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15.8.12

Entrevista: Santiago Dias (poesia)


EF – Fale um pouco de você, de onde vem, como tudo começou, de como sua arte se manifestou:
SD – Sou mineiro de Nova Belém, que é próximo da divisa com o Espírito Santo. Vim para São Paulo em 79, publiquei meu primeiro livro em 82 e saí vendendo de mão em mão. Depois, em 83, publiquei “Sagrada Primavera”, em 85 “Caminho”, em 87 “Estradar”. Em 1994 publiquei “Canto ao Amanhã Sem Dor”. Com eles, vendi 25 mil livros no eixo Rio-São Paulo-Belo Horizonte.
Agora estou me preparando para publicar um livro de crônicas e prosas, não sei se consigo, tô atrás de editora. Não vou mais bancar do meu bolso e pra pagar eu enrolei muita gente. E aí eu não quero mais fazer isso. Então desenvolvi uma técnica de falar poesia. Vou pegar meus livros e sair por editora.

EF – Quais as suas considerações sobre o Projeto Bentevi*, qual a sensação?
SD – Pra mim foi um prazer estar aqui homenageando o Akira e achei um barato este projeto. Eu achei maravilhosa essa iniciativa. Conheço o trabalho do Akira desde o início dos anos 80. Só hoje conheci ele. Tenho um livro dele, mimeografado, em minha casa, prefaciado pelo Baitola, que hoje é o Edvaldo Santana. Achei um privilégio, fiquei feliz pra caramba. E o Raberuan, em 2007, eu tava com um projeto junto com o Mauri de Noronha, no Lua Nova, “Tocando o Barco da MPB”, eu o convidei para fazer uma apresentação, tinha um público maravilhoso num domingo, até pensei assim, “poxa, esse índio velho vai viver uns 90, 100 anos.” Fiquei chateado em saber que ele estava doente.

EF – Mas ele tá vivendo, vai viver muito mais que isso.
SD – É, o trabalho dele está vivo. Acho que o trabalho da gente, vivendo, o pensamento da gente, sobrevivendo, naturalmente, de uma certa forma , somos nós que estamos vivendo, né?

EF – O ambiente no Brasil hoje está mais propício para quem depende da arte como forma de sobrevivência?
SD – Está até pior. Pois na verdade os artistas não têm espaço em lugar nenhum. Os poetas, os músicos, principalmente. Tem gente que tem coragem de convidar um artista para ganhar 30 reais para tocar numa noite. Você acha que tá propício?
As emissoras de rádio não tocam música brasileira, tocam música que não tem nada a ver, música de consumo fácil. Não tá fácil, não tem nada fácil.
Mas não vou desistir da arte, vou pegar meu livro, por debaixo do braço e sair na batalha como sempre fiz. Porque na verdade não tenho medo de enfrentar a dificuldade.


* Nota: o projeto "Bentevi, Itaim", no qual Guiberto Ginestra leu alguns poemas de sua autoria, é um conjunto de eventos poéticos-musicais que tem por finalidade arrecadar fundos para o lançamento do livro-cd de poesias do Akira Yamasaki, poeta da melhor qualidade e produtor cultural. O mesmo leva este nome em homenagem ao cantor e compositor Raberuan, falecido recentemente e que gravara pouco tempo antes uma singela canção chamada Bentevi, de autoria do mesmo e de Akira.

 fotos EF

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