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8.3.08

Texto de Terceiros - Edhson FM

* Este texto estou sampleando com a autorização do autor. Degustem-no!
Et cetera e tal
Edhson FM
Admirador de muitos clássicos do rock e de outros gêneros musicais, embora eu não "curta" a obra do compositor russo Igor Stravinsky (1882–1971) e muito menos dos grandes nomes que enveredaram pela mesma arte que ele (sim, porque não fica bem alguém dizer que gosta da chamada música clássica, mas não ter nada para ouvir nem saber discutir sobre o assunto), desembarcando no começo de uma invernosa estação das flores e pegando o bonde já na décima edição da "Etcetera", carimbo minha estréia nesta revista eletrônica de cultura e arte ouvindo "A Sagração da Primavera", célebre composição que estava em minha mente em setembro de 1993, ano em que eu, sem nenhuma máquina de escrever por perto, (ah, como à época eu sonhei em ter uma Olivetti, Remington, Underwood, qual pudesse ser a marca dessa indispensável invenção com que outrora se escreveu a história de tanta gente!), e minha amiga Vanessa, entre quatro paredes (mas pedi licença à irmã dela, dona de metade do quarto, não sei se também do computador), nos debruçamos, –ela digitando– sobre o primeiro número do meu efêmero fanzine "Creation", cuja edição, desafortunadamente, não passou da terceira, em 95. Entre parênteses, hoje revisor de textos, ofício com que, graças a Deus, ganho um dinheirinho para pagar as contas nossas de cada dia, confesso que, não tivesse a publicação deixado de existir, com certeza, seu título estaria agora aportuguesado para "Criação", visto que, sem querer demonstrar nenhuma aversão a que eu, você, nós, eles, todos, sempre que não houver saída, emprestemos palavras de outros idiomas para ser entendidos (até porque, para o bem ou para o mal, no admirável mundo globalizado a que chegamos, o inglês é a língua que domina todas as esferas do nosso dia-a-dia), o uso desnecessário de estrangeirismos não é lá nada aconselhável a quem se ocupa da crítica desses e de outros vícios de linguagem. Mais: havia até uma seção des-ca-ra-da-men-te chamada My Bloody Valentine" (para quem não sabe, título homônimo de uma banda da gravadora britânica Creation –hum), cuja tradução deste era Minha Querida Valentina, na qual Marina Valentina, uma das musas do editor, e outras convidadas soltavam o verbo. Remonto-lhes algumas páginas da primavera de 93 porquanto foi nessa época que, durante a primeira edição de uma mostra anual de fanzines que eu e o Instituto de Idiomas Yázigi realizávamos em Osasco, vim a conhecer Sandro Eduardo (aliás, não consegui lembrar-me do título da publicação em que o jovem nos revelou seu notável talento de desenhista), que, surpreendentemente, me aparece 9 anos depois chamando-me para escrever numa revista em que ele é um dos editores, a "Etcetera", convite este do qual felizmente não pude declinar, por dois porquês: primeiro, porque simpatizei bastante com o título "Etcetera", palavra esta que, notadamente, se esconde por detrás da famosa abreviatura "etc.", cuja dicionarizada grafia, para quem se atém a detalhes, finaliza-se com o quase imperceptível ponto, cujo "e" da locução (a propósito, "et cetera" –"e outras coisas", "e outros da mesma espécie", "e o resto", "e assim por diante") dispensa vírgula, além de sua tradução, ao pé da letra, falar de "coisas", não de pessoas ("et al."), mas...; e, segundo, por entender a importância de um trabalho independente (estamos falando de patrocínio, sabe?) como este de Sandro "et al.", afinal, como se percebe pelas linhas acima, já trilhei os mesmos caminhos pedregosos dessa gente que não se contenta apenas em consumir a opinião alheia, e se aventura a procurar um meio (seja impresso, radiofônico, televisivo, cibernético, não importa onde) para expressar sua visão do mundo, mostrar o que tem na cabeça. É com esse irrequieto espírito que convido (a) todos para a cada edição da "Etcetera" conhecer um pouco de meus engavetados textos, falando de pessoas queridas, discorrendo sobre coisas que dia a dia não me passam despercebidas, descortinando lugares onde aporto, enfim, contando histórias deste e de outros tempos, convite este, que, a meu, agradará –e muito– a minhas amáveis Marcelina, indispensável companhia de prazerosas discussões jornalísticas e literárias, e Eliane, cuja coerência das palavras notei desde a primeira prosa, afinal ambas são as responsáveis por aconselhar este escrevinhador a pegar suas crônicas e procurar sua turma, talvez por acharem que escrever para nós mesmos não tem lá muita graça.
(Nº 10 - revista virtual http://www.revistaetcetera.com.br/)