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18.7.24

Diário de bordo 20

 Iniciei a leitura de uma biografia não autorizada, "Led Zeppelin  - Quando os gigantes caminhavam sobre a terra", uma edição da Larousse escrita por Mick Wall. Com duas ressalvas: a primeira é que essas edições "não autorizadas" na maioria das vezes se tornam no meio do caminho numa sessão de fofocas gourmet. Ou o endeusamento deslumbrado. A conferir... 

A segunda questão é que 80% das biografias que leio normalmente resultam num gostar menos futuro. Do que a memória me ajuda agora, lembro que em poucos livros passei a gostar mais da pessoa biografada depois da leitura. Furacão Elis, Satchmo (uma biografia parruda do Louis Armstrong) e a biografia do Freud escrita pelo Peter Gay, são algumas que me lembro agora. Mas no mundo hedonista do rock, é quase certeiro. Mas sexta passada fui no lançamento do livro de contos de um amigo, o Daniel Lopes Guaccaluz (excelente prosador, por sinal), e livraria é como um shopping pra pra mim, uma disneylândia. Por sorte não estava de carro e isso me impediu que fazre uma compra mais caprichada. Mesmo assim, além do livro do Daniel, também trouxe pra casa essa biografia do Led, À Leste do Éden (Steinbeck) e mais um ou dois que não lembro agora.

Seja como for, o Zeppelin é uma das bandas formadoras do meu mundo musical. A primeira banda que me seduziu na adolescência na adolescência foram The Smiths, seguida por outras bandas da mesma geração, como U2 e Jesus And the Mary Chain, além das brasileiras, é claro. Mas logo meu gosto foi estendido e alcançou a década de 70, 60 e até os 50, com Chuck Berry. Dessa safra que fui descobrindo ali, por volta dos 16, 17 anos (lembrando em nos anos 80, ter 16 anos era bem diferente dos anos 2020, até mesmo pela dificuldade de acesso às informações de moleque periférico e pobre, cujo conhecimento do mundo se fazia através da TV, jornais e revistas impressos e muitos, muitos discos e fitas K7), fui tomado de um certo torpor quando ouvi pela primeira vez, Led, Jimi, Janis, Stones, Pink, The Who etc. E dessas influências todas, Led, Jimi e Janis foram, com certeza, aquelas que mais me envolveram no mundo sonoro e deixaram uma certa musculatura aqui. Em algum tempo, gostei mais, outras menos, mas no geral, permaneceram. talvez venha daí a vontade de enfrentar uma biografia dos caras.


17.7.24

Diário de bordo 19

 Tentando entender porque iniciei esse diário. Que hedonismo mal disfarçado é esse? que punhetagem sem noção! Quase apagando tudo...

16.7.24

Diário de bordo 18

 Frio. 

Está um inverno esquisito, infernal (só pra fazer uma riminha safada). 16 dias de tosse hoje, uma coisa que nunca vivi. Pior, todo mundo em casa do mesmo jeito, Raquel, João, namorada...

Das coisas boas a serem relatadas, acho que consegui subir um pouco o nível da leitura de uns 15 dias pra cá. Sou daquelas peças da natureza humana para quem a leitura é uma necessidade vital. Se não estou lendo, estou em falta comigo e o mundo. No momento, estou finalizando a leitura de Sopro dos Deuses, do garoto ainda Fábio Kabral, ambientado num multi(ou meta?) verso da mitologia africana, devidamente abraçada à voragem sincrética de uma brasilidade peculiar. Texto robusto, que me parece uma profunda pesquisa sobre os simbolismos constitutivos dessa universalidade afro que somos todos nós aqui no Brasil.  Também estou relendo Salve o Gato, do Blake Snyder, que está sendo muito útil para a escrita do roteiro de O Premiado. Minha imersão pelo mundo das narrativas audiovisuais parece que agora vai ser orgânica. Tomei gosto pela coisa e volta e meia me questiono porque demorei tanto para entrar nesse mar. Mas, enfim, cá estou e vamos em frente.

Das notícias moreless, são tantas que nem sei se devo começar e deixar o texto muito longo. E também porque interessa a bem poucas pessoas, só as afetadas mesmo. Então, façamos desses diários a verbalização das redes virtuais: só postar notícias boa, imagem bonitinha e faze de conta que tá tudo bem. Até porque está, pelo menos por enquanto. 


