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12.9.16

Um textículo: "a grande noite"

Foto original em http://voascomigo.blogspot.com.br/2008_01_01_archive.html


A Grande Noite se espalha como fumaça
e nossas peles contritas, num espasmo
escurecem cheias de dores recém-acordadas
e chagas plantadas agora, nascidas nesse instante

A Grande Noite é longa e mais negra, e mais densa
que todas as outras noites
nela cabe o estupor, o medo e todos os pesadelos, juntos
despertando o assombro naqueles que tinham dormido sob o sol
e em tantos que permaneceram em vigília

A Grande Noite não perdoa, ela é um trator que arrasa a terra
é como uma grade que nos cerca
um pavio apagado, um navio à deriva, um náufrago
um véu que cobre o céu de maneira tão completa
que sequer é possível observar o dia do outro lado

A Grande Noite mente
diz que o dia não existe
conta que as fantasias são pesadelos
que não há lua
que não há outra noite, além dela

a turba atônita acredita e venera e dá graças
À Grande Noite
empunhando tochas, tocos de velas, palitos de fósforo
devotadamente
na esperança de viver e morrer sob seu manto compacto

A Grande Noite abraça, afaga
e determina
que seu nome é Dia
(e, tolos, todos acreditamos)                                                          
Escobar Franelas

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