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9.7.13

Antonio Primus e Fátima Bugolin não deixam pedra sobre pedra no Blablablá



Um brinde a Baco, assim começava o 4º Blablablá (foto Lígia Regina)
Por motivos múltiplos e diversos, o Blablablá, roda de debates que acontece mensalmente na Casa Amarela - Espaço Cultural, em S. Miguel, apresentou, em quarta edição, sábado, 06 de julho, um ineditismo que revelou-se muito produtivo.
Um dos convidados, o jornalista Gilberto Nascimento, desde o início da semana anterior, já antevira problemas em sua agenda e apertara a luz de cuidado. Viajando a trabalho, talvez não voltasse a tempo. O recado enviado pelo Facebook na manhã de sábado sacramentou as suspeitas: Oi Escobar! conforme havia dito, não poderei estar presente, pois estou em viagem. Peça desculpas aos amigos e me coloco à disposição para remarcarmos o mais rápido possível. Abração e bom blá blá blá. Sucesso aí na empreitada.
Na mesma manhã de sábado, outra (anti) confirmação via FB: Peço mil desculpas mas, hoje não vou poder ir a reunião. Mil desculpas mesmo, cara. (...) É a primeira vez que eu desmarco algo assim, em cima da hora. Mas a situação pede isso. Já deixo aqui registrado que, tendo outra oportunidade para mim, quero comparecer e fazer um bate papo. Estou em divida contigo. Abraço. Boa sorte. Era o Rodrigo Ciríaco, outro dos convidados para a mesma tarde, que por força das circunstâncias, também teve que declinar do convite.
Mas mesmo assim – ou justamente por isso – os outros dois convidados para o Blábláblá, Antônio Primus e Fátima Bugolin, chegaram com muita sede ao pote. Aproveitaram a oportunidade e trouxeram variados vetores e muitas diretrizes que correspondem aos anseios e interesses da propostas primordial que move o Blablablá: ideias! História e ideias. 
Inquiridos, tanto Bugolin (cujo percurso de vida passa pela militância cultural em vários momentos e lugares da zona leste de São Paulo, mas que também é Assistente Social com um longo e produtivo trabalho com populações em situações de risco), quanto Primus (jornalista, dramaturgo, editor e produtor cultural, com uma enorme ficha de serviços prestados à Itaquera e região), não fugiram aos temas espinhosos que foram, um a um (às vezes muitos de uma só vez), trazidos pelo público presente.
Aliás, esse público é sempre um espetáculo à parte, desde o primeiro Blábláblá, em abril. Perspicaz, inteligente, cético e buliçoso, contribui de maneira decisiva para que haja sempre uma renovação nos apontamentos, um plus nas discussões. Essa amplitude, em determinados momentos, faz com que o próprio público personifique-se como um dos convidados especiais. E muitas idéias são introduzidas, aprofundando questões e proposições. Cabe ao mediador, aqui, atônito, tentar apagar tanto fogo amigo, que crepita e fervilha no meio da platéia.
Bugolin, logo na abertura, explanou para todos sobre seu trabalho de conscientização em saúde preventiva com travestis e prostitutas do entorno do cemitério Vila Formosa. “Sempre houve ali”, disse-nos ela, “um comércio que ia muito além do corpo”. Luka Magalhães, sempre um dos mais insistentes, combativos e polêmicos na plateia, trouxe mais informações sobre estes fatos.  Segundo ele, “durante muito tempo, havia um lugar-comum que dizia que qualquer coisa que você quisesse comprar, à noite você encontraria no Vila Formosa”.
Primus, eleito por Sacha Arcanjo e Claudio Gomes para responder duas questões complexas, sintetizou “acho que as Casas de Cultura e as escolas têm que dialogar mais, para atendermos à necessidade de formação de público e outras questões de nosso meio”, disse, para arrematar em seguida: “No caso de Itaquera, as condições são meio atípicas, pois, por exemplo, muitos dos grupos contemplados pelo VAI, tornaram-se “ilhas” que não dialogam com outros grupos do próprio bairro”, completando assim o raciocínio externado anteriormente por Gomes.
Representando vivências opostas e complementares, Bugolin (que desenvolve e executa a maioria de seus trabalhos dentro do mundo estatal, ou seja, “oficial”), e Primus (que, ao contrário, projetou-se sempre à margem, sem dinheiro e com muita disposição), apresentaram, nesta quarta edição do Blablablá, um debate rico e vivaz, ofertando a todos os presentes o sortilégio de ideias que superam a teorização vulgar e estabelecem a beleza da prática e o encanto dos resultados. 
 
Foto: Ligia Regina
PS: Sempre é bom dar nome aos bois, então é vou tentar aqui enumerar minhas palmas para que este (e outros) Blablablá acontecesse. Nada aconteceria se não fosse o apoio full time e as presenças luminosíssimas de Célia Yamasaki, Carlos Scalla, Sueli Kimura e Akira Yamasaki, que sempre armam a cama de gato para que tudo aconteça nos conformes. Um abraço irmão vai para o Manogon, que se tornou quase um habitante da Casa, confeccionando, com sutileza e talento, muito da arte gráfica que está sendo utilizada para confeccionar nossos convites. Outro ao Luka Magalhães, sempre presenteando a Casamarela com mimos inusitados (a tela com o logo antigo - muito bonita, por sinal - é um dos presentes do parceiro).  Lígia Regina e Éder Lima que, além de nos brindar com uma exposição de suas telas, numa selaçõa primorosa, vibrante e colorida, que ficará à mostra até setembro, também nos cedeu o som completo para este evento. Falando nisso, é sempre bom dar um salve ao Sacha Arcanjo, que nos recebe e nos auxilia via Oficina Cultural Luiz Gonzaga toda vez que pedimos um help. E quando, por algum motivo, o Sacha não pode nos socorrer, o casal Silvio e Solange Kono também tem-nos salvado a barra. 
Faço um brinde especial à Inês Santos, Educadora com "e" maiúsculo, que tem sido um dos pilares das nossas propostas. Outro brinde vai pra Andréa Ferraz e Fátima Rufino, que assinaram um cheque em branco pela CA, através do projeto Estar Bem na CA. 
Xavier, Célia Ribeiro, Luka, Zézão Vicente de Lima, Lígia, Sueli e Akira aqui ganham palmas pelas fotos que nos eternizam.
Tem outros, tem mais, mas a memória falha, vai nos perdoando... Beijo!
Qualquer cômodo da CA é motivo para um blablablá (foto Lígia Regina)

Um comentário:

ligia disse...

totalmente Visceral,interessante,
blá,blá,blá,com Fátima e Primus, democrático com todos colocando suas opiniões, mas com os protagonistas dando o tom esclarecedor e bem posicionado de cada um em relação aos seus pensamentos e questionamentos que foram expostos!

Ligia Regina