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21.4.20

Um textículo: "chuá - uma tragédia anunciada"


a chuva
grávida de águas revoltas
esmurra o morro
urra de dor

sem jogo de cintura
bate, tomba e fura a pele do asfalto
(útero duro e insensível)
que tomou a terra de assalto

a chuva surra a parede
que passa rente
o carro à frente
a vida que afronta enfrentar
as pesadas torrentes

a chuva, às turras. explode
seu cio, um rio
desce, impermeável à dor
única, humilhada
pelo sorriso líquido e certeiro
da unidade da maldade

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