E se alguém tiver paciência e curiosidade, eis aqui o clipe da música Pisagens, originada do poema deste que aqui escreve, musicada por Eder Lima e cuja voz é da sua musa, Lígia Regina. O clipe foi um presente do coletivo Lentes Periféricas, do qual participo desde 2014: https://www.youtube.com/watch?v=Erdag8hCSJo&list=PLTlDRZTdMRYbYd7RUWcwVMxsMyKU6_pyo&index=13

15.7.24

Diário de bordo 17

 Ontem foi o 123o. Sarau da Casa Amarela. Momento apoteótico da poesia, celebração das diversas expressões da arte. Principalmente porque o Akira estava bem. E quando o Akira está bem, tudo fica melhor. Também uma oportunidade única de ter a Luciana Lima Silva, escritora do naipe "das baitas" e amiga a quem tenho devoção sincera e desinteressada, visitando-nos, aproveitando a oportunidade para lançar seu último livro "onde habita um pouco de possível", de contos.

Mas na verdade não era bem isso que queria comentar, aliás, não lembro mais o que iria comentar. Foi uma coisa fugaz que me passou pela cabeça e queria registrar na forma de diário. Acho que era uma frase, um insight para um poema ou um conto, mas que quis aproveitar aqui, já que estava com esta página aberta. Mas o fato é que nessa de contextualizar a escrita, de iniciar de forma lógica o que estava em ebulição, acabei me esquecendo e agora tudo se perdeu. Ou talvez porque não tivesse importância e foi só um sopro, uma miniepifania.Se lembrar,, volto aqui para complementar este texto que ficou desconexo, mas insisto em mante, talvez para que eu mesmo me estude num futuro e ver o quanto desperdiço tempo tentando expressar algo que não domino. Nossa, como tá chato isso!

Fui!


e ainda me esforçando para tentar salvar um pouco dessa terra arrasada de hoje, deixo um dos poucos registros de uma das estrelas mais fulgurantes que conheci, Raberuan: https://www.youtube.com/watch?v=hKatNyZlwiM&list=PLTlDRZTdMRYbGXGecGs1VrZQFN8blljel&index=2


13.7.24

Diário de bordo 16

 Agora que estou em um grupo de escrita de roteiros, fico me perguntando porque depois de 35 anos dedicados ao audiovisual, somente agora - e muito por insistência do Lico - estou me dedicando à escrita de roteiros. Para minha biografia, seria óbvio que me tornar roteirista era um caminho natural, uma vez que desde criança escrevo os mais diversos gêneros literários. No entanto, por algum gracejo de algum deus travesso, sempre me mantive afastado dessa artesania cinematográfica, fincando meus pés ora na edição, ora na fotografia. Em raríssimas situações, no áudio..Nos últimos anos até vinha me deleitando também na produção e direção, mas mesmo assim considero que é talvez seja inexplicável esse despertar tardio para o roteiro.

Mas acho que queria dizer mesmo era o prazer de estar reescrevendo Premiado, agora pra cinema, e com uma galerinha bacanuda demais. Hoje passamos a manhã toda dedicada a ele e finalizamos a escaleta. Agora montar os beats da camadas interiores e meter a mão na massa na construção de cada cena do filme.

Ontem estive no lançamento do novo livro do Daniel Lopes Guaccaluz, um escritor que admiro muito. Estava frio pacas mas mesmo assim foi legal estar ali, prestigiando ele e me embriagando no meio dos livros de uma livraria, o que é um prazer sempre indimensionável.  Voim de lá como livros de contos curtos dele, e mais um uma biografia do Led Zeppelin e o A Leste do Éden, do Steinbeck. Livraço. 

Tosse persiste.

12.7.24

Diário de bordo 15

 Quase duas semanas de tosse diria que ininterrupta. Já tentei de tudo: chás, sopas, cachaça, pisco, Domecq, cerveja trincando de gelada, café pelando, mel com limão. E nada. Começo a ficar preocupado. 

Hoje vou ao lançamento do novo livro (de contos) do Daniel Lopes Guaccaluz, um cara que admiro muito. E do qual já li praticamente toda a obra: não tem enredo ruim. tudo o que ele toca vira ouro. 

Hoje, ao acaso, descobri uma agência, a Increasy, e fiquei pensando (pela primeira vez), que talvez fosse legal ter um agente. Será?

