uso diário com seda fina, que degustar champanhe pode ser um rito diário, e que do arroz e feijão diário pode ser feit uma refinada iguaria. Ledo engano. Essa artesania é do domínio de poucos. Nisso, ele é especialista.
Akira se situa entre os grandes poetas vivos que escrevem na língua portuguesa, ainda que advogue sempre uma certa reclusão, um recolhimento calculado, como se fosse possível esconder-se depois de cometer versos carregados de imagens físicas e metafóricas como
(...) ando com muita dificuldade / pela lagoa das capivaras / pela joaquim inácio cardoso / pela lago jagapé // por estas mesmas ruas / antigamente eu apostava / corridas contra o vento / algumas eu venci.
Quiabo traduz a exuberância nascida da sublimação de sensações, observações e sentimentos, cuja faculdade akiriana recebe, processa e entrega infinitas combinações imagéticas, revestidas de combustões improváveis, calor agudo no sobrepesar pessoas, coisas, cenários e até o embate da palavra com outra. Akira não representa nenhuma escola estética ou linguística, sendo ele a escola de si. Sua poesia respira o vento autônomo da liberdade que toda poesia - toda Arte! - pode e deve respirar. quiabo é, ao fim, o reinício da poesia que nos acompanha ao acordar e nos levita até dormir, todos os dias, como se imersos em sonho infinito. Um livro para ser degustado, antropofagicamente, como um manjar. Fartemo-nos!
Serviço:
Livro: Quiabo
Autor: Akira Yamasaki
Ilustrações: Will Sideralman
Revisão: Clarice Yamasaki e Akira Yamasaki
Editora: Archangelus
Ano: 2022 (1ª edição)
Páginas: 190
#akirayamasaki #livro #lançamento #quiabo #edicoesarchangelus #poesia #poesiabrasileira
seu da minha vida
sou do meu verão
cinto com meu coração
da série haicaos
um amor além do nome
que não diz seu nome
e some
talvez sobrenome
seja
sobre essa fome furta-cor
ela e ele medem 1,69
ele calça 43, ela 34
ela pesa 58, ele 85
ele tem 27
ela, 72
milhões
esfregar o queixo num ponto inexato
entre a nuca e o ass
ombro
da série haicaos
o poeta disse
O POEMA NÃO PODE SER UMA NUVEM CONTEMPLADA POR UM BREVE MOMENTO E PASSA. ELE DEVE PERMANECER COMO O CÉU QUE LÁ SEMPRE ESTÁ.
o poeta está certo
o poema me disse
o céu é estático e extático
eu sou nuvens passageiras
sou nuvem sou passageiro
pode estar certo
pode estar
pode
ou não
quando a minha alma se encanta
é engraçado como o corpo se arrepia
Você enviou
quando o corpo se arrepia
um tesão enorme percorre a espinha
Você enviou
quando sinto esse tesão
tudo levita: a alma, o corpo, o pau...
Você enfiou
Um texto de Eleilson Leite, cuidadoso, atento e severo, sobre o romance Antes de Evanescer, de Escobar Franelas: Notas sobre o livro Antes de Evanescer
Terça-feira, dia 21/6, a partir da 19h, tem exibição de um novo filme no circuito #curtaSUZANOnaTELA.
Dessa vez é Quase Ilha, curtametragem de Aline Bispo e Djacinto Santos, ganhador do prêmio Melhor Som (Djacinto Santos), no Curta Suzano de 2021, representando a cidade de Itaquaquecetuba (SP).
Quase Ilha é um filme muito atual, que trata com lirismo as relações afetivas dentro do período de pandemia.
Após a exibição, haverá um bate papo descontraído com a dupla de realizadores.
O curtaSUZANOnaTELA exibibe todo mês filmes selecionados em edições anteriores do Curta Suzano, seguido de uma troca de ideias de suas/seus realizadoras/res com o público presente.
SINOPSE DO FILME
Mari e Thiago adiam a meses o fim de um relacionamento. Quando se vêem obrigados por uma pandemia a estar isolados e lidar com a solidão, acabam buscando abrigo nas mensagens de áudio um do outro.
