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28.7.17

Um textículo: "a metade além de mim"


as asas azuis
a pele pelando, amarelha
os ossos cinzas

olhos voam, por onde tu flores

em, a profunda superfície do signo

24.7.17

Um textículo: "ex"

era apenas a folha da velha agenda
rasurada
pior, chamuscada nas bordas
o que foi, o que tinha sido 
era agora pior. muito pior que o pior pesadelo
a vingança, lépida, líquida e fria
vinha lambendo as juras antigas
brevemente iria apresentar a fatura
conta vencida, juros exorbitantes
e uma dívida improvável de um passado 
que se projeta - de novo! - para o futuro

era apenas uma folha velha de agenda
mas tinha tanto sangue

20.7.17

Um textículo: "instante"


o paraíso será assim:
você irá chorar
com todos os seus olhos
com todos os seus lábios
enquanto eu
em espanto
desfolharei nossos cabelos

chuvas torrenciais
relâmpagos, raios e trovões
redemoinhos, ventos, furacões
até tudo estar quieto
e descansarmos na sétima hora

em tudo
flores ser

17.7.17

Um textículo: "das dores"


são duas as dores que antecedem a anestesia
e infinitas as que a sucedem
entre esses mares de pesares
há uma ilha, a extasia
o sono profundo da pele, o sétimo dia bíblico
uma apostasia

16.7.17

Um textículo: "prosaesia"


...e só depois da morte é que presumivelmente viveu.
"então ela/ele levantou-se depois de saciada/o, olhou o seu amor ali estendido e entendeu: tudo está consumado."
passaram-se minutos. horas. dias. anos. a eternidade toda. outra eterna idade veio. e passou.
"então ela/ele saciou-se. viu-se estendida/o ali e sentenciou: tudo está consumido."
todo amor é feito de pequenas mortes: consuma-o. por isso a intensidade de vida que há: consuma-a.

3.7.17