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19.9.15

7ª Semana Literária da EMEF Pres. Epitácio Pessoa




Atendendo a um convite da profª Maria Albina Magera, com a intermediação sempre positiva de Sacha Arcanjo, eu e o poeta Akira Yamasaki participamos nesta terça, dia 15 de setembro, da segunda noite da 7ª Semana Literária da EMEF Pres. Epitácio Pessoa. Foi um evento muito bacana.
Alunos do EJA (Educação de Jovens e Adultos) ouviram atentos e interagiram com a gente. Destaque-se a participação de Emanoel, Erivan, Taiane e Fabiana, que trouxeram questões interessantes para o debate, tiraram dúvidas, leram poemas em nossa companhia, proporcionando uma agradabilíssima noite de celebração da arte e da cultura.
A Semana Literária teve outros convidados, como José Roberto Torero, Moreira de Acopiara, Carlos Davissara e Pedro Monteiro, além de um elenco de atividades interativas com os alunos, como declamações, dramatizações, leituras coletivas, conferências virtuais, apresentações musicais, coral em libras, exposições e uma persuasiva "leitura ao pé da árvore".







fotos: Akira Yamasaki e Maria Albina Magera
texto: Escobar Franelas

14.9.15

XXV Cantoria de São Gabriel - Pequeno diário do tributo a Sacha Arcanjo







Sexta-feira, 4 de setembro. Às 6 e pouco da manhã levanto voo em Guarulhos, SP. Destino: Salvador, BA. Chego cedo, perambulo pela velha São Salvador e às 13:05 pego ônibus para Irecê, onde chego às 21:15. André Marques, Célia Cabelo e Sacha Arcanjo me recepcionam. Embarcamos no carro de André e menos de 20 minutos depois chegamos em São Gabriel. Estou exausto, com sono, mesmo assim interajo, tomo banho, respondo perguntas, como, me farto, troco ideias e impressões. Da casa de Maria (prima de Sacha que nos acolhe - junto com sua linda família - num carinho difícil de descrever aqui), ouço a música da XXV Cantoria de São Gabriel, invadindo meus pensamentos, minhas intenções, minhas sensações. Bom demais estar aqui... saio com o povo, chego a tempo de ver&ouvir as três músicas finais de Welton Gabriel, todo o show de Adão Negro, daí perco forças, não consigo esperar para ver no palco Gerri Cunha, desisto, vou dormir
Sábado pela manhã: horas de internet lenta e no celular do Sacha (meu TIM não serve pra nada nesses rincões de céu azul puro), tudo porque preciso mudar a data do meu voo de volta para São Paulo. Depois de longa espera, paciência zen-nordestina sendo elevada à enésima potência, enfim fecho essas pendengas, tudo resolvido: resta a tarde para iniciar o périplo, afinal, estou ávido para conhecer à luz do sol o chão mítico que viu e sentiu os passos de Sacha em sua infância e juventude. Sonhava conhecer São Gabriel desde que conheci o seu filho mais famoso, em 1998. Por isso a minha cara assombrada e curiosa quando saímos por volta do meio-dia para o ensaio já programado. Antes, porém, uma parada providencial para um almoço meio costelada/meio feijoada. A culinária, definitivamente, é uma excelente porta de entrada quando se quer receber bem alguém em algum lugar. Pelo cheiro e pelo sabor, ambos diplomáticos com esse e outros forasteiros à mesa, tenho certeza de que estou (estamos) sendo bem acolhidos. Depois, sol, muito sol!... e música pelo restante da tarde, entrando pela noite. Volto pra casa de Maria, com toda a família dando uma atenção que até me constrange. Banho tomado, estômago forrado, André vai vem nos buscar: eu, Sacha e Célia. A Cantoria já está em seus primeiros acordes quando chegamos, já noitinha na cidade que respira poesia e música neste fim de semana. Fico apreciando Danielle Bonfim, que mistura talento, carisma e beleza com a mesma proporção.  Depois vem o filho da terra. Sacha Arcanjo, justamente homenageado nestas bodas de prata da festa, entra no palco por volta da meia-noite. É ovacionado. O show vai até as tantas, com uma fugaz participação minha, a presença sempre marcante de André Marques e a participação especialíssima de sua sobrinha, Gabriela Gomes. Depois vem Raimundo Sodré (um showman que merece uma resenha exclusiva) e a Banda Flor de Barriguda faz as honras finais. Lá pelas tantas, creio que 4 e meia ou 5 da matina, a festa acaba mas não acaba. Todos os que resistem vão para a praça aguardar o início da  feira para comer pastel.  O povo, principalmente a molecada, estão todos dispostos. Então... tome-lhe cantoria! O violão, a percussão, as palmas, nada para, numa rodinha cantam, noutra puxam poemas, e em outras, conta-se piadas, faz-se fofocas, o flerte corre à solta. O Woodstock da Chapada é um tributo à vida. Volto para casa por volta das 7 e meia da manhã. Em estado de sublimação.
Domingo pela manhã: cama. Tarde: o pós-almoço é um circuladô pela cidade, conhecer gente conterrânea, apertar mãos e abraçar no atacado. Sacha me apresenta pessoas e lugares, passamos por ruelas, praças, vielas. Encontramos em todo lugar gente estrangeira, ancorada em São Gabriel, na fervilhança da cantoria. Cantoria, aliás, que promove encontros, oficinas e outros quetais enquanto não rolam os shows à noite. Paramos na praça em frente à Prefeitura, onde fanfarras juvenis se apresentam. Calor infernal de tão quente no inverno. Mesmo assim as ruas estão cheias. Saímos a passear, vamos ver a área rural, plantas, pequenos animais, céu aberto. Me deleito com a paisagem que é reta na linha do horizonte. Ainda bem que levei a filmadora comigo, faço imagens, eternizo tudo com paixão adolescente. Voltamos. Praças cheias, muita gente nas ruas, hora de tomar banho e voltar para a última noite da Cantoria: Francisco Gui, Cátia de França, Genésio Tocantins e Chico Lobo, só feras: me enlevo, embebedo, tomo banhos dionisíacos, homéricos, embasbacantes da fartura e música e violão inconfundíveis. 
Não fosse a necessidade de voltar à realidade, nunca mais sairia dali, daquele lugar, daquele momento.
A XXV Cantoria de São Gabriel homenageava Sacha Arcanjo. quando ele me convidou para estar com ele nesse momento delirante da vida dele, talvez não soubesse, mas foi este reles escrevinhador que foi levado ao delírio.
Segunda cedinho, 6 da manhã: o celular desperta na casa de André Marques, em Irecê. Acordo, me arrumo, ele me chama, tira o carro da garagem, rumamos para a rodoviária, compro minha passagem, tomamos um café basicão, o ônibus chega, abraço meu mais novo irmão, nos despedimos. Zarpo daquele lugar trazendo uma saudade gorda. E a certeza de que vou voltar.