Akira sob o manto de Ronaldo Ferro (foto: arquivo Akira Yamasaki/Sueli Kimura) |
Na última hora sofremos a baixa do Vinícius Casé. Tudo bem, o Projeto Ronaldo Ferro acontece com sol, chuva, frio, neblina, temporal, tsunami e até com baixa umidade do ar. Na sexta última, dia 10, não foi diferente. A Casa de Farinha, em São Miguel, recebeu um público heterogêneo que veio reencontrar - e prestigiar - esse que é considerado por muito como o grande mentor de uma excelente safra de músicos na região de São Miguel Paulista: o cantor e compositor Beto Rio.
Cheguei meio cedo, tipo duas horas antes, e encontrei o pessoal passando o som. Estavam lá o Akira Yamasaki, Sueli, o Silvinho Kono, Beto, Xavier, a Sandra dos Anjos... Fomos ajeitando as coisas, esticando cabos, as pessoas chegando, muita ideia, brindes, abraços.
Plateia selecionadíssima pra ver Beto Rio (foto Xavier) |
O Akira é, sem sombra de dúvidas, um mestre de cerimônias digno de ser chamado para apresentar o Oscar. Tem o domínio da palavra, a expressão certeira, a entonação exata, devidamente equilibrada entre a emoção e a informação precisa. E pra completar, exceto quando me chama ao microfone, sempre acerta em suas parcerias. Nessa sexta, a convidada para iniciar as loas à deusa Poesia junto com ele é Lígia Regina. Poeta e cantora, inflamada e afinada, Lígia não poderia ser melhor companhia para a iniciação de uma noite que prometia (e cumpriu) ser emocionante. Ela e Akira leem quatro poemas (dois de cada), e a seguir chamam ao palco o Betinho Rio. Retornando aos palcos "oficialmente" depois de uma longa hibernação, Betinho não se faz de rogado, chega e toma conta de um espaço que conhece e domina como poucos. Primeiro acompanhado do filho, Guilherme Maurelli, à guitarra. Depois, em voo solo. Somos atingidos naquela nossa parte mais vulnerável, a poesia ao pé do ouvido.
A sobriedade ao violão somada à poesia desconcertante que canta com naturalidade impressionante, tudo corrobora para tornar o momento único e inesquecível. Entramos em êxtase.
A sobriedade ao violão somada à poesia desconcertante que canta com naturalidade impressionante, tudo corrobora para tornar o momento único e inesquecível. Entramos em êxtase.
Beto Rio, mentor de muitos (foto Xavier) |
Depois, eu e Lígia somos convidados a colorir com alguns versos uma noite que se tornava cada vez mais deleitosa. Em seguida vem Marcos Rio, irmão de Beto que, convidado a abrilhantar ainda mais a noite, emociona-se de tal maneira que os dedos custam a puxar os acordes certos no violão. A energia cristaliza-se, toma conta de forma total, a plateia delira.
Então Akira, Beto e Silvio Kono descem do Olimpo para tornar a festa mais festiva, a cor mais colorida, a música mais musical. Celebram uma arte em processo, sempre, costumeiramente, cotidianamente, tradicionalmente, aqui entre nós, terráqueos.
A seguir, a essas cores tão vibrantes quanto sutis, se somam as luzes de Ronaldo Ferro, o anfitrião de dedos mágicos, que nos brinda com a melhor oferta: sua música. As mãos céleres de Ronaldo têm tamanha destreza na condução das cordas que penso ser ele um semideus, um xamã, um possuído. Ouvir a música dele leva-nos a um estado catártico, um nirvana intraduzível, com o dom de acordar o sol, bordar o arco-íris e arrefecer as mazelas dos cinzas circunstanciais.
Então Akira, Beto e Silvio Kono descem do Olimpo para tornar a festa mais festiva, a cor mais colorida, a música mais musical. Celebram uma arte em processo, sempre, costumeiramente, cotidianamente, tradicionalmente, aqui entre nós, terráqueos.
A seguir, a essas cores tão vibrantes quanto sutis, se somam as luzes de Ronaldo Ferro, o anfitrião de dedos mágicos, que nos brinda com a melhor oferta: sua música. As mãos céleres de Ronaldo têm tamanha destreza na condução das cordas que penso ser ele um semideus, um xamã, um possuído. Ouvir a música dele leva-nos a um estado catártico, um nirvana intraduzível, com o dom de acordar o sol, bordar o arco-íris e arrefecer as mazelas dos cinzas circunstanciais.
Mas a gente ainda tinha mais: Xavier, o tímido mais simpático que conheço, vem com seu contrabaixo, mostrando que além da poesia cristalina e das fotos antenadas, dos dedos mágicos que cuidam de vidas, ali ainda tem mais ás pra tirar da manga. E tome-lhe música de qualidade!
Betinho Rio é um figura singular, mentor de muitos músicos cacifados que circulam por São Miguel. Na sexta, o palco da Casa de Farinha propiciou-nos essa visão do paraíso: vê-lo sóbrio, denso, rico, concentrado, inflamado, endeusado, tocando a todos com sua música peculiar, cheia de versos recortados com régua e compasso, seja com o indefectível violão, ou o cavaquinho ou a percussão.
Xavier, gentleman e artista (foto EF) |
Marcos Rio, emocionado (Foto Xavier) |
Público ávido por Beto Rio (foto: arquivo Akira Yamasaki/Sueli Kimura) |
Ronaldo Ferro, inspirado (foto Xavier) |
Guilherme e Beto, filho e pai (foto: arquivo Akira Yamasaki/Sueli Kimura) |
Xavier, Ferro, Beto e Silvio (foto: arquivo Akira Yamasaki/Sueli Kimura) |
3 comentários:
O que comentar, falar, só que você tem o Dom da palavra. Lindo mesmo...
O que comentar, falar, só que você tem o Dom da palavra. Lindo mesmo...
Absolutamente incrível,precisa e preciosa narrativa de Escobar .Não poderia haver texto mais explicito do decorrer desta noite memorável!Parabéns a todos que estavam presente,pois foram todos essenciais!!!
Postar um comentário