Ouvindo agora o Novos Baianos e o maravilhótimo Acabou Chorare. Que disco, meu Zeus! 


PS: voltei aqui só pra lembrar vcs (e a mim), que a tal da Increasy faz trabalho de coach. Fiquei com urticárias. 

PS-1: Friozinho de 12 graus agora na Sampalândia. 

9.7.24

Diário de bordo 13

Hj feriado com muito frio e chuva em SP. 

Entrevistei à tarde o Rafael Carnevalli para a quarta edição da  revista RAMO, que sairá provavelmente neste ano ainda, talvez em novembro. Moleque inteligente, sensível e perspicaz, gosto dele. O papo foi produtivo. Poderia ter sido mais, mas a culpa não é dele, é exclusivamente minha, que insisto em parecer jornalista e sou no máximo um curioso. Um curioso amador. 

O que está repercutindo bem em mim é essa sensação de que escrever roteiros para audiovisual é realmente uma oportunidade interessante, seja pelos desafios de escrever nessas condições inéditas pra mim, seja pelo fato de parecer um nicho interessante para se inserir e permanecer no mercado. Como já estou tiozinho demais para acompanhar o desenvolvimento tecnológico avassalador que acompanha os novos equipamentos de cinema, então talvez viver mais sossegadamente e fazendo uma coisa que pareço fazer relativamente bem (que é escrever), talvez seja mais honesto comigo e todas as pessoas com as quais convivo. 

PS: Escrevendo aqui e ouvindo esses caras geniais: ://www.youtube.com/watch?v=F7l42Avsy9w 

PS: Hj recebi o prefácio par ao meu novo livro, Contos Crônicos, enviado pelo parça (e revisor) Edhson FM. Gratidão é uma palavra pequena para tanto sentimento bonito...

 


8.7.24

Diário de bordo 12

 Os dois livros em forma de diário que me inspirara a iniciar esse que estou digitando agora, são O Diário de Anne Frank, e Quarto de Despejo - Diário de Uma favelada, de Carolina Maria de Jesus. Deve ter outros, mas são estes que me vêm à memória neste momento. Por que estou escrevendo isso? Não sei...

Está muito frio agora (pouco mais de 22h), e amanhã será muito difícil levantar-se da cama para ir trabalhar cedo. Ter essa autonomia que tanto alardeio também traz umas implicâncias. E se amanhã é feriado, seria muito legal aproveitar para descansar até meio dia na cama. Mas quem optou por levantar um pouco tarde todos os dias, não pode reclamar dos dia que só poderá dormir o "mais tarde" diário. Mesmo assim, considero que tô no lucro.  

Agora que já teorizei sobre tudo e nada, acho que tá na hora de levantar ´âncora aqui e fazer um voo rasante para debaixo dos edredons.

7.7.24

Diário de bordo 11

 Hoje, no último dia da Feira do Livro no Pacaembu, tive a oportunidade de mediar uma conversa bacanuda entre o João Caetano do Nascimento (escritor, jornalista e editor) e o Claudemir Darkney Santos, multiartista  e um dos gestores do espaço cultural independente Aldeia Satélite, em São Miguel. 

Foi um papo produtivo e inspirador sobre a nomenclatura "marginal", que nos atinge e nos é dirigida ad infinitum, enquanto produtores culturais periféricos. A lamentar a falta de público (nossa conversa iniciou-se às 17h, quando a feira já caminhava pro fim e as pessoas apressadas queriam tomar o rumo de casa). 

Trouxe algumas preciosidades pra casa (alguma comprei, outras ganhei): "Visível ao Destino", a "obra completa" da Eunice Arruda, pela editora Patuá; "opções para morrer no espaço", da Dalila Teles Veras, que admiro  muito; Cadernos Negros nº 45; e "Tamoios - Genocídio em Nome de Deus", de Zeca Sampaio; além do catálogo completo da Câmara Periférica do Livro. 

No mais, contente por saber que a reunião de forças centristas e centro-esquerdistas permitiu que a força da extrema direita fosse atenuada nas eleições deste domingo. Com a vitória dos trabalhistas ingleses e a contenção da tentativa de golpe na Bolívia, olho pra frente e sinto uma mistura de alívio e de forças renovadas para continuar na rinha. 

