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27.11.08

CEM idéias

Aqui estou eu, diante do micro, com trocentas idéias para uma crônica que não vingam diante da tela em branco. Há poucas horas atrás, no meio de uma madrugada insone, rascunhei umas cinco ou seis no papel, algumas até evoluí para um início de texto, outras ficaram a ver navios apenas no argumento, e outras nem isso: ficaram apenas na sugestão de um título, por exemplo.


Que monstro é esse, a dificuldade de escrever? A tela em branco do micro é um desafio irritante. Engraçado que às vezes me pego pensando que a folha em branco não representava esse mesmo medo diante do abismo.

Que foi, será que a intermitências dos pixels gera uma confusão tamanha que se torna difícil encadear o que

se pensa?

O será um bloqueio específico meu?


14.11.08

Esqueçam o que escrevi...

My god, o que foi que fiz? Relendo este último texto aqui postado, tive ânsias. Que coisa chinfrim sem cabeça  foi essa? De onde veio esse "recondicionamento" do meu pensar? De onde partiu a ordem para escrever tamanhas superficialidades? Quando foi que me dei o direito de escrever tão mal? Acabou a bateria? Melhor seria se tivesse ficado em silêncio. Mas não fiquei.

Escrevi. Já faz bem uns 10 dias que estou tentado a exclui-lo. Mas isso seria um abrandamento do meu erro. Resolvi deixá-lo à crítica reta, à retidão de análise de tantos quantos quiserem. Só para me lembrar de que a gente nunca pode deixar de repensar cada linha que escreve, para não cometer bobeira e ficar em impedimento assim... tão de bobeira.

O fato é que as agora já pretéritas eleição nos stêitis e fórmula (vruuuu)um ficaram tão à tona naquela semana que pareceu tão eterna, que me senti sequestrado pela idéia de evoluir e/ou ao menos desenvolver um pouco mais esse assunto. Me entreguei de corpo e alma a uma nova utopia que nos brindou momentaneamente, num vértice não previsto pela história. E a história tem disso: às vezes colhe-se pepitas no óbvio.

Mas temos que cuidar para que nossas análises não fiquem rarefeitas. Pois basta-nos essa superficialização estéril do pensamento daqueles que deveriam cuidar do nosso estado, do nosso estudo, nossa cultura, segurança e afins. Quando perdemos o cuidado da análise fria e isenta, muitas vezes damos margem para que sejamos mal interpretados, ou pior!, para que os críticos(sempre há, e vários), não pulem na nossa goela para nos introjetar uma mesma rarefação de apontamenos. A superação dos fatos se dá somente com a evolução. Analistas já observaram que todo assentamento de uma revolução é um novo espezinhamento das mesmas idéias anteriores, agora travestidas de "revolucionárias", ou nova onda, um modismo tão aberrante quanto qualquer estado anterior. O stalinismo, o fascismo e revolução cubana são alguns exemplos recentes disso que estou a asseverar.

Pois bem, o assunto é a eleição de Obama e o campeonato de Hamilton. Um visão crítica do (bom) momento que o mundo vive hoje exige que se projete para amanhã os ganhos de agora. A dúvida mais pertinente é "vão deixar um governar", ou vão patrocinar a instabilidade, para tentar uma tentativa de golpe na Venezulea anos atrás. ou tentar desestabilizar como têm feito como Evo Morales na Bolívia?
Não que esteja defendendo estados de excessão já vislumbrados no governo Chávez. Mesmo com seus achaques é possível perceber que ele talvez não seja tão louco assim, retrocedeu a um estado de impertinência infantil quando foi acuado pelos majors que controlam toda a vida latina, asiática, afrincana e tant'outros.