BIOGRAFIAS
Aline Bispo é artista visual, ilustradora e curadora. Em suas produções investiga temáticas que cruzam a miscigenação brasileira, gênero, sincretismos religiosos e étnicos, partindo do seu lugar no mundo. Em sua interdisciplinaridade desenvolve trabalhos através de ilustrações, pinturas, gravuras, performance e mais recentemente tem se aventurado em audiovisual e fotografia. Faz parte do time de artistas com obras expostas e/ou presentes nos acervos MASP, IMS Paulista, SESC, Adelina Cultural e Galeria Luis Maluf.
Djacinto Santos é físico, educador e pesquisador de temas relacionados ao meio ambiente. É também realizador audiovisual, atuando como diretor e diretor de fotografia, transitando entre os campos do documentário e da ficção. Atualmente está dirigindo seu primeiro longa-metragem, o documentário "Rio Verdadeiro: memórias de vida do Tietê", filme que trata de aspectos históricos, socioambientais, da memória e da vida às margens do principal rio que atravessa o Estado de São Paulo.
FICHA TÉCNICA
Direção, Roteiro, Fotografia e Som: Djacinto Santos e Aline Bispo
Montagem e Edição: Djacinto Santos
Arte e identidade visual: Aline Bispo
#mostradeaudiovisual #CineDebate #altotiete #batepapo
os helicópteros tomaram conta do meu bairro
os paralelepípedos também
agora, na praça aqui ao lado
tem uma uisqueria
bem ao lado da padaria
junto ao cartório, na avenida principal
inauguraram um novo consultório
de otorrinolaringologia
a camada asfáltica que cobre o rio
tem o nome de aqueduto
(parece uma tatuagem sobre a falsa cicatriz
de uma ferida não curada)
o céu que cobre tudo tudo encobre
com sua poeira encardida
parece um trapo, manto cinza - rio gasoso e putrefato -
desfilando sobre a terra ruiva
e rotos farrapos fuliginosos
os ratos tomaram conta do meu bairro
seus sinônimos também
os lepidópteros sumiram do meu bairro
outras famílias estão de mudança
meu deus, onde vamos parar
com tanto desenvolvimento?
![]() |
Autorretrato de autoria desconhecida |
o poema do zero é o um
(um senhor problema)
se você acredita na falsa verdade
da liberdade e na falsa liberdade da
mentira
odisseia em construção
sendo desde o começo -
seja lá que finício for esse -
o centro das decisões
máquinas e seus núcleos
processadores de nanocérebros
reguladores de dízimos periódicos
irrigadores de dízimas de ódio
zero com um é beat
bem clichê dizer isso, mas
todo poema é um deus
diapasão
instrumento de refinar o som
melhorar o imelhorável: sons são sãos
na natureza, tudo permanece igual
menos o homem, esse animal passional
- Não tá nada bem não, essa doença voltou.
- Voltou? Mas ela nunca foi embora.
- Pode ser, mas na minha família ela voltou. Levou minha mãe, minhas irmãs no Pernambuco, meu ex-concunhado em Mato Grosso e agora veio e pegou minha netinha de dois anos.
Então a gente percebe que em certas bifurcações da vida, não há palavra que possa transferir conforto. E o silêncio que nos acode também não ajuda.
pessoas mudam a gente
todo dia, mesmo depois
da nossa morte
da série haicaos
Bárbaro é um homem que está afogado em dívidas. Bárbara, uma mulher que está afogada em dúvidas. Um dia, Aurora acorda.
SESC ITAQUERA
Convidados: Escobar Franelas (Casa Amarela) e Kenyt (Ocupação Cultural Mateus Santos)
25/6 • Sábado • 15h (Lanchonete 3 - Café Aricanduva)
A partir da série de mini-documentários, produzidos pelo Sesc Itaquera, sobre coletivos artísticos da Zona Leste, o público é convidado a conhecer as ações de promoção do livro, leitura e literatura de dois coletivos da região: Casa Amarela (São Miguel Paulista) e Coletivo Mateus Santos (Ermelino Matarazzo).