Há algum tempo escrevi um poema intitulado "Jimi Endrick", em que emulava dois nomes que me deixam em estado catatônico. E para o Miles Estêvão (ou Estêvão Armstrong, ou Chet Estêvão, ou Fela Estêvão Kuti), o que escrevo?

6.7.24

Diário de bordo 10

 Hj faz 42 que vivi o que talvez tenha sido o filme mais terrível da minha adolescência, o Polo Rossi 3, Brasil 2. Eu tinha 13 anos (e, convenhamos, ter 13 anos há 40 anos atrás era bem diferente de ter 13 anos hoje - o primeiro aparelho de TV em casa tinha sido comprado há pouco mais de 2 ou 3 anos). 

Depois do suspense que virou um épico contra URSS (sobre a qual já escrevi uma cronicazica), e das vitórias acachapantes contra Escócia, Nova Zelândia e Argentina, a única coisa que meu coração juvenil poderia acreditar é que o filme seria transcrito de comédia para terror. Como a vida irrita a arte (e a supera, na maioria das vezes), foi isso que aconteceu naquele 5 de julho. Já enterrei este cadáver, mas vezoutra, ele volta e vem me assombrar. Como pode aquele hexágono mágico (Júnior, Cerezo, Sócrates, Falcão, Zico e Éder) ser ofuscado pela fugacidade dos deuses travessos que nos atravessam no meio da história e mudam os enredos? A quem foi dado o direito de cortar as asas da imaginação de uma criança preparada para o final feliz que veio depois, e de forma muito indigesta, na dureza de um título nos pênaltis  ou na magia das pernas sucessoras de 2002? Rivaldo e os dois Ronaldos seriam a nossa vingança contra os infortúnios?

Nunca saberemos...


(texto rascunhado no dia 5, mas postado apenas no dia 6)

3.7.24

Diário de bordo 9

 Com febre e tosse desde as últimas horas de junho. Quase vencendo a minha aversão natural e indo ao senhô dotô. Ou espero mais um pouco? 

Hoje quase finalizei a leitura de Salve o Gato, do Blake Snyder (é assim mesmo que se escreve o nome do homem?), que está ajudando muito na confecção do roteiro de O Premiado, que estamos escrevendo em parceria. 

E olhando sobre a minha mesa o livro Livro Sobre Livros, do Enéas Athanazio, parceiro de Balneário Camboriú, SC, que me remeteu em junho do ano passado e nesses 13 meses não respondi a ele, agradecendo o envio da belezura.

E tentando me preparar para estrear amanhã na Feira do Livro, da 451, lá no Pacaembu desfigurado. Sinto que vou me decepcionar quando lá chegar à tarde. Toda vez que passo ali, me decepciono, impressionado que os versos de Caê, "a força da grana que ergue e destrói coisas belas" (Sampa), hoje mais destrói, ou só destrói, pois o que essa malfadada grana ergue são odes ao nada, a um futurismo pretérito, a status quo passageiro, obras com tempo de validade curto, feias desde a ideia. Ontem estava teclando com um amigo no zapzap e acabei descrevendo a primeira vez que estive no Paca, acho que em 1981. para ver um jogo da Copinha. Na oportunidade vi o Bellini e pude sentar ao lado dele. Alguém hoje consegue se imaginar sentando displicentemente numa área popular de um estádio ao lado de Dunga ou Cafu? 

Pois é... vamos lá, e sem saudosismo. Pois o futebol brasuca há muito deixou de dar saudade. Por que os estádios fariam o contrário?

26.6.24

Diário de bordo 8

"A Volta dos Que Não Foram"

Hoje, por conta da provocação de uma grande amigo de milianos, Edhson FM, me peguei lembrando de um passeio malfadado que imprimimos a Camboriú, salvo engano em 2010 (ou 9, ou 8...). Comentei com ele, aliás, por mensagem de áudio no zapzap, e ele me falou que escrevi algo sobre este episódio em alguma rede social minha, mas procurei aqui e não achei. 

