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20.5.12

Caderno de viagem

Cheguei de Santos nessa madrugada, depois de participara da FALAR - Feira Alternativa de Arte, evento coordenado por Cláudia Brino e Vieira Vivo em comemoração aos 10 anos do Clube de Poetas do Litoral.
Eles, e os demais presentes fizeram com que me sentisse em casa. Desmedidos, desprendidos e inteligentes, organizaram "no muque" um evento que de cara já cumpre vários dos papéis que se espera do poder dirigente, mas que acaba ganhando relevo quando as pessoas certas se dispõem a fazer. A saber: uma feira de arte . Esse empreendimento precisa de muito mais que força de vontade, domínio do saber e dinheiro. É preciso  múltiplos entendimentos, gana, argúcia, simpatia, exercício democrático escorado - ainda que momentaneamente - em algumas doses homeopáticas de "tirania", além (está claro!) dos três atributos citados anteriormente, para que aconteça com o mínimo de qualidade, critério e cumprimento da proposta imaginada em prováveis (exaustivas) reuniões.
Ruminando com meus botões, percebo que, dos ingredientes listados, faltou à dupla apenas o indefectível dinheiro. Mas aí reside o que, para muitos, embriagados de sanha capital, pode parecer uma apostasia. Ficamos às vezes imersos na redoma da crença cega de que, sem dinheiro, não se consegue fazer as coisas.  E eis que somos apanhados de surpresa inexata e descobrimos que eles, surrealmente, vão descobrindo fórmulas (básicas, óbvias e aplicáveis) de fazer a roda da arte girar. E, assim, a vida cultural de Santos segue a sina, independente da correlação (ou não) com os poderes instituídos, "oficiais".
A FALAR foi uma mostra abrangente e peculiar. Tinha livros de diversas editoras e vários outros do selo do próprio grupo (a editora Costelas Felinas), anarquicamente mantida pela dupla incansável. A CF, sem CNPJ e outros registros/permissões , confecciona livros em tiragens artesanais. São bonitos, inspirados, bem acabados, e com o principal ingrediente: têm conteúdo. Baratos para o autor que o publica, barato também para quem o compra, antes fadados às gavetas ou - no máximo - aos blogues, agora ganham página, capa e cores. Ganham alma e vida. Trouxe alguns de lá, para meu deleite.
Mas a FALAR teve mais: quadros e artesanatos belamente confeccionados, apresentação musical de qualidade, exposição de xilogravura, exibição de clown com um Carlitos muito característico, muita troca de ideias com gente interessante, sorteios, distribuição de brindes, muitas fotos de recordação enfim.
Diante do exposto, fica a questão: faltou alguma coisa? Sim, faltou mais público, que embrenhasse na poesia, nas entranhas do Clube dos Poetas do Litoral. Faltou dinheiro para os organizadores fazerem uma festa ainda mais bonita. E faltou dinheiro no meu bolso, pois, por mim, saía de lá empanturrado de livros e outros tais, mas... cadê grana pra tudo isso?

Casa cheia? Ano que vem queremos o dobro no 11o. aniversário do Clube dos Poetas do Litoral (foto Escobar Franelas)
Vieira Vivo, Zé Carlos Batalhafam , Claudia Brino e este rascunhador (foto de quem, mesmo?)
Mesa farta, para degustação de todos (foto de EF)
Público presente (foto de EF)
O poeta Zé Carlos Batalhafam, diante do varal com suas poesias (foto de EF)

Um comentário:

Cláudia Brino disse...

Caro amigo Escobar, suas palavras servem para todos nós... pois cada um arranja um jeitinho de batalhar e levar a arte adiante.
A presença de todos vocês na Falar é uma prova disso.
Valeu rapaz!
cláudia brino