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25.1.25

Depoimento para o escritor Paulinho Dhy Andrade

Escobar em foto de Xaxá (2013)


Escobar Franelas é graduado em História.  Autor de "hardrockcorenroll" (poesia, 1998), "Antes de Evanescer" (romance, 2011), "Itaquera - Uma Breve Introdução" (história, 2014), "haicaos - feridas, fragmentos e fraturas poéticas" (poesia, 2018), "Premiado" (romance, 2019), "Memórias - 10 Histórias Sobre o Viver em Itaquera" (história e memória, 2021), "hipjazzcoolbopfunksambabensoulblue" (poesia, 2022) e "Contos Crônicos" (2024).

Faz parte dos coletivos A Casa Amarela, espaço cultural independente de São Miguel Paulista; Lentes Periféricas (de produção audiovisual), Curta Suzano (organizador de festivais de cinema) e do Núcleo AOTA, de Pesquisa e Criação em Audiovisual.


ENTREVISTA PARA O ESCRITOR PAULINHO DHY ANDRADE

1-Pergunta: Olá, Escobar, tudo bem? Podemos começar a entrevista com você nos dizendo o significado de “Franelas” no seu nome?

Escobar:  A tradução literal da palavra para a língua brasileira seria "flanela", o tecido, mas o contexto do nome é mais jocoso, refere-se a uma terminologia portenha que seria algo próximo a milongueiro.

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2- Pergunta: Você tem formação acadêmica? Qual?

Escobar: Sou graduado em História.

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3- Pergunta: Há quanto tempo você escreve profissionalmente?

Escobar: Poderia dizer que sou um profissional da literatura há 36 anos, quando participei pela primeira vez de uma coletânea de textos, a Antologia Poética de Pinheiros (Scortecci), em 1989. Todavia, se formos pensar em um sentido mais formal para esta palavra - profissional - devo citar que foi em 1998, ano que ganhei um prêmio em dinheiro pela primeira vez, no "Arte na Cohab", da Secretaria da Cultura de São Paulo. É também o ano em que lancei meu primeiro livro, "hardrockcorenroll", de poesias. 

 

4- Pergunta: O que te inspira a escrever suas obras?

Escobar: Não acredito em inspiração. Às vezes tenho pequenos insights com coisas que vejo ou ouço e a partir disso inicio um trabalho de escrita que geralmente exige um tempo bem dilatado e muita paciência e transpiração. A maior parte do que escrevo, acho que uns 95%, abandono no meio do caminho. Alguns textos retomo depois. 

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5- Pergunta: Qual de seus livros é o mais comentado, e o que dizem os leitores sobre ele?

Escobar: Todos ganharam algum tipo de retorno, como elogios nas redes virtuais, resenhas e indicações espontâneas, mas as ficções em prosa têm permitido alcançar outros campos e nichos, como adaptações para o cinema, por exemplo.

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6- Pergunta: Tem algum livro novo a caminho? Pode falar um pouco sobre ele? 

Escobar: Acabei de lançar "Contos Crônicos", pela Lavra Editora (SP). Foi a minha primeira incursão pela ficção com narrativas curtas, mesmo que contos e crônicas sejam formas de expressão que pratico há muito tempo, pois sou egresso do jornalismo de bairro, onde publiquei muitos textos por periódicos de Itaquera, Guaianases, Cidade Tiradentes, outros bairros, cidades e até países.

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7- Pergunta: Você também atua em teatro?

Escobar: Teatro foi a porta de entrada no mundo do arte, quando eu era adolescente e fiz parte de um grupo que se formou na escola onde estudava. Mas logo me dei conta que era ruim de palco, assim como sou ruim de instrumentos (durante muitos anos insisti em querer ser músico). O que aconteceu recentemente é que, provocado pelo Claudemir Darkney Santos, um dos grandes dramaturgos que conheço, comecei a escrever monólogos e pequenos esquetes teatrais. Aos poucos, tô me soltando nessa seara.

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8- Pergunta: Fale um pouco sobre sua experiência com Saraus.

Escobar: Os saraus hoje são a experiência poética mais visceral no campo da linguagem, atingindo os indivíduos num amplo processo de interações socioculturais. Todo sarau é um baile/balaio que provoca, recebe e processa diversas expressões da arte, o que melhor exemplifica no século 21 a ideia da catarse dionisíaca. 

