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5.7.18

Um textículo: "solstício de um verão eterno"


a poesia acorda, levanta, vai para a sala  

encontra o homem que a nota

mas faz que não

e apressado, sai pra trabalhar.

a poesia não se abala
roda a casa, vai pra rua,
acompanha seu homem
cumprimenta outras pessoas
pinta pneus de vermelho
e as vozes de música
e o sangue transparente

cata pedras na rua
e faz colar de pétalas
tranca a sisudez na gaiola
leva a zebra pra passear

a luz da poesia ofusca o maucaratismo da inveja
e faz a sombra sambar
as cores de seu leque são sinfonia
abanando bach e beethoven
no arco-íris sem fim

o circunspecto crente que afirma
que só a poesia salva
goza o gosto da prosa
com sancho, macbeth ou borges
com cecília, virginia, macabéa
com ou sem rosa

já o cético em dúvida
mesmo com a prova dos nove
irá ao inferno de dante
para depois ascender
ao céu de tantos tons
dos diamantes dos beatles

alguns versos descansam
nos vãos do esquecimento
contudo, contra tudo
a poesia nunca dorme
mesmo entre mortos

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