Fomos eu, ele, R., R. e J. Depois de horas de viagem, quando já chegávamos ao Paraná via Rodovia da Morte, fomos parados num posto policial e só então me dei conta que tinha levado os documentos da moto e não do carro. O policial foi inflexível quanto ao meu engano e, dadas as condições e o tempo despendido par lavrar a multa, ficamos com a sensação de que o dito cidadão da lei querer "morder uma graninha", mas, movido por alguma dúvida protocolar, não ousou nessa seara, e depois de preencher os papéis, nos recomendou que voltássemos para SP imediatamente. Paramos em Registro, onde aguardamos que Edhson tomasse o ônibus que enfim o levaria a Camboriú e tomamos o rumo de casa. Para diminuir a "tromba de elefante" dos meninos, chateados com a presepada do pai deles, paramos numa pousada simpática em (esqueci o nome da cidade, aquela em que o corpo do prefeito Celso Daniel, de Santo André, foi encontrado após seu assassinato), e ficamos lá uns 2 ou 3 dias. 

Quanto ao Edhson, disse que fruiu muito da hospitalidade que o recebeu em Santa Catarina. E juntos colocaram as fofocas em dia.   

(Demorei mais de 30 dias para escrever e postar este texto)



13.5.24

Diario de bordo 7

 Hoje aniversário de meu neto caçula, e um bolinho a contento entre família. Sou grato pela sua existência, e pelo cansaço que ele me causa.

A partir de um texto do Chico Barney no Universia (UOL), em que ele listou 5 músicas preferidas do RC que ele gosta, resolvi brincar (adoro listas) e elencar as minhas 5 músicas preferidas na voz da Elis: Fascinação, Me Deixas Louca, Águas de Março, Se Eu Quiser Falar com Deus e Como Nossos Pais (em que não sei se prefiro esta ou a gravação com o Belchior). 


9.5.24

Diário de bordo 6

 Hoje cedo passei na rua em que morava o Fernando, um colega de escola que morreu nas férias de 80 e 81 em alguma praia do Ceará. Na verdade, nada (ou pouco) me lembro de quem era o Fernando. As imagens se perpetuaram em minha memória porque ele se parecia com o Marquinhos, e que morava por aqueles lados também. Então, quando  no primeiro dia de aula ficamos sabendo que o Fernando morreu, houve uma pequena comoção e eu me cobrava do porquê não lembrava direito quem era ele, que estudava em outra sala e acho até que em outra série. Mas quando vi o Marquinhos circulando entre nós, lembrei da associação física e a partir daí o Fernando eternizou-se em mim replicado na imagem do amigo em comum. 

Me lembrar do Fernando me fez rememorar também outros amigos da infância e juventude que se foram: o Vitorino e o Zé Luís, ambos afogados em algum lugar de Santos e que coincidentemente moravam na mesma rua de Itaguases. Teve também o Fábio, que por um curto período na quarta série, foi meu melhor amigo. Quando ele se associou aos meus "inimigos" e passou a me chamar pelo apelido que eu execrava, Gordinho, me afastei dele e firmei laços com o Sidnei,o único grandão da turma que me respeitava. O Sidnei, cumpre dizer, também faleceu, muitos anos depois, vitimado pela AIDS. 

E, por último, falar do Sidnei me fez lembrar que uma vez ele comprou a minha defesa contra o Jesus, um alemãozinho sardento e violento, que tocava o terror desde os primeiros anos escolares e quando estávamos na 5ª A, quis me pegar na saída da escola por causa de uma dividida no futebol. O Sid segurou a minha bronca pois sabia que eu apanharia feio, então fez a minha defesa na lábia e nas frases lacradoras. Como não foi o suficiente, ele, que comprou a minha briga, não teve muitas opções a não ser se (e me) defender com unhas e dentes. Quando, ao final da rinha, vi a maçã do seu rosto aberta e sangrando, entendi um pouco o que era era essa selvageria da beleza em torno da defesa da honra de uma amizade juvenil. E dói lembrar disso tudo agora e saber que nunca o agradeci pela coragem daquele certo dia da nossa adolescência. 

Faço isso agora.  

2: Parece sintomático que de todos os citados nessa cronicazica, Jesus é o único que pode estar vivo, em algum lugar. Espero que sim, e que tenha se acalmado.

7.5.24

Diário de bordo 5

Sensação desconfortável com tudo que está acontecendo no Rio Grande do Sul, ainda mais em ler matéria da Falha de SP de hoje dando conta que no ano passado o excmo. sr. Eduardo Leite não utilizou nenhum centavo da verba destinada a obras para prevenção de chuvas e outros desastres naturais. A cada mais e mais a certeza de que as tragédias naturais são um projeto, como antecipou com clareza e exatidão o Darcy Ribeiro. Sensação mais desconfortável ainda ver o país "se unir" em torno dessa causa quando não houve a mesma união quando as chuvas assolaram em anos e meses recentes a região serrana do Rio de Janeiro e também a Bahia e o Acre. A boa vontade é seletiva. 

