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31.5.18

Um textículo: "deus inventou o dia, o diabo o calendário"


Dia 5 recebe o salário. 
Dia 10 vence o cartão de crédito.
Dia 12 a conta dágua.
Dia 13 a conta de luz.
Dia 15 o telefone.
Dia 18 o carnê.
Dia 20 a pensão alimentícia.
Dia 21 a taxa do condomínio.
Dia 22 a mensalidade da faculdade.
Dia 23 a prestação do carro.
Dia 27 o empréstimo consignado.
Dia 28 o aluguel da quadra de futebol.
Dia 29 a conta do gás.
Dia 30 o boleto da igreja.
Dia 30 o fiado do bar.
Dia 30 o cartão-fidelidade do mercado.
Dia 1º o imposto da casa.
Dia 1º o imposto do carro.

30.5.18

Um textículo: "a vã glória"


Que fazer depois que tudo já foi feito? Apreciar a obra? Reinventar o trabalho? Relaxar?
No último dia alguém descuidou. E descansou. E nunca mais acordou. 
Desde então ninguém dorme.

29.5.18

Um textículo: "o coelho e a tartaruga"


Ele me diz: correr faz bem. 
Concordo. 
Ela diz: correr? Ia, se fosse mais devagar. 
Também concordo.

Somos gente boa em teorizar
discorrer rapidamente sobre o que entendemos devagar

25.5.18

Um textículo: "enganchar"


A porta, trancada com a chave dentro. A gaveta travada, mesmo com a chave fora.
O coração é que não abre nem fecha.


23.5.18

Um textículo: "carta sobre a poesia"


por favor
digam a ela que não dá
que tentei sempre 
que tateei 
e procurei até entre os vãos
mas que não encontrei

expliquem a ela, por exemplo
que ontem foi uma noite atípica
com dores e insônias em
vários lugares ao mesmo tempo
por isso não deu

e que hoje também
foi um dia de lutas vãs
desde que rompeu a manhã
mas toda guerra é suja
injusta e inconsequente

e ela
e eu
e nós, reunidos nesse campo minado
só sabemos a linguagem da lama
do sol inclemente 
do frio causticante
e essa claustrofobia do tempo
que arranha e rói a ponta de nossos dedos

nesses tempos sem deus
quem matam em nome de deus
lembrem ela - é meu último apelo -
que só a ele servirei
(se é que sirvo para alguma coisa,
se é que sirvo alguma coisa,
se é que me sirvo - alguma coisa) 


10.5.18

Um textículo: "(im)previsível"


Quando abria o editor de texto do Blogspot, era sempre a mesma coisa: poesia, se o texto já estava pronto, anotado em algum lugar ou guardado na memória. 
Se nada sabia do que iria escrever, era só clicar "Textículos". E escrevia.

4.5.18

Um textículo: "pregapeça literária"


quem cala, a dor sente
fala demais dá bom dia, e é um calvário 

quem cala a fala com fondue?

da série haicaos