http://www.jornalcana.com.br/ |
http://g1.globo.com/sp/vale-do-paraiba-regiao/noticia/2014/10/seca-em-represa-do-cantareira-revela-cemiterio-de-carros-no-interior-de-sp.html |
Sinto muito começar essa crônica assim, não é pessimismo, tampouco otimismo: é fato!
Não vai ter água em Sampaulo. Nem agora, nem no próximo verão. Melhor, vai ter: quando evacuarem a área, quando a maioria debandar e o pouco que sobrou puder ser melhor dividido.
Outra noticinha: não tenho nenhuma formação técnica ou acadêmica que referende o que vou dizer. Se quiser, pode desdizer à vontade. Daqui a algum tempo, conversaremos, e nessas trocas retóricas descobriremos quem pode estar com a razão (se razão há aqui, nessa parolagem meio escatológica, mesmo sem querer).
Agora, voltando ao tema, não vai ter água porque, antes de tudo, nas aulas de Ciências de minha adolescência, os professores cansaram de cantar a bola, "na natureza, nada se cria, tudo se transforma". Pois bem, se tudo se transforma, a água de São Paulo vive, esconde-se, está em algum lugar. Que lugar? Penso eu que debaixo dos pés, "na terra".
Melhor explicar direitinho: a água que tanto ansiamos está embaixo do "bilhares" de quilômetros da manta asfáltica que cobre o solo. Ou, quando aparece em sua forma líquida, nos rios, riachos, lagos, essa água está coberta pelo lodo morto, grudenta e nojenta.
Tem mais: nas mesmas aulas de Ciências, lembro que aprendi muito sobre o processo natural de distribuição da chuva. Ou seja, a água caía no solo, infiltrava-se, ia para o lençol freático, depois evaporava, formava as nuvens que depois condensavam-se e caíam novamente pela lei da gravidade. Agora pergunto: se a (pouca) água que cai escorre pelas sarjetas, entra nas gretas urbanas (as famintas bocas de lobo) e aprisionam-se sob os céus de asfalto e concreto que as cobrem, como vai subir aos céus? Assim como o lixo que a impede de ascender aos voos gasosos, que a tornariam poética e concretamente, em nuvem que depois desabaria em forma de chuva, como vai molhar a terra novamente?
Que as reticências que coloco aqui - espero - sejam rapidamente apagadas pela argumentação coesa e coerente de quem sabe das coisas. O zé-mané, leigo que sou, quer apenas chamar todo mundo par ao debate. O que não dá é para viver condenado ao Saara quando estamos localizados - outro dado das aulas de Ciências - bem em cima do Aquífero Guarani, a maior reserva de água doce do planeta.
Parece, aliás, que surgiram algumas saídas no horizonte seco: explorar o lençol freático com o mesmo ímpeto com que exploramos o solo atrás de petróleo. A notícia parece sensata e lógica. Dói mesmo é pensar que o futuro virá com outra nota promissória a vencer. A questão, aqui, parece outra: quem pagará a conta?
Mais informações:
http://www.jornalcana.com.br/mudanca-climatica-e-crescimento-populacional-podem-agravar-crise-hidrica-diz-pesquisador/
http://www.infomoney.com.br/mercados/acoes-e-indices/noticia/3668470/para-maior-bolsa-mundo-seca-preocupa-mais-que-politica
http://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,seca-em-sp-deve-continuar-em-2015-diz-cientista,1584016
Escobar Franelas
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