Aí sou sequestrado pela vontade de escrever um poemeto e saiu isso:

Vontade de evoluir num passe de mágica, como um pokémon. 

Vontade de entender o que é "evoluir".

(uma certa má) vontade de entender o que é "vontade".

Vontade de entender o que é "entender".


(Excmo. é termo que pego emprestado com o Felipe Neto)

6.5.24

Diário de bordo 4

 Hoje pela manhã cometi um pecado vertical quando fui buscar meu neto pra levá-lo à escola. O sol nascendo a leste estava tão bonito que ousei filmá-lo, mesmo dirigindo. Disso resultou três decepções: 1) o meu arrependimento pelo gesto tresloucado e inconsequente; 2) vendo depois as imagens percebi que a beleza real nãos e registra, no máximo guardamos uma imagem pálida que pode ser qualquer coisas, menos a beleza do momento que só a memória guarda com qualidade superior, e; 3) meu neto não  tinha aula, o que só descobri depois que que chegamos à creche. 


NOTA: A boa notícia é que hoje inicio um curso sobre a história do cinema LGBT na Ação Educativa. Apreensivo pela primeira aula, daqui 95 minutos. 



2.5.24

Diário de bordo 3

 Dia auspicioso:

1) Reunião da sala de roteiro da qual faço parte bem produtiva hoje.

2) Um senhora aula de roteiro muito proveitosa com Luísa Parnes.

3) Convite do SESC para um evento literári no mês que vem. 

4) Vitória do Palmeiras.


Nota dissonante (pois toda luz tem sua contrapartida, a sombra):

1) Ontem fui assistir um filme no CineSesc (La Chimera) e levei um livro de bolso (Arte e Anarquia, uma coletânea de textos sobre a relação de alguns artistas visuais com a militância anarquista), pra ir lendo no metrô na ida e na volta. Perdi. Que a pessoa que o encontrou possa fazer uma boa leitura.

Um poema: "Bioespectrografia"

 meu pai pegava a cadeira e

ia pra baixo da mangueira

levava uma das tesouras de costura

da minha mãe, botava o calcanhar

na quina do assento

e começava a cortar as unhas

pacientemente.

nessas horas, contava muitas histórias.


quando a situação melhorou um pouco

ele comprou um cortador

e tudo passou a ser mais rápido.

e ele contava histórias mais curtas.


depois ele juntava tudo: a lâmina,

o pincel, a cuia de alumínio,

o caixilho, o "pescoço", o espelho

laranja; ia para o tanque

e se enlameava de sangue.

não falava nada nessas horas.


quando cresci, por algum motivo

e por alguns anos,

tive vergonha de me barbear

na frente de meu pai

e só cuidei das unhas do pé do meu avô

quando ele não mais se curvava (só ao tempo)


hoje apalpo, afago e aparo minhas memórias

e o cuidado bruto de tudo

vira um lirismo nem alegre nem feio

meio bonito meio triste

1.5.24

Diário de bordo 2

 Como era previsível, não tá dando certo esse negócio de escrever um "diário". Se continuar nessa perspectiva, vai ser um "semanário". 

Seja como for, as novidades não são "novidades", mas a repetição exaustiva da rotina: trabalhar, escrever (que também é uma forma eufemística de trabalhar), viver em família, viver socialmente, comer, beber e tocar a vida pra frente. Estou lendo Malês, livro que ganhei do meu irmão e cujo autor não me lembro agora, mas tenho quase certeza que é Gilvan Pereira (vou tentar sempre seguir à risca a proposta de escrita por impulso, e sem consultar o são google). Ou seja, sem revisão também, para não trair o esforço de escrever "de prima" e com alguma sustança. 

Semana de boa curtição audiovisual. Reassisti ao sempre necessário Bastardo Inglórios, do Tarantino. E ontem vi Chaer - Pirata Contemporâneo, um documentário em longa metragem do Rodrigo Campos, um cineasta de Mogi das Cruzes que estimo muito.

