A dor maior desse domingo não é pela minha solitária solidariedade ao Lula, mas à visão nada elogiosa sobre o comportamento dos contrários. Ao comportamento maquiavélico e parcial da imprensa (atrás de seus principais veículos, Globo, Folha, Estadão, Época e Veja), somam-se os vômitos, comentários de redes sociais e portais de notícia. Os pensamentos retrógrados e a agressividade fascista agora multiplicam-se como capim.
A dor dessa semana piora mais ainda quando mais se acentua a certeza de que uma dança macabra é conduzida por essa ópera funesta. Não bastava "impitimar" com acusações sem provas uma presidenta legitimamente eleita, mas também inviabilizar a candidatura daquele que simboliza a utopia maior no campo das conquistas políticas e sociais.
A dor desse mês vai além, quando notamos um trator liberalizante passando sobre tudo e todos. Do solo brotam grãos que servirão primeiro as mesas de fora, os que sobrarem serão jogados ao largo da casa grande, para que os muito famintos se matem na divisão do pouco que sobrou.
A dor desse ano é perceber que ninguém se deu conta que a revolução não será digital, nem romântica, pelas redes sociais. A internet é controlada pelas grandes corporações e estas nunca jogarão contra governos que retroalimentam um sistema que se mantém firme pela capacidade de poucos submeterem muitos ao jugo. Sendo assim, a sobrevivência só será possível com a luta nas ruas, com muito suor e sangue. E lágrimas.
A dor dessa vida é compreender finalmente que participamos desde sempre de uma luta desigual. O consolo é saber que nunca foi diferente. Apenas em curtos trechos da história, as vitórias das classes dominadas foram concretas, quando estratégicas, tenazes e perseverantes.
Estamos redescobrindo, da pior maneira, que o díptico paz e amor são ótimos para compor lindos versos e inspiradas canções. Nesse momento, apenas isso.
da série crônicas fictícias
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