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21.9.18

Pedro Pereira Lopes na Casa Amarela

Foto: Célia Maria Ribeiro

A confirmação veio menos de 48 horas antes: Escobar, queria avisar que na quinta chegarei ao Brasil, no aeroporto de Guarulhos, às 4 da manhã.
Eu já sabia que o escritor moçambicano Pedro Pereira Lopes - com quem troco intensa correspondência virtual faz 7 anos - viria ao Brasil, isso já há alguns meses. Sabia também que ele foi convidado para o Caruru dos 7 Poetas, na cidade Cachoeira, na Bahia. E desde que fiquei sabendo de sua estadia entre nós, quis muito que essa passagem dele pela Sampalândia para conexão com destino à Bahia, fosse também um momento de trocas e de afetos. Queria também que ele ganhasse um senhor evento, de modo que ficasse grudado em sua memória afetiva como um chiclete ou uma música dessas de refrões "colantes".  Questões burocráticas, porém, nos impediram de fechar acordo até os 43 do segundo tempo, impedidos de criar qualquer ação, já que não tínhamos certeza de nada, exceto a de que queríamos (e iríamos) nos abraçar.  
Quando, porém, na terça à noite PPL me informou que na quarta à tarde sairia de Maputo e depois de uma breve escala em Luanda (capital de Angola), pousaria no Brasil na madrugada de quinta, me preparei para recebê-lo. Quando ele me contatou já em Angola na manhã de quarta e eu o informei de que não criaria nenhum evento formal, dado o tempo exíguo, ele então me mandou fotos de alguns jornais de Moçambique que informavam de sua participação em eventos em São Paulo. Uma das matérias, inclusive, me citava nominalmente e à Casa Amarela, espaço cultural independente que ajudo a gerir. 
Me senti então na obrigação de preparar algo para recepcioná-lo. Liguei para o Akira, um dos grande poetas de nosso tempo e que com outros espíritos devotados e benevolentes, nos ajuda a gerir a Casa Amarela e ele de pronto topou fazer um corpo-a-corpo para gente juntar uma galera decente para ver e ouvir o nosso convidado, a primeira atração internacional que a casa recebe nesses sete anos de vida. 
E não é que deu certo? A casa encheu e todo o povo reunido em torno dele, ouviu com carinho e atenção as palavras 
E tome ligar, avisar, fofocar, criar evento no Facebook, mandar mensagens pelo Messenger e zap-zap etc, tentando convencer o máximo de pessoas da importância da presença. Na quarta à noite, durante o Quarta autoral, projeto que o Akira toca no  Zé Rock Bar, reiteramos várias vezes o convite para que todos o prestigiassem. E o público compareceu, e fez uma beleza de mesuras ao escritor, com perguntas, dois números musicais com o grupo vocal feminino Auá (que cancelou o ensaio semanal para estar presente com seus 9 membros); cantou e declamou para ele. No fim, uma bonita sessão de autógrafos e muitas fotos junto com ao jovem e simpático escritor. A noite estava ganha.

x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.

Pedro Pereira Lopes nasceu na Zambézia, em Moçambique, em 1987. Contador de histórias e poeta, é fundador da web-revista de literatura Lidilisha e do projeto Ler para Ser. Mestre em políticas públicas pela Escola de Governação da Universidade de Pequim, é docente e pesquisador no Instituto Superior de Relações Internacionais, em Maputo.
Em sua visita á Casa Amarela, PPL contou um pouco de seu percurso literário, falou da África, China e das primeiras impressões sobre Brasil, já que chegara em São Paulo havia poucas horas.



Foto: Escobar Franelas
Alguns de seus livros mais conhecidos são: 


Kanova e o segredo da caveira. Maputo: 2013.
Viagem pelo mundo num grão de pólen e outros poemas. Maputo: 2014.
A história do João Gala-Gala. Maputo: 2017.
O mundo que iremos gaguejar de cor. Contos, de 2017.
Mundo grave. Maputo. Romance lançado este ano.


Alguns prêmios que já ganhou:

Prêmio Lusofonia, Município de Trofa, 2010.
Menção honrosa, Prêmio Literário 10 de Novembro. Maputo, 2015.
Menção honrosa, Prêmio Literário Eduardo Costley-White. Lisboa, 2016.
Prêmio Maria Odete de Jesus, Universidade Politécnica. Maputo, 2016.


Foto: Celia Maria Ribeiro


Foto: Luka Magalhães sobre selfie de Raquel Pereira

Foto: Celia Maria Ribeiro

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