25.4.24

Diário de bordo 1

 Faz mais ou menos um ano e meio que penso em iniciar um diário mas, venho adiando isso por dois motivos: falta de tempo (ou talvez preguiça seja a palavra mais adequada) e outro motivo decorrente deste anterior, comprar um caderno e iniciar a escrita.  

Dois outros motivos, contudo, me motivam a pensar em escrever esse diário: a vontade de escrever o mais simples possível e sobre as coisas mais comezinhas.

Nesse embate, os opostos se atraem. E se distraem. Iniciei agora e nem sei se chego ao próximo. Só vou saber se começar. Então, mãos à obra, ops, ao teclado.

Cheguei há pouco da Comunidade do Conto, desconfio que o motivo para ter pensado nesse diário enquanto tomava banho e constatava que a dermatite que ameaçava brotar no meu colo há bons 6, 12 ou 19 meses - não sei bem, mas sei que foi há muito tempo que a notei - hoje deu as caras e sangroupela primeira vez. Acho que tá na hora de marcar médico de novo pra ela, pois o shampoo caro que ele mandou fazer (não entendi bem porque ele mandou fazer a fórmula de shampoo e ainda por cima anticaspa), parece que não deu certo. A CC é, como gosto de repetir como um chavão, uma universidade, um doutorado sobre as relações humanas, cujo mote vem pelo desejo de escrever contos. E, se possível, bem.  Relacionar-se já é difícil, imagina fabular em cima de um enredo que tenha que ser tempatico. E curto. E bom. Mas, se não tentar, como alcançar? 

Outro fato relevante é que A foi até Suzano e voltou comigo. Horas de trocas de ideia. E conversar com ele é sempre um desafio, pois o cara gosta de fazer perguntas senão capciosas, ao menos curiosas, ainda que entenda o seu desespero em tentar pensar que somos um grupo "diferenciado", uma elite intelectualoide  que acha que está fazendo a diferença por ler e escrever numa região cujo maior trofeu são as pessoas que levam a Bíblia encardida debaixo do sovaco, sem nunca lê-la. Até porque se a lessem, não a citariam com tanto empenho. Aliás, arrisco dizer que se a lessem, a quantidade de ateus no mundo quintuplicaria em pouco tempo. Me irrito um pouco quando ele tenta caprichar demais no português, o que sempre me parece um hedonismo desnecessário para um cara que vive e dialoga na periferia de um país periférico.

Hoje lemos os textos que criamos baseados na vida e obra de Lima Barreto. Meu texto Lima Vs. Lobato, parece que agradou o pessoal, com alguns elogios e uns poucos senões. Tinha outros muito bons, em especial do S, da R e do E. O prazer maior, contudo, é trocar ideias com esse povo que gosto de ficar junto. Engraçdo que quase não fui, pois R se feriu hoje, uma panela de água quente virou sobre sua barriga e por sorte a gente tinha remédios para primeiros socorros em casa. Ajudou também que R veio buscar Y e I na escola e R chegou logo em seguida, ajudando a cuidar dela. 

 Antes disso, passei a manhã trabalhando na leitura dos poemas do B pra confeccionar um prefácio que tente ao menos ser honesto. Mas desconfio que o assustei, pois enfileirei uns 50 erros de digitação e afins que encontrei no seu arquivo. Ele me agradeceu pela atenção mas desconfio que deve ter me achado muito professoral e invasivo mas, se não fizer isso, vai sair um livro de poesias com muitos erros. Livro d epoesia ninguém lê. Se for escrito por um poeta desconhecido, menos gente vai ler. E se tiver erros, vai virar combuistível de fogueira. Melhor cuidar para que  sua existência nãos eja sua condenação. Envie conto para um concurso baseado em músicas. escrevi um sobre a música Psiu, da Liniker, que gosto muito, mas desconfio que o texto não ficou bom. Veremos...

Cedinho, me irritei com Y e quase dei um tapa nele dentro doc arro, na hora de deixar na creche. Me contive a tempo e depois fiquei remoendo por horas porque ando tão impaciente. 

Acho que preciso dormir mais e melhor. Acho que pra dormir mais e melhor, despejar antes um monte de letras num blogue que ninguém lê talvez ajude. Com a palavra, o senhor Sigmund Jung. Boa noite.


(Estes textos sairão sempre sem revisão. Ser for fazer esse servicinho extra, começo a burilar no negócio e aí o que era pra ser um despejo vira uma luta enfadonha que nucna termina bem... me conheço)


Boa noite.