tento fugir da rima
mas não consigo
e quanto mais tento deixar
o verso solto no limbo
à meia-altura, um tanto abaixo
nem tanto assim acima
mais ele ganha gordura
e pesa, e pensa, e posa
como um seixo
lastro mal colocado
depois da vírgula, antes do ponto.
intento fugir da rima
mas sou impreciso
e quanto mais recorro aos recursos
mais o verso alaga
no álcool de um blues antigo
no improviso do jazz
no sangue de uma tragédia grega
ou brasileira, tanto faz.
eu tento tento tento fugir da rima
mas mal consigo sair do prumo
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