5.11.08

Sincronismo Histórico

Ponto final: o dia 4 de novembro de 2008 é um dia histórico para o entendimento do mundo enquanto geografia global. Barack Hussein Obama, 47 anos, havaiano descendentes de africanos, mestiço(como ele se proclama), é eleito o 44º presidente dos Estados Unidos da América. Há exatos três dias atrás - já estamos agora no dia 5 - um outro negro, o inglês Lewis Hamilton se tornou campeão mundial de Fórmula 1.
Estamos diante daquilo que os filósofos citam como o "imponderável" na construção da estrada humana. Por uma dessas artimanhas que o destino nos impõe, fatos novos desfilam num recurso de fastforward na tela de nossos dias. O fato de dois negros cometerem dois feitos até então inéditos na história, nos colocam diante desde já diante de um vértice cronológico. Mas, e o mundo? Está preparado para lidar com essas situações? Desconfio que não.

Os dados nos dizem que houve um conluio de situações anômalas para que Hamilton se tornasse o primeiro negro a pilotar na elite dos carros de corrida. Foi preciso muito(muitíssimo) talento, o apoio incondicional da família, a aposta metódica de um chefe cujo currículo de descobridor de talentos é irretocável - Ron Denis - e uma equipe fortíssima e que desenvolve um trabalho de relógio suíço na mecânica de seus carros. Confesso anarquicamente que gosto da figura jovial e simpática do Massa, o brasileiro que melhor nos representa na categoria até agora. Mas perder a oportunidade de ver uma radicalização na história, isso eu não queria de maneira alguma. Então, depois de mais de 15 anos afastado "das pistas", eis que no domingo me vi dirigindo ao lado do inglês impetuoso, em cada curva do sinuoso autódromo de Interlagos. Foi maravilhoso, vibrante, chato e muito denso torcer por uma vitória do brasileiro ao mesmo tempo que queria o campeonato para Hamilton. Tudo bem, isso foi resolvido faltando menos de 500 metros para o fim. E tivemos um final eletrizante, não previsto em qualquer roteiro roliudiano. Ficou chato ver meus dois filhos tristes só porque o brasileiro perdeu. Pior, cruzou a linha de chegada vencendo a corrida e o campeonato, apenas não contava com a falibilidade da chuva, que antes provocara a vitória e agora a tirava, com a anuência do almeão Timo Block, que teve que "tirar o pé" para não rodar na pista, já que tinha pneus gastos e impróprios.

Mais anômalos foram os fatos que permitiram que Obama fosse eleito presidente no dia de ontem. Ele representa o oposto de todo conteúdo que sabemos fazer parte da orientação política dos estadunidenses. Por incrível que pareça, o fator cor é emblemático mas, velado na penumbra, diz mais em seu silêncio sepulcral do que outros detalhes da biografia do eleito: tem simpatias para a discussão sobre as desconfortantes questões que abordam a união civil entre pessoas do mesmo sexo e o aborto; quer o fim da guerra do Iraque e essa insânia cega contra o terror; demonstrou aversão aos ritos maniqueístas da cristandade que dirige todo discurso e todo ato de grande parcela da população, que quer palavras de ordens e atos de bravura e coragem; e, principalmente, não é apenas militante negro. Fosse isso, teria sucumbido às intempéries diárias da construção de sua personalidade política. A vida já nos ensinou muito sobre até onde vão aqueles que não dominam a arte global de exercer a política.

Quer dizer, dois figuras que correm na contramão da história repentinamente e por motivos alhures entram em sincronicidade e provocam comoção e utopia num momento em que se respira crise e desencanto financeiro. Verdade reconhecida aqui, foram os ventos tempestuosos dos desencontros financeiros ao redor do globo que permitiram a Obama entrar para a história e não enfurnar fantasias. Caso o mundo continuasse em sua marcha lenta progressiva, provavelmente teria o mesmo encontro com a parede de vidro que impediu o ingresso de Gabeira há poucos dias atrás no Rio de Janeiro.

1.11.08

Achado não é roubado (?) (!):


(Acrílico sobre tela, sem título, 50x70, encontrado numa caçamba de lixo, no bairro da Saúde, SP, capital, em meados de 2001. Desde então exibe-se na sala de casa)
EF