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16.5.16

Deus e o Diabo na Chess Premier League



Bem, amigos, estamos aqui na Arena Brasilha, nesse país atlântico, essa ilha chamada Brasil. Lugar bucólico, paradisíaco, com um povo carnavalesco e radicalmente alegre. E, como todo grupo extremista, os brasileiros são uma gente sediciosa, bélica, homicida e suicida. Por causa da sua felicidade, são capazes de matar… e morrer!

Mas nós, da rede universo, estamos aqui por outro motivo. Estamos aqui pois enfim chegou o grande dia. Hoje acontece o match final entre aqueles que são considerados os maiores enxadristas de toda a história e de todo tempo. De uma lado, o anjo de luz, o galã dos tabuleiros, o rebel way of life. De outro lado, o sisudo carismático, o hermético pragmático, o prático, o burocrático, aquele que tem a torcida mais fanática.

Após os intervalos, teremos os comentários de nossos convidados especiais que estão aqui para presenciar esse duelo de titãs, na batalha do século. Ao perdedor será concedida a efemeridade mas ao vencedor, a eternidade, esse troféu sem devolução!

Voltamos a apresentar esse encontro fenomenal, esse duelo fabuloso, com duas forças rivais, uma partida que simbolicamente traduz o fim de uma era: quem ganhar leva tudo; quem perder, fica sem nada. Bem, vamos com nossos repórteres que tudo veem, tudo escutam e aqui retransmitem a realidade cruel desse encontro apocalíptico em Brasilha, esse lugar quente, abafado, onde os coqueiros acenam de um lado como a dizer adeus e as palmeiras acenam de outro como se respondessem aos coqueiros um gesto involuntário de partida. Com vocês, Papagaio de Pirata!

Boa tarde, senhoras e senhores, damas e cavalheiros, crianças e idosos. É… aqui estamos nesse monumental estádio de Brasilha, especialmente para este confronto entre dois estilos opostos, táticas complementares de batalha. De um lado temos Deus, o cofiador de barbas brancas, sempre calmo, munido de seu silêncio sepulcral e avassalador. De outro, o diabólico, o loquaz, o rubro da capa negra, Lúcifer, sempre com seu sorriso maroto, uma de suas marcas. Desconcentrado e inquieto, ele está ali, na sala de imprensa, distribuindo autógrafos para seus adoradores.

Nessa guerra de táticas e posturas, a pergunta que não quer calar é: quem ganhará essa partida? Eu não arrisco palpite. E você, meu companheiro de trabalho, Pagão dos Santos, prostrado aí do outro lado da mesa? O que você vê que ninguém mais consegue enxergar?

Antes de tudo, o meu boa noite a todos os espectadores. Eu também não arrisco palpite, Papagaio, até porque sou admirador dos dois estilos, tão distintos, tão sedutores e – como você já comentou aqui nessa transmissão – tão complementares. Parece até que um vive para dar luz ao outro. Seria, para usar uma metáfora futebolística – como se Pelé estivesse para Garrincha, ou Messi para Cristiano Ronaldo em sua sombra. Ou Senna para Prost. Agora é aguardar e, quem tiver juízo, que espere até o final. Quem viver, verá um embate transcendental.

Bem, meus amigos, tivemos aí os comentários poéticos de nosso repórter. Agora vamos a mais um break comercial. Logo voltamos, é pá e pum, vapt-vupt, zás-trás.

Terráqueos e terrenos, aluados e lunáticos, depois de um zap com nossos patrocinadores, depois de faturar o dinheirinho do leite das crianças e o trocadinho da feira da patroa, estamos de volta com nosso match final ao vivo. Uma partida para ficar além da história, um encontro transmitindo para todas as galáxias através das ondas celestiais da nossa rede universo.

Depois de três dias, o grande jogo de xadrez entre Deus e o Diabo nessa terra do sol está empatado. Se por um lado, o grande lorde cedeu sua dama, num lance muito ousado e discutido nas redes sociais, ele também abriu mão de atacar com os bispos. Lúcifer, por sua vez, numa estratégia inédita, se desfez de um de seus cavalos, sacrificando também quatro peões. Aliás, Deus acaba de perder um dos bispos – os dois! – num erro que parece meio primário, e que pode lhe custar a própria vida. Mas também pode ser um movimento inesperado. Vamos aguardar o desenlace disso tudo!

Nesse momento, Pagão e Papagaio, parece que o Diabo tem um certo predomínio do jogo, mas sendo os dois os reis das táticas, tudo pode acontecer. Lembrando que a partida não poderá durar mais que seis dias, porque se isso acontecer será empate pois, ao sétimo descansarão, conforme ditam as regras.

Os nossos comerciais, por favor!…

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