Pesquisar este blog

24.6.11

De saída...

Levantando âncoras agora. Destino? Sacramento, nas Minas, bem ali, uns 500.000m a partir de acá, da Sampalândia.
Nesse fíndi rola lá a Invernada (http://rifainaorg.wordpress.com/2011/06/22/invernada/), onde o Coletivo Ounão (http://www.revistaounao.com.br/) - do qual faço parte - vai colaborar na promoção de discussões, shows e eventos sobre o que é a cultura digital na prática e quais as suas aplicabilidades na conquista de uma independência real, cultural e artística.
Simbora?!...

20.6.11

Lançamento de livro Gente Pobre - Nova tradução de Luís Avelima

   Sábado à tarde foi o lançamento do livro Gente Pobre, de Fiodor Dostoievski, tradução (diretamente do russo), apresentação e notas de Luís Avelima, orelhas de Mariana Ianelli, gravuras de Oswaldo Goeldi, revisão de Nicodemos Sena e Marli Perim. A edição da obra é da Letra Selvagem (Taubaté, SP).
   A tarde de autógrafos, que foi realizada no Lugar Pantemporâneo, uma bela e discreta livraria-galeria da av. 9 de Julho, 3653, Jardins, Sampalândia, foi precedida de um belo debate (embate?), "A Importância de Dostoievski para a Psicanálise e a Recepção de Sua Obra no Brasil", cujos convidados eram o próprio Avelima, Edson Amâncio (neurocientista e escritor) e o poeta e dramaturgo Marcelo Ariel, mediados por Sena.
   Após explanação do apresentador da mesa, os convidados começaram suas preleções. Avelima foi o primeiro a usar do microfone, comentando sua experiência de ter vivido em solo russo na época das grandes mudanças implementadas por Mikhail Gorbatchev. Lembrou que comprara o original em Leningrado (hoje S. Petersburgo), e que, à época, sentia-se o próprio Makar, personagem principal da história do mestre russo, sem dinheiro e em miséria quase total. O tradutor apontou outros pontos da obra - que foi escrita em 1844, quando Dostoievski tinha apenas 24 anos - lembrando que o autor russo foi o primeiro a falar de burocracia, numa linguagem ampla, que diz a todos, em todos os tempos. Traçou, ainda, paralelos do texto com O Capote, de Gogol, dissecando, porém, diferenças sutis que impedem interpretações convergentes para ambas as obras. "Escrever cartas irá salvá-lo do uniforme", vaticinou, sobre a sina dramática do velho personagem.
   Marcelo Uriel aludiu ao abismo em que nos lançamos toda vez que lemos Dostoievski, discorrendo sobre a vertigem de aprofundamento a que nos remete a sua ficção.
   Quem o sucedeu foi o dr. Edson Amâncio, com um discurso voltado a descontruir sua possível especialidade em Dostoievski, e, mais ainda, em Psicanálise. Apesar de refutar essas condição peremptoriamente, não foi a impressão que tivemos. Pois o neurocientista mostrou loquacidade e conhecimento ao penetrar alguns meandros que ligam o mestre russo com o mestre de Viena. Após fazer uma digressão profunda sobre a questão epiléptica em Dostoievski, também exemplificou, por ex., que ele antecipara em Os Irmãos Karamázov, o Freud de Totem e Tabu.
   Retomando a fala, Nicodemos Sena fez uma curta e arguta análise da questão editorial no Brasil, reclamando, entre outras coisas, da falta de talentos literários jovens no pais. As necessárias perguntas e apontamentos da plateia, para todos os componentes da mesa, mostraram o clima plural que permearam o debate.
   A bela noite que principiara ali findou com os autógrafos de Luís Avelima e o gostoso café que foi oferecido aos convidados.