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9- Pergunta: Tem algum escritor clássico que você admira?

Escobar: Muitos, mas para não ficar no genérico, cito Clarice, Borges, Cortázar, Akira Yamasaki, Camus, Adriane Garcia, Pepetela, Ungulani, Conceição Evaristo, Sérgio Vaz, Virgínia Wolf, Fuentes. 

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10- Pergunta: Você acredita que é possível um escritor sobreviver da escrita aqui no Brasil?

Escobar: Sim. Conheço gente que escreve e paga suas contas com publicações, histórias, palestras, debates, cursos, entrevistas, blogues, canais nas redes virtuais etc., enfim, uma infinidade de atividades correlatas à escrita.


11- Pergunta: O que acha dos jovens autores que estão surgindo? Acredita que a visão da juventude está mudando em relação aos livros?

Escobar: O livro é uma mídia, um produto cultural. O que debatemos é se as mudanças qualificam ou não o hábito da leitura. E se a leitura, enquanto expressão da arte, continua alimentando as relações ou se tornou apenas uma engrenagem do entretenimento.

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12- Pergunta: Fale sobre o Sarau Conectando Satélite. Qual a sua participação?

Escobar: O Conectando Satélites é um canal de difusão de informações culturais no WhatsApp. Na Aldeia Satélite acontece o Sarau Arte Canal, que é tradicional e do qual sou um devotado apoiador.  

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13- Pergunta: O que você tem a dizer para os escritores que estão começando e/ou para aqueles que pretendem ingressar no mundo literário?

Escobar: Meu conselho é: "não aceitem conselhos". Vão lá, capinem o mato e façam a sua própria trilha.  

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14- Pergunta: Se você não fosse escritor, qual caminho seguiria?

Escobar: Na verdade, sigo vários caminhos, na arte (literatura, audiovisual, produção de eventos etc.), na educação e no comércio

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15- Pergunta: Gostaria de deixar algumas palavras? Fique a vontade.

Escobar: Agradeço o convite para este diálogo. Espero ter correspondido.Muito obrigado, Escobar. 


Nota: Encontre o livro: "Contos Crônicos" no Site da Editora Lavra Editora:

https://lavraeditora.com.br/produto/contos-cronicos/ 

Postagem original em 14 de janeiro de 2025: <iframe src="https://www.facebook.com/plugins/post.php?href=https%3A%2F%2Fwww.facebook.com%2FDhiAndradePaulinho%2Fposts%2Fpfbid02Dsj9WtfSq2KoKhq1AD1Y4Hfi 

18.7.24

Diário de bordo 20

 Iniciei a leitura de uma biografia não autorizada, "Led Zeppelin  - Quando os gigantes caminhavam sobre a terra", uma edição da Larousse escrita por Mick Wall. Com duas ressalvas: a primeira é que essas edições "não autorizadas" na maioria das vezes se tornam no meio do caminho numa sessão de fofocas gourmet. Ou o endeusamento deslumbrado. A conferir... 

A segunda questão é que 80% das biografias que leio normalmente resultam num gostar menos futuro. Do que a memória me ajuda agora, lembro que em poucos livros passei a gostar mais da pessoa biografada depois da leitura. Furacão Elis, Satchmo (uma biografia parruda do Louis Armstrong) e a biografia do Freud escrita pelo Peter Gay, são algumas que me lembro agora. Mas no mundo hedonista do rock, é quase certeiro. Mas sexta passada fui no lançamento do livro de contos de um amigo, o Daniel Lopes Guaccaluz (excelente prosador, por sinal), e livraria é como um shopping pra pra mim, uma disneylândia. Por sorte não estava de carro e isso me impediu que fazre uma compra mais caprichada. Mesmo assim, além do livro do Daniel, também trouxe pra casa essa biografia do Led, À Leste do Éden (Steinbeck) e mais um ou dois que não lembro agora.

Seja como for, o Zeppelin é uma das bandas formadoras do meu mundo musical. A primeira banda que me seduziu na adolescência na adolescência foram The Smiths, seguida por outras bandas da mesma geração, como U2 e Jesus And the Mary Chain, além das brasileiras, é claro. Mas logo meu gosto foi estendido e alcançou a década de 70, 60 e até os 50, com Chuck Berry. Dessa safra que fui descobrindo ali, por volta dos 16, 17 anos (lembrando em nos anos 80, ter 16 anos era bem diferente dos anos 2020, até mesmo pela dificuldade de acesso às informações de moleque periférico e pobre, cujo conhecimento do mundo se fazia através da TV, jornais e revistas impressos e muitos, muitos discos e fitas K7), fui tomado de um certo torpor quando ouvi pela primeira vez, Led, Jimi, Janis, Stones, Pink, The Who etc. E dessas influências todas, Led, Jimi e Janis foram, com certeza, aquelas que mais me envolveram no mundo sonoro e deixaram uma certa musculatura aqui. Em algum tempo, gostei mais, outras menos, mas no geral, permaneceram. talvez venha daí a vontade de enfrentar uma biografia dos caras.


17.7.24

Diário de bordo 19

 Tentando entender porque iniciei esse diário. Que hedonismo mal disfarçado é esse? que punhetagem sem noção! Quase apagando tudo...

16.7.24

Diário de bordo 18

 Frio. 

Está um inverno esquisito, infernal (só pra fazer uma riminha safada). 16 dias de tosse hoje, uma coisa que nunca vivi. Pior, todo mundo em casa do mesmo jeito, Raquel, João, namorada...

Das coisas boas a serem relatadas, acho que consegui subir um pouco o nível da leitura de uns 15 dias pra cá. Sou daquelas peças da natureza humana para quem a leitura é uma necessidade vital. Se não estou lendo, estou em falta comigo e o mundo. No momento, estou finalizando a leitura de Sopro dos Deuses, do garoto ainda Fábio Kabral, ambientado num multi(ou meta?) verso da mitologia africana, devidamente abraçada à voragem sincrética de uma brasilidade peculiar. Texto robusto, que me parece uma profunda pesquisa sobre os simbolismos constitutivos dessa universalidade afro que somos todos nós aqui no Brasil.  Também estou relendo Salve o Gato, do Blake Snyder, que está sendo muito útil para a escrita do roteiro de O Premiado. Minha imersão pelo mundo das narrativas audiovisuais parece que agora vai ser orgânica. Tomei gosto pela coisa e volta e meia me questiono porque demorei tanto para entrar nesse mar. Mas, enfim, cá estou e vamos em frente.

Das notícias moreless, são tantas que nem sei se devo começar e deixar o texto muito longo. E também porque interessa a bem poucas pessoas, só as afetadas mesmo. Então, façamos desses diários a verbalização das redes virtuais: só postar notícias boa, imagem bonitinha e faze de conta que tá tudo bem. Até porque está, pelo menos por enquanto. 


E se alguém tiver paciência e curiosidade, eis aqui o clipe da música Pisagens, originada do poema deste que aqui escreve, musicada por Eder Lima e cuja voz é da sua musa, Lígia Regina. O clipe foi um presente do coletivo Lentes Periféricas, do qual participo desde 2014: https://www.youtube.com/watch?v=Erdag8hCSJo&list=PLTlDRZTdMRYbYd7RUWcwVMxsMyKU6_pyo&index=13

15.7.24

Diário de bordo 17

 Ontem foi o 123o. Sarau da Casa Amarela. Momento apoteótico da poesia, celebração das diversas expressões da arte. Principalmente porque o Akira estava bem. E quando o Akira está bem, tudo fica melhor. Também uma oportunidade única de ter a Luciana Lima Silva, escritora do naipe "das baitas" e amiga a quem tenho devoção sincera e desinteressada, visitando-nos, aproveitando a oportunidade para lançar seu último livro "onde habita um pouco de possível", de contos.

Mas na verdade não era bem isso que queria comentar, aliás, não lembro mais o que iria comentar. Foi uma coisa fugaz que me passou pela cabeça e queria registrar na forma de diário. Acho que era uma frase, um insight para um poema ou um conto, mas que quis aproveitar aqui, já que estava com esta página aberta. Mas o fato é que nessa de contextualizar a escrita, de iniciar de forma lógica o que estava em ebulição, acabei me esquecendo e agora tudo se perdeu. Ou talvez porque não tivesse importância e foi só um sopro, uma miniepifania.Se lembrar,, volto aqui para complementar este texto que ficou desconexo, mas insisto em mante, talvez para que eu mesmo me estude num futuro e ver o quanto desperdiço tempo tentando expressar algo que não domino. Nossa, como tá chato isso!

Fui!


e ainda me esforçando para tentar salvar um pouco dessa terra arrasada de hoje, deixo um dos poucos registros de uma das estrelas mais fulgurantes que conheci, Raberuan: https://www.youtube.com/watch?v=hKatNyZlwiM&list=PLTlDRZTdMRYbGXGecGs1VrZQFN8blljel&index=2


13.7.24

Diário de bordo 16

 Agora que estou em um grupo de escrita de roteiros, fico me perguntando porque depois de 35 anos dedicados ao audiovisual, somente agora - e muito por insistência do Lico - estou me dedicando à escrita de roteiros. Para minha biografia, seria óbvio que me tornar roteirista era um caminho natural, uma vez que desde criança escrevo os mais diversos gêneros literários. No entanto, por algum gracejo de algum deus travesso, sempre me mantive afastado dessa artesania cinematográfica, fincando meus pés ora na edição, ora na fotografia. Em raríssimas situações, no áudio..Nos últimos anos até vinha me deleitando também na produção e direção, mas mesmo assim considero que é talvez seja inexplicável esse despertar tardio para o roteiro.

Mas acho que queria dizer mesmo era o prazer de estar reescrevendo Premiado, agora pra cinema, e com uma galerinha bacanuda demais. Hoje passamos a manhã toda dedicada a ele e finalizamos a escaleta. Agora montar os beats da camadas interiores e meter a mão na massa na construção de cada cena do filme.

Ontem estive no lançamento do novo livro do Daniel Lopes Guaccaluz, um escritor que admiro muito. Estava frio pacas mas mesmo assim foi legal estar ali, prestigiando ele e me embriagando no meio dos livros de uma livraria, o que é um prazer sempre indimensionável.  Voim de lá como livros de contos curtos dele, e mais um uma biografia do Led Zeppelin e o A Leste do Éden, do Steinbeck. Livraço. 

Tosse persiste.

12.7.24

Diário de bordo 15

 Quase duas semanas de tosse diria que ininterrupta. Já tentei de tudo: chás, sopas, cachaça, pisco, Domecq, cerveja trincando de gelada, café pelando, mel com limão. E nada. Começo a ficar preocupado. 

Hoje vou ao lançamento do novo livro (de contos) do Daniel Lopes Guaccaluz, um cara que admiro muito. E do qual já li praticamente toda a obra: não tem enredo ruim. tudo o que ele toca vira ouro. 

Hoje, ao acaso, descobri uma agência, a Increasy, e fiquei pensando (pela primeira vez), que talvez fosse legal ter um agente. Será?

Ouvindo agora o Novos Baianos e o maravilhótimo Acabou Chorare. Que disco, meu Zeus! 


PS: voltei aqui só pra lembrar vcs (e a mim), que a tal da Increasy faz trabalho de coach. Fiquei com urticárias. 

PS-1: Friozinho de 12 graus agora na Sampalândia. 

9.7.24

Diário de bordo 13

Hj feriado com muito frio e chuva em SP. 

Entrevistei à tarde o Rafael Carnevalli para a quarta edição da  revista RAMO, que sairá provavelmente neste ano ainda, talvez em novembro. Moleque inteligente, sensível e perspicaz, gosto dele. O papo foi produtivo. Poderia ter sido mais, mas a culpa não é dele, é exclusivamente minha, que insisto em parecer jornalista e sou no máximo um curioso. Um curioso amador. 

O que está repercutindo bem em mim é essa sensação de que escrever roteiros para audiovisual é realmente uma oportunidade interessante, seja pelos desafios de escrever nessas condições inéditas pra mim, seja pelo fato de parecer um nicho interessante para se inserir e permanecer no mercado. Como já estou tiozinho demais para acompanhar o desenvolvimento tecnológico avassalador que acompanha os novos equipamentos de cinema, então talvez viver mais sossegadamente e fazendo uma coisa que pareço fazer relativamente bem (que é escrever), talvez seja mais honesto comigo e todas as pessoas com as quais convivo. 

PS: Escrevendo aqui e ouvindo esses caras geniais: ://www.youtube.com/watch?v=F7l42Avsy9w 

PS: Hj recebi o prefácio par ao meu novo livro, Contos Crônicos, enviado pelo parça (e revisor) Edhson FM. Gratidão é uma palavra pequena para tanto sentimento bonito...