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15.4.12

Pequena crônica sobre Costa Senna, um multiartista

N´alegria do lançamento de O Lobisomem da Av. São João, de Costa Senna, notei a falta de algumas figuras imprescindíveis: o dr. Leo, que aprendi a amar, amar incondicionalmente, pelo seu engenho em favor da arte e da vida; o Jaime Fran, dono de sorriso tímido e elegante, de quem tenho muita saudade, já que sempre foi  bom papo, figurinha carimbada nos shows do Senna; e a Raquel - musa desde sempre - que, presa das circunstâncias, teve que plantonear no hospital nessa linda noite de sábado, enquanto eu pavoneava na Ação Educativa, Vila Buarque, área central da Sampalândia que tanto amo. Mas a festa dos autógrafos foi, apesar dessas ausências, muito bonita, com artistas populares a granel, música de qualidade a rodo, poesia de tonelada e ideias inteligentes no atacado.
 Cheguei com o evento já andando. Parte do projeto Bodega do Brasil, a festa foi apresentada pelo cantor e compositor Cacá Lopes. Andando pelo recinto, fui reencontrando velhos parceiros, conhecendo gente nova, reconhecendo rostos de outras redes e telas, abraçando e saudando novos e antigos amigos. Sei que vou cometer equívocos, mas lembro nessas linhas apenas alguns nomes: os jornalistas Gilberto Lobato Vasconcelos e Carlos Moura; Meramolim, cantor, compositor e educador; e Marco Haurélio, pesquisador dos mais proeminentes em literatura popular. Bastante gente eu esqueci o nome porque conversamos muito, com muita gente, em pouco tempo. Outros, porque gravei apenas os nomes iniciais e fica deselegante citar pela metade, né? Conversa amena, temperada com vinho, uísque e amendoins diversos, de crocante a japonês. Precisava mais? Confessemos, assim fica mesmo difícil lembrar, certo? Nos próximos encontros (espero que haja muitos), a gente troca novos cartões de visita, os telefones anotados em guardanapos...
 A festa foi demais bonita. "O Lobisomem..." vai ganhar vida por si, sem que eu precise delongar aqui sobre a bela fábula de horror e redenção, fantasia e surrealismo, cartografia e transcendentalismo. Ele vai alçar voo próprio pois é carregado de inteligência, artesanato, ineditismo e intencionalidade, preceitos próprios para qualquer obra que se queira "de arte". Se Costa Senna traz um pouco de Jano, o herói de sua empreitada fantástica (vemos no personagem muito do poeta, do cordelista, do cidadão - do artista in natura, enfim),  também Tismério, o lobisomem; ou Musahumana (isso mesmo, o próprio nome a explica); têm largos lastros do autor. Representam um ideal de vida incondicional, do qual não podemos prescindir. Em Senna, o Poeta, que aprendemos a amar sempre que dialogamos com ele, ou quando o ouvimos empunhar o microfone, temos um artista múltiplo, amplo, virtuoso, que se/nos apresenta a todo momento, em qualquer lugar. Não por acaso, o cara é, além de poeta, cordelista, cantor, compositor e agora romancista, também ator.
 Por isso mesmo, confesso minha alegria pelas coisas maravilhosas que vi, senti e vivi essa noite, e que seguirão em minha lembrança sabe-se lá até quando. A julgar pelo agora, provavelmente irão esconder-se por boas eternidades aqui dentro, entre o lado esquerdo do tórax e o alto da montanha onde os cabelos estão plantados.
Ah, sobre o livro não falo, ou falo pouco. Como fiz a apresentação,  qualquer lauda que escreva vai parecer legislação em causa própria. Então, suspenso entre duas vontades, a de ser discreto e a de divulgar uma obra que entendo ser muito boa, me esquivo e comento apenas que quem embarcar nessa viagem, não vai voltar igual após o ponto final.
E ponto. Final.

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