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26.9.08

Cinto Verde Para Barriga Cinza

Há muito tempo não passava pela av. Sumaré, ali na zona oeste de Sampa. Lá se vão bem uns dois ou três anos.

O fato é que gosto dela. Tem lá seu encanto num canteiro central onde algumas árvores dezenárias, perfilam-se distraídas, num clima bem bucólico. A qualquer hora do dia e também à noite é possível ver caminhantes, corredores, ciclistas e cachorros concorrendo democraticamente ao seu ar tranquilo. Um cinto verde discreto na gordura cinzenta dessa metrópole.

Passei por ela anteontem cedo, de ônibus, bem rápido. Não sei bem o que me faz sentir-se tão anelado a ela. Será o fato de ligar duas grandes paixões minhas, a boêmia Vila Madalena ao Parque Antárctica? Ou pelo fato de já ter ficado horas a fio em papao descontraído tomando cerveja lá no Jucalemão, com o Levi, antigo parceiro de trabalho e copo? Não sei.

O fato é que desenlaçou um nó em mim o passar por ela nessa manhã ensolarada de uma primavera nascente. Às vezes, sinto uma angústia feliz, bem roseana, quando desfruto dessa condição de vivenciar algo que me entorpece, me transporta para uma dimensão meio inexata, complexa, bem contundente de ser experimentada. Pode ser na leitura de um poema, ouvindo Wagner ou Bethoveen, Miles Davis ou Djavan, Sacha Arcanjo ou Carla Bley. Também acontece de me acometer no meio de um Akira Kurosawa, David Lynch, Fellini ou Joaquim Pedro de Andrade. Outras maneiras são diante de um Brecheret, um Botero, um Vermeer ou Di Cavalcanti.

O fato é que o engenho da vida é evanescente, mas a arte aprofunda os campos sensoriais. Essa experiência com o cosmo, de completa aliteração, é que nos permite enxergar a vida não como uma vitrine esquisitóide e compartimentada. Ela deixa uma outra evasão, permitindo-nos enxergar a vida com os olhos da desrazão, onde pulsa uma infinita vontade de prosseguir, independendo das máculas que o cotidiano gera em nossas peles tão frágeis.

22.9.08

Crônicas Horas

Hoje é segunda. Dia nem ruim nem bom, apenas diferente. Síndrome de Garfield.
Venho de uma noite estranha: dois sonhos justapostos e incompletos e uma insônia cavalar, que me pegou das duas e meia até por volta das seis da manhã. Isso porque tinha que acordar às 6:30h. Como já previsto, perdi hora, compromisso, argumento e bônus. Tudo bem, parto pra outra; fica pra outra.

Queria entender esse negócio de insônia. Ela, que me é uma companheira constante, e tremendamente produtiva, às vezes me agride de uma maneira enviesada e, por que não dizer?, cruel. Pois noites insones normalmente rendem alguns bons poemas, que depois são desbastados com formão e dicionário à luz do dia. Também rendem ótimos filmes, sem interferência de filhos, mulher, testemunhas de jeová, brigas no videogame ou gritos de gol da casa vizinha. Outra coisa legal de noites de "olhos pregados" é a leitura tranquila de um bom livro ou um programa legal(mas não previsto) na tv. Mas hoje não foi assim.

Acordei suado, tentando juntar os remendos dos sonhos que tinha me levado a despertar. Não lembro, ou melhor, lembro-me sim, apenas que num deles(o primeiro?), eu e meu filho pegávamos três pipas sozinhos numa rua do bairro. Só isso, o resto caiu no limbo do esquecimento. Do outro sonho, lhufas; quero dizer zero, nada. O fato é que despertei e não mais dormi. Com um pouco de boa vontade de meus músculos, depois de uma hora e treze(contados!), resolvi levantar, fazendo um esforço insano para não acordar ninguém. Consegui! Fui pra sala. Na televisão, necas de pitibiriba. A tv paga se assemelha à qualquer outro canal aberto em alguns momentos, principalmente na madrugada; seus programas, quando não são reprise enfadonha, são "focados", pontuais; devotados a uma faixa restrita de público.

Sem contar a alopração dos evangélicos que invadiram os canais abertos e "roubaram" mais de 50% da programação dos canais abertos, a partir das 9 da noite.
A cultura televisiva, que era algo que os "crentes" discutiam muito, se era perniciosa ou não, isso há não
mais que uns 25 anos atrás, hoje é obliquamente monoteísta. Quando eu resolver fazer um programa voltado para os ateus, como é que vou ser recebido? A pedradas? Como se sentem os espíritas, os budistas, o pessoal do candomblé nessa história?

Restou-me o consolo de jogar Playstation sozinho, com medo que meus filhos acordassem e dessem um flagra no papai, ali, escondido. Pior que isso, só quando me levantei do sofá, com fome, e assaltei o iogurte na geladeira.

6.9.08

PROPAGANDA É A ALMA DO NEGÓCIO

Está lá na estação Brás, na passagem do trem para o metrô, tem uma tenda com o seguinte comercial:


"Hamburguer: Catchup + Mostarda - Só 1,99
HAMBURGUER GRELHADO NO GEORGE FORMAN"



Acreditem! É verdade!