Pesquisar este blog

25.9.12

Arte é a vida

"Arte é a vida". 
Foi essa a discussão que alimentei ontem. Conversa regada a cerveja para alguns, vinho para outros, café e água com gás para mim. Um discussão tola, reconheço, mas necessária.
As pessoas que cresceram com a ideia de que a arte é um elã sublime, cuja vocação é santa e está à revelia do homem, e que justificam que é obra artística apenas aquilo que é "belo" e está em algum lugar esperando uma contemplação, sinto muito, a arte já ultrapassou essa condição faz tempo. Cem anos, no mínimo.
"Arte é a vida".
Por exercício da arte, entendo a vida se completando indefinidamente, infinatamente, sob a magia da dúvida, da espera, da memória. "A arte é  o que faz a vida mais interessante do que a arte", estabeleceu Fillou, e eu concordo com ele. Definimos um continuum em que uma "existe" na outra e juntas tornam crível a possibilidade mágica da experiência humana. Sem credos, sem hierarquias, sem relações de poder, apenas a vida, pulsando de forma vibrátil pela sua própria condição orgânica.
"Arte é a vida".
Pois um poema não é uma obra de poucos afetados. Um poema compõe-se de tudo o que é possível apreender em seu corpo-palavra.  Um poema não é para distanciar o poeta do leitor. Um poema é para aproximar as pessoas, para ligar o homem ao infinito, para estabelecer uma relação mais prazerosa entre o indivíduo e a Gaia. Um poema não é uma obra final com início, meio e fim. Um poema é feito todo dia, de várias maneiras. E é passível de ser vivido (e até "lido"!) a qualquer momento, em qualquer lugar. O poema - definitivametne - não está na folha de papel, ele está no sorriso de uma criança, na memória de um ancião, na cascata que prisma a luz do sol, no barulho do vento, no trinar do pássaro livre e até no canto fúnebre que entoamos a um ente querido que cumpriu sua parte no grande projeto. 

Nenhum comentário: