Estou com o livro "Sagrada Paixão" de Dyrce Araújo, às mãos.
Caudal, fresco e conciso, é quase uma profanidade de incensos sobejados à guisa de nosso olfato intelectualóide.
Vide "Fé" Minha coragem / É nada mais / Que um medo suicida
à página 53, devidamente acomodado ao lado de um Boticelli marmóreo e transcendente.
Em "Crucis" Maria / De tantos nomes / Imaculada / Redentora / Aparecida / Qual é o tamanho / De tua dor / Diante da tua cruz?
temos um aprofundamento desse Sagrada Paixão aos intensos jogos verbais que nos traduzem mais que palavras ou sentimentos: trazem consigo todo o logos do mundo, repercutindo em nossa afetividade memorial.
Este livro(excelentemente bem acabado pela Escrituras Editora, SP - diga-se), traz um apelo de nova construção possível do mundo das afetividades. É possível, sim, viver o sagrado sem ser espiritualista demais. É possível ser profano sem radicalizações juvenis. É possível exercer o direito e o ofício do amar sem abater as asas do pássaro que voa dentro de nós e dos outros. E mais: é possível enternecer-se a não mais poder, e ainda assim, descobrir que o mistério do Amor é duradouro e profundo. Ao contrário do que nos dizem a avassaladora maioria em suas estéreis relações atuais.
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