na cidade de egópolis
o coração habita um vasto sobrado
na rua principal
atendido por mordomos suarentos
o senhor pâncreas, vizinho do fígado
dá-se bem com o dr. estômago
que mora no apartamento abaixo
das irmãs cordas vocais
gêmeas estridentes e vetustas
mas que pouco mal
parecem fazer a alguém
na cidade de egópolis
o senhor olho e seu vizinho, o outrolho
vigiam a cobertura.
pouco sabem da vida secreta
dos moradores da cobertura
das orgias da cobertura
das agressões na cobertura
mas lá do alto reparam
as vidas de toda a cidade
exceto que não podem ver
os movimentos daquele morador
que arrota todo dia
e nunca passa perfume
os olhos, mesmo sabendo das mentiras
silenciosas da cobertura
dão cobertura
e calam por medo ou respeito
quando a moradora de baixo
porta-voz em vários idiomas
mente descaradamente
falando em nome do sindico, do zelador
dos ricos e dos habitantes da parte baixa
os mesmos desafortunados
de sempre
a cidade, quando cala, fala!
egópolis, quando fala, falafalafala!
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