Vieira Vivo, Zé Carlos Batalhafam, Cláudia Brino e Escobar Franelas, durante a FALAR - Feira Alternativa de Arte, em Santos, SP, em maio último
(Esta entrevista começou no dia da FALAR - Feira Alternativa de Arte, em 19 de maio último, em Santos, SP, apenas com o poeta Vieira Vivo. A Cláudia Brino estava mais enrolada com algumas tarefas logísticas durante o evento. Acontece que meu gravador pifou alguns dias depois e perdi meus arquivos, inclsuive outras entrevistas e uma seleção de 150 petardos genuínos do r´n´r´(snif...). Considerei voltar ao litô para outra rodada de conversa, mas fui me enrolando de tal jeito com trocentos compromissos aqui na Sampalândia, que a maneira mais sensata que encontramos foi trocar idéias via e-mail. Foi quando o Vieira sugeriu que a Claudia participasse, o que contribuiu para vitaminar ainda mais o triálogo.
Aí está o prato, servido quente, para nossa degustação. Bom apetite!)
1) Quem são Vieira Vivo e Claudia Brino?
Vieira Vivo, poeta da geração mimeógrafo, letrista, escritor, editor da revista Cabeça Ativa e da Ed. Costelas Felinas (livros artesanais). Onze livros publicados, inclusive de humor. Juntamente com Cláudia Brino fundou e coordenou o Movimento Ativista (junção de editora alternativa, revistas poéticas e atividades literárias voltadas exclusivamente para veiculação literária independente.
Membro do CPL e do grupo de performances poéticas RimaRara.
Cláudia Brino, poeta, fotógrafa, ativista cultural, fundadora e coordenadora da Ed. Costelas Felinas (1998) e do Clube de Poetas do Litoral - CPL (2002), diretora de performances poéticas (Grupo CPL e RimaRara).
É responsável pela edição e diagramação das revistas Cabeça Ativa, Trajes Poéticos e dos livros editados pela Ed. Costelas Felinas. Autora de 14 livros.
2) Quando seus caminhos se cruzaram e possibilitaram essa "união" artística?
Cláudia Brino e Vieira Vivo: Embora já nos conhecêssemos a um bom tempo foi somente em 2008 que começamos a interagir culturalmente criando a Cabeça Ativa - Produções Culturais (revista e eventos).
3) O que motivou vocês a criarem a Cabeça Ativa?
Cláudia Brino: a criação da revista Cabeça Ativa surgiu pela necessidade de continuar com um trabalho que eu já havia feito com a revista cultural Zênite e com a revista literária Mirante, com algum diferencial.
Vieira Vivo: e este diferencial é o de ser uma revista temática, agregando poetas alternativos, consagrados e estrangeiros em um mesmo contexto poético informativo.
4) Qual a leitura que vocês fazem do momento poético atual, como está a cena literária brasileira (ou até mundial)?
Cláudia e Vivo: Bem a poesia é o estilo literário que conta, atualmente, com o maior número de eventos e só vem aumentando a quantidade de grupos poéticos, saraus, concursos independentes, feiras de arte e até declamações em bares, teatros e espaços alternativos. E essa efervescência está ocorrendo por iniciativa, exclusiva, dos autores independentes, visto que a indústria editorial confinou a poesia a uma posição de ostracismo promocional. Poetas alternativos se sujeitam a bancar seus próprios livros em tiragens muito além do que necessitam, não conseguem distribuir para outras praças e, ainda, ficam proibidos de publicar aqueles textos em qualquer outro órgão. Isso mata toda a veiculação formal. Em contrapartida e por causa disso os poetas vem se aglutinando, vendendo seus livros sem intermediários e através da internet estão conseguindo moldar uma trajetória literária, apesar das dificuldades de sempre.
5) De que outras formas estes trabalhos não contemplados pela "oficialidade" poderiam ser distribuídos, arregimentando assim um público maior?
Cláudia Brino e Vieira Vivo: A distribuição "oficial" em livrarias não existe para os independentes, pois algumas distribuidoras só aceitam acima de mil exemplares e cobram, neste caso, até 50% do preço de capa.
As soluções são alternativas: eventos multiculturais, fanzines e publicações undergrounds, mala direta própria, consignação em bancas e, ainda, catálogos e sites de literatura.
As soluções são alternativas: eventos multiculturais, fanzines e publicações undergrounds, mala direta própria, consignação em bancas e, ainda, catálogos e sites de literatura.
O mercado nos possibilita criar novos caminhos de divulgação e isso é um trunfo que temos na manga. Cada leitor conquistado é uma vitória que nos estimula a cada dia. Mas, é o próprio autor independente que deve diversificar e ampliar ao máximo sua linha de atuação para 'marcar' o nome. E isto numa luta diária, contínua e incansável, lendo muito e produzindo sempre.
6) "Quem" e "o quê" vocês leem?
Cláudia Brino e Vieira Vivo: Como trabalhamos com a edição da revista Cabeça Ativa e livros artesanais nosso material de leitura é muito amplo. E citar nomes é fogo; pois é chato não falar de todos.
7) Mas, afinal, o que é poesia?
Vieira Vivo: Poesia, para mim é delírio. É um lúdico contínuo, tanto de conteúdo quanto de forma.
E a garimpagem deve ser constante. Sinto que as palavras devem passar por um processo de consciência alterada para transmutarem-se em poemas e destilar sacadas, instantes, flashs e toques instantâneos a cada verso.
Cláudia Brino: Meu caro Escobar, vou furtar o que disse o poeta Manoel de Barros: poesia é o delírio da palavra.
E é uma delícia se banhar nesta fonte.
FALAR - Feira Alternativa de Arte (Santos, SP) (foto EF)
O poeta paulistano Zé Carlos Batalhafam diante do varal com suas poesias na FALAR (foto EF)
Público da FALAR - Feira Alternativa de Arte (Santos, SP) (foto EF)
Clube dos Poetas do Litoral apresentado durante a FALAR - Feira Alternativa de Arte (Santos, SP) (foto EF)
FALAR: livros, quadrinhos, xilogravuras, artesanato, cd e muito, muito mais (foto EF)
3 comentários:
assim a gente conhece um pouco mais de voces, embora a entrevista não fale do lado carismático e querido com que voces tratam quem os rodeiam.
beijos
Eu amo este casal de paixão e com eles, já fiz parcerias musicais. Um prazer gostoso. Parabéns e bem merecida, a entrevista.
Assino, também, abaixo das palavras da amiga poeta Kedma.
Realmente, quem convive com esta dupla porreta, ver o quanto eles trabalham - não param nunca -.
Podemos medir, também, o quanto somos amados por eles e o carinho é recíproco e verdadeiro.
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