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23.3.19

Um textículo: "a vida é xadrez"


a tinta seca, a lama 
dos pés dos peões
os caminhos oblíquos e dissimulados em que
os bispos se perdem e se vão
o bambu verde em volta das torres
que verga e não quebra
frascos ao mar, cheio de lágrima agridoce
o cimento fresco da coluna cervical da estátua
a cal jogada ao pé da mesma escultura
pra mumificar as formigas aposentadas
a estátua estanques, jogador quieto
em alvoroço interior
o ódio arregalado sem pintura
nas retinas vermelhas dos cavalos ameaçados
o chá mate que mata com ervas e capim santo
o rei que o bebe, a rainha aplaude
antes do arremate, "xeque-mate"

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