fico observando o poeta
na portaria do prédio.
a flor cai sobre a lança.
ele a observa, e súbito
dá um salto na guarita, afasta a cadeira
pega a caneta e rasga-se todo
a rascunhar versos que não vêm.
o poema, lá fora, rasgou-se em dois
na lágrima fria da chuva fina.
repousa no bueiro e no canto do calçamento.
fragmentou-se, não existe mais.
nunca existiu.

Nenhum comentário:
Postar um comentário