Escobar Franelas é escritor, historiador e cineasta. Autor de 7 livros e participantes de antologias de poesias, contos e crônicas. Seu último trabalho é “hipjazzcoolbopfunksambabensoulblue” (Lavra Editora, SP, poesia, 2022).
É um dos gestores dos coletivos A Casa Amarela – Espaço Cultural (São Miguel Paulista), Lentes Periféricas (de produção audiovisual) e Curta Suzano (organizador de festivais de cinema).
A Casa Amarela – Espaço Cultural, localizada em São Miguel Paulista (SP), iniciou suas atividades em Março de 2011 e foi pensada para, em todos seus ambientes, respirar a criação humana e seus desdobramentos onde música, teatro, literatura, cinema, artes visuais, filosofia, história ou simplesmente a conversa entre seus visitantes possa ser aconchegante e convidativa para novas descobertas.
Kenyt – Humberto Marques. Conhecido anteriormente como Beká e mais recentemente como Kenyt, é MC, poeta e organizador do Slam Fluxo. Escreveu sua primeira letra aos dez anos de idade. Atualmente mora no bairro de Ermelino Matarazzo, mas teve sua infância vivida no Itaim Paulista e no município de Itaquaquecetuba. Desde 2020,passou a atuar mais ativamente junto ao Movimento Cultural Ermelino Matarazzo, fortalecendo a equipe da Ocupação Cultural Mateus Santos. Foi campeão da final do Slam da Guilhermina de 2019 e entre 2020 e 2021 lançou quatro videoclipes, com os singles “Eu to suave”, “Nois tá de volta”, “Tenho muito pra contar” e “Uh, aceita”. Atualmente trabalha no lançamento do seu primeiro livro “Inté Aqui”, contendo contos e poesias.
Movimento Cultural Ermelino Matarazzo é um desdobramento da Rede Cultura ZL, que atuou na zona leste de São Paulo entre os anos de 2009 e 2014, reunindo grupos, coletivos e artistas em prol da luta por um espaço cultural no bairro de Ermelino Matarazzo.
Finalizou o rascunho de tanto tempo, revisou, colocou o título, o ponto final, ligou o gás, riscou o fósforo,
segunda
terça
quarta quinta sexta
última-feira, o descanso
primeira-feira, a invenção da sombra
Encerram-se dia 20 de maio as inscrições para o 6º Curta Suzano - Mostra Internacional de Curtametragens do Alto Tietê. O festival recebe filmes de ate 25 minutos de qualquer gênero cinematográfico.
O regulamento e o formulário para inscrições está disponível em https://www.curtasuzano.com.br/
A exibição dos filmes selecionados será em setembro.
#mostraaudiovisual #festival #cinemaindependendente #cineguerrilha @altotiete
Em 31 de maio participo da 5ª edição do Clube doLlivro "Biblioteca Ostentação", que destaca os livros do vestibular da FUVEST.
O projeto é uma parceria do escritor Sacolinha com o jornal Diário de Suzano e acontece toda última terça-feira do mês, sempre com um convidado e um livro diferentes.
O livro a ser debatido é Mayombe, do escritor angolano Pepetela, adotado como leitura obrigatória da FUVEST desde 2020.
A exibição, ao vivo, vai ao ar via Facebook através da página do Diário de Suzano e compartilhado em outros perfis.
#clubedolivrobibliotecaostentacao #escobarfranelas #ademiroalves #escritorsacolinha #pepetela #diariodesuzano #suzanocity #clubedolivro #bibliotecaostentação #mayombe #leitura
Representando o Curta Suzano na inauguração do Polo Municipal de Música e Audiovisual de Suzano, em 30/04/2022.
O polo se propõe ser um espaço de formação, exibição, debate e fomento da música e do cinema na região do Alto Tietê, SP. Desejamos vida longa e produtiva à ideia dessa construção.
per
fumar
-se
o
pull
mão, do peito às axilas
no cartaz, o sorriuso: felizcidade utilitária:
o capital na capital
hipjazzcoolbopfunksambabensoulblue – Escobar Franelas (Lavra Editora)
(Parabéns! Sucesso!)
O nome do livro por si é pura poesia, uma mistura de gêneros ‘elitizadamente popular’ e vice-versa.
Os seus escritos também contêm os elementos dessa mistura tão particular.
O instrumento mais usado nos versos do autor é feito de cordas... Ele dá absolutamente corda à sua imaginação; viaja por seus vários eus em seus vários momentos.
Os seus textos são ecléticos; seus versos são proporcionais, construídos com expressividade e objetividade, ornando o contexto.
A sua função é chegar ao leitor sem perder a força com a qual saiu da fonte.
Sua estrutura vem em várias formas; são pequenos gigantes; outros gigantes em leveza de leitura.
A sua contextualização é o seu próprio ‘dentro’; sem hora, sem espaço; sucinto; carregada do simples e essencial.
Em seu estilo irreverente de escrever, Escobar Franelas mantém sua identidade, engenho e originalidade; seus versos trazem sutilezas e verdadeiros socos na boca do estômago em linguagem e vocabulário claros.
Seus pensamentos mexem com nossa construção, nos fazendo pensar em várias outras possibilidades; desconstruindo-nos.
Algumas respostas já não nos convencem; à medida que entramos em seu universo, suas linhas e entrelinhas nos chamam mais e mais para um abismo de pensamentos não pensados.
Raquel Ordones
O lançamento de hipjazzcoolbopfunksambabensoulblue (Lavra Editora), dentro da Aldei a Satélite, um espaço cultural independente encravado bem no centro antigo de São Miguel Paulista, foi algo tão auspicioso que parece surreal.
O evento foi dentro do Sarau Arte Canal (organizado mensalmente no local), e tive o prazer de multiplicar-se no palco com a Lethicia Soares, jovem cantora, menina doce de voz suave e composições sutilissimas. Fizemos o set juntes, uma experiência encantadora, já que nunca tinha nada igual: ela colocando suas músicas para dialogar com meus poemas. A arte sempre a me levar a oásis inesperados.
Gratidão à gestão da casa, Darkneuy, Neris e Carol Bertelli, e às aldeãs e aldeões pela recepção, troca de energias e as sinergias reabastecidas. Seguimos!
Cliques de Paulinho Dhi Andrade e Luka Magalhaes
#poesiabrasileira #poesiaperiferica #resistencia #sarau
todo dia refazer o poema como quem aprendeu
a andar de bicicleta na infância
mas esqueceu, tem que cair de novo, de novo
de novo
nova mente
todo dia reescrever o poema
inédito
repetidamente inédito
até que, incrédulo, torne-se mais, quase uma monotonia
reza mantra ave-maria
todo dia restaurar este poema
como quem carpe raios de sol
esculpidos em sulcos de suor
alimentando a folha seca a terra seca
seca, sem húmus e sem humor
todo dia esquecer
para poder reaprender
te amo de um amor que não tem nome
ainda
te amo de um amor que tem nome
com sobrenome você
te amo de um amor que tem nome
e sobrenome: você
te amo de um amor de nome
sobretudo você
alguém um dia
há de tentar explicar
- e não vai conseguir –
o que são os netos
pois sendo fios de poesia
tecidos sobre tecidos
resultam outra pele
além do amor além
do além
netos são filhos
dos sonhos dos filhos
indisfarçáveis tesouros
de nossa maturidade
puxando, empurrando
para o fim, reinício de tudo
do livro hipjazzcoolbopfunksambabensoulblue, editora Lavra, 1ª edição 2022, SP.
te amo de um amor ainda sem nome
de sobrenome extensão de seu
esse amor desse nome sobretudo você
Neste domingo tem nova tarde de autógrafos de hipjazzcoolbopfunksambabensoulblue, dessa vez no sarau Periferas, no Itaim Paulista.
O agito geral fica por conta do lendário Punky e tem muita gente bacanuda convidada. Só chegar.
#livro #live