Escobar em foto de Xaxá (2013)
Escobar Franelas é graduado em História. Autor de "hardrockcorenroll" (poesia, 1998), "Antes de Evanescer" (romance, 2011), "Itaquera - Uma Breve Introdução" (história, 2014), "haicaos - feridas, fragmentos e fraturas poéticas" (poesia, 2018), "Premiado" (romance, 2019), "Memórias - 10 Histórias Sobre o Viver em Itaquera" (história e memória, 2021), "hipjazzcoolbopfunksambabensoulblue" (poesia, 2022) e "Contos Crônicos" (2024).
Faz parte dos coletivos A Casa Amarela, espaço cultural independente de São Miguel Paulista; Lentes Periféricas (de produção audiovisual), Curta Suzano (organizador de festivais de cinema) e do Núcleo AOTA, de Pesquisa e Criação em Audiovisual.
ENTREVISTA PARA O ESCRITOR PAULINHO DHY ANDRADE
1-Pergunta: Olá, Escobar, tudo bem? Podemos começar a entrevista com você nos dizendo o significado de “Franelas” no seu nome?
Escobar: A tradução literal da palavra para a língua brasileira seria "flanela", o tecido, mas o contexto do nome é mais jocoso, refere-se a uma terminologia portenha que seria algo próximo a milongueiro.
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2- Pergunta: Você tem formação acadêmica? Qual?
Escobar: Sou graduado em História.
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3- Pergunta: Há quanto tempo você escreve profissionalmente?
Escobar: Poderia dizer que sou um profissional da literatura há 36 anos, quando participei pela primeira vez de uma coletânea de textos, a Antologia Poética de Pinheiros (Scortecci), em 1989. Todavia, se formos pensar em um sentido mais formal para esta palavra - profissional - devo citar que foi em 1998, ano que ganhei um prêmio em dinheiro pela primeira vez, no "Arte na Cohab", da Secretaria da Cultura de São Paulo. É também o ano em que lancei meu primeiro livro, "hardrockcorenroll", de poesias.
4- Pergunta: O que te inspira a escrever suas obras?
Escobar: Não acredito em inspiração. Às vezes tenho pequenos insights com coisas que vejo ou ouço e a partir disso inicio um trabalho de escrita que geralmente exige um tempo bem dilatado e muita paciência e transpiração. A maior parte do que escrevo, acho que uns 95%, abandono no meio do caminho. Alguns textos retomo depois.
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5- Pergunta: Qual de seus livros é o mais comentado, e o que dizem os leitores sobre ele?
Escobar: Todos ganharam algum tipo de retorno, como elogios nas redes virtuais, resenhas e indicações espontâneas, mas as ficções em prosa têm permitido alcançar outros campos e nichos, como adaptações para o cinema, por exemplo.
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6- Pergunta: Tem algum livro novo a caminho? Pode falar um pouco sobre ele?
Escobar: Acabei de lançar "Contos Crônicos", pela Lavra Editora (SP). Foi a minha primeira incursão pela ficção com narrativas curtas, mesmo que contos e crônicas sejam formas de expressão que pratico há muito tempo, pois sou egresso do jornalismo de bairro, onde publiquei muitos textos por periódicos de Itaquera, Guaianases, Cidade Tiradentes, outros bairros, cidades e até países.
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7- Pergunta: Você também atua em teatro?
Escobar: Teatro foi a porta de entrada no mundo do arte, quando eu era adolescente e fiz parte de um grupo que se formou na escola onde estudava. Mas logo me dei conta que era ruim de palco, assim como sou ruim de instrumentos (durante muitos anos insisti em querer ser músico). O que aconteceu recentemente é que, provocado pelo Claudemir Darkney Santos, um dos grandes dramaturgos que conheço, comecei a escrever monólogos e pequenos esquetes teatrais. Aos poucos, tô me soltando nessa seara.
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8- Pergunta: Fale um pouco sobre sua experiência com Saraus.
Escobar: Os saraus hoje são a experiência poética mais visceral no campo da linguagem, atingindo os indivíduos num amplo processo de interações socioculturais. Todo sarau é um baile/balaio que provoca, recebe e processa diversas expressões da arte, o que melhor exemplifica no século 21 a ideia da catarse dionisíaca.
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9- Pergunta: Tem algum escritor clássico que você admira?
Escobar: Muitos, mas para não ficar no genérico, cito Clarice, Borges, Cortázar, Akira Yamasaki, Camus, Adriane Garcia, Pepetela, Ungulani, Conceição Evaristo, Sérgio Vaz, Virgínia Wolf, Fuentes.
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10- Pergunta: Você acredita que é possível um escritor sobreviver da escrita aqui no Brasil?
Escobar: Sim. Conheço gente que escreve e paga suas contas com publicações, histórias, palestras, debates, cursos, entrevistas, blogues, canais nas redes virtuais etc., enfim, uma infinidade de atividades correlatas à escrita.
11- Pergunta: O que acha dos jovens autores que estão surgindo? Acredita que a visão da juventude está mudando em relação aos livros?
Escobar: O livro é uma mídia, um produto cultural. O que debatemos é se as mudanças qualificam ou não o hábito da leitura. E se a leitura, enquanto expressão da arte, continua alimentando as relações ou se tornou apenas uma engrenagem do entretenimento.
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12- Pergunta: Fale sobre o Sarau Conectando Satélite. Qual a sua participação?
Escobar: O Conectando Satélites é um canal de difusão de informações culturais no WhatsApp. Na Aldeia Satélite acontece o Sarau Arte Canal, que é tradicional e do qual sou um devotado apoiador.
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13- Pergunta: O que você tem a dizer para os escritores que estão começando e/ou para aqueles que pretendem ingressar no mundo literário?
Escobar: Meu conselho é: "não aceitem conselhos". Vão lá, capinem o mato e façam a sua própria trilha.
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14- Pergunta: Se você não fosse escritor, qual caminho seguiria?
Escobar: Na verdade, sigo vários caminhos, na arte (literatura, audiovisual, produção de eventos etc.), na educação e no comércio
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15- Pergunta: Gostaria de deixar algumas palavras? Fique a vontade.
Escobar: Agradeço o convite para este diálogo. Espero ter correspondido.Muito obrigado, Escobar.
Nota: Encontre o livro: "Contos Crônicos" no Site da Editora Lavra Editora:
https://lavraeditora.com.br/produto/contos-cronicos/
Postagem original em 14 de janeiro de 2025: <iframe src="https://www.facebook.com/plugins/post.php?href=https%3A%2F%2Fwww.facebook.com%2FDhiAndradePaulinho%2Fposts%2Fpfbid02Dsj9WtfSq2KoKhq1AD1Y4Hfi