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31.8.13

Bons tempos, aqueles - III (Bicicletas de Atalaia / Apanhador Só / Jair Naves)

(Durante todo o ano de 2011 fiz, com o pessoal do Coletivo Ounão, a cobertura colaborativa para o Circuito Fora do Eixo no Studio SP. foi uma experiência visceral e de muita troca de energia e aprendizado in loco. Esta noite retratada abaixo, por exemplo, foi adrenalina a mil, catarse total)

Cedo e Sentando 29/03

“A noite que nunca termina”
cobertura por Coletivo Ounão/Escobar Franelas | fotos por Camila Cortielha e Rafael Rolim 
Chego meio atabalhoado ao Studio SP, na Augusta. Tinha corrido meio mundo na Sampalândia, saído de Itaquera à tarde, voado pra Alphaville, e agora, mais de dez da noite, enfim iria botar os ossos pra sacolejar em mais uma noite do projeto Cedo e Sentado, parceria do do Studio com a Casa Fora do Eixo.
Que o "patrão" não me leia, mas cheguei atrasado, pra variar. A Regina me esperando em frente. Caímos pra dentro. No palco, a banda Bicicletas de Atalaia (Sergipe), incendiava o público com sua música alucinante. Bruno Mattos, nos vocais e violão, Ylia Amarante no baixo, Léo Mattos (irmão do vocalista), na bateria, Renan Cacossi, no sax e flauta, e Kaneo Ramos na guitarra, mandaram ver com um hard rock blueseiro com pitadas de black music, e a galera, que encheu a pista, dançou, pulou e cansou à vontade. Com as participações especialíssimas de Luiz Lazzaroto (Vanguarts), nos teclados e Vinícius Junqueira (Mutantes), rolou mais adrenalina, às vezes com pitadas viajandonas que se aproximavam sinuosamente de uma new age psicodélica.
Quem tomou o palco de assalto depois foi o Apanhador Só (Rio Grande do Sul), que confirmou uma tese que percebi na outra terça: o segundo grupo a se apresentar sempre é “a banda” de rock por excelência. Praticantes de um som honesto e direto, Alexandre Kumpinski (voz e guitarra), Felipe Zancanaro (guitarra), Fernão Agra (baixo), e Martin Estevez (bateria), cumpriram com mérito a tarefa de manter o clima já iniciado no set anterior e que foi complementado com louvor pelo público presente, com um sinestésico pedido de bis.
Jair Naves, a terceira atração da noite, invadiu o palco com uma postura no mínimo paradoxal. Iniciou sua performance de forma quase minimalista para, música a música, fermentá-la num crescendo extasiante. Suas letras, pujantes mas dóceis, viraram ácido quando ele abandonou o violão e admitiu uma postura mais rocker, como se incorporasse um xamã que se dispusesse a explorar cada milímetro do palco, uivando, pulando em meio à plateia, socando o ar, deitando no chão, assediando o público. Tudo isso, claro, orquestrado pela sua “cozinha” segura e fabulosa, formada pela baixista Helena Duarte, o baterista Mark Paschoal, e também o guitarrista Daniel Guedes e o tecladista Alexandre Xavier.
Noite completa, saio pra casa com este texto quase pronto na cabeça. Quase, pois não podia esquecer de citar os “riscos no disco” do DJ Mok, figuraça que pilotou as pick-ups no antes, no durante e no depois com segurança personalíssima e fez da pista de dança uma Disneylândia para adultos.

 

 

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