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15.12.11

Shows: Z´África Brasil, Wesley Nóog e Veja Luz (Studio SP - 06/12/2011)

Zona Sul Toma Conta de Palco na Augusta

Subo a Augusta devagar, sem pressa, curtindo a noite amena da Sampalândia. Pouco mais de 20 graus são mais que suficiente para agradar gregos e “paulistroianos”, fazendo todo mundo sair da toca, se encontrar, celebrar a vida. Quando chego junto ao do Studio SP (rua Augusta, 519, centro, SP), a fila tá engrossando. Todo mundo ali quer curtir Z´África Brasil, Wesley Nóog e Veja Luz. Todos os três, oriundos “lá da fundão” da Zona Sul, vieram para tomar conta do palco. Trouxeram também um público fiel, que abarrotou a pista, dançou muito e cantou junto.
Fruto de uma parceria da casa com o Circuito Fora do Eixo, o Projeto Cedo e Sentado é uma síntese do novo que está acontecendo na música em tempos em que os velhos modelos de produção, distribuição e consumo de música já não servem mais. Não por acaso, a festa desta última terça, dia 6 de dezembro, apresentava também a outsider Banquinha Fora do Eixo, com sua rica variedade de artesanato, cd, dvd, livros, flyers e zines, para a curtição do galera. Ah, sim, também as sempre presentes projeções de vídeo do pessoal do Clube de Cinema Fora do Eixo, além – é claro – da recepção sonora, caliente e instigante do dj Tano, ajudavam a construir o clima da noite.

Veja Luz em cena

Então, o reggae do Veja Luz invadiu mentes e corpos. Foi o primeiro a demarcar a elaborada mensagem positiva da noite. Com suas letras pacifistas de tributo a Jah, Fernando Novaes (voz), Leandro Kinte (guitarra e vocais), Marcos Rosa (baixo e vocais), Marcelo Caveman (bateria), Roberta – fazendo seu primeiro show com o grupo (percussão), Marcelo Killaman e Edy Ricardo (teclados), e Nando Rangel (guitarra), esbanjaram carisma, cumplicidade e vibração sonoras, criando um “climão” introdutório para a longa noite que estava por vir.

Wesley Nóog em cena

Wésley Nóog herdou do Veja Luz tanto o palco como a sincronia da banda anterior, que nem saiu de cena, apenas aguardou a troca de vocalistas para manter o contágio da festa. Esfuziante e siderado, com seu pé musical fincado na música negra brasileira contemporânea, Nóog é a simpatia em pessoa. Tributário de Tim Maia, Bebeto, Benjor, Ed Mota, Cassiano e outras aves canoras da música popular negra do Brasil, fez um show repleto de referências, transitando com desenvoltura em meio a muito balanço, funk de primeira e soul.

Público em transe diante do Z´África Brasil

Logo após, o Z´África Brasil subiu, trazendo de volta muitos dos músicos que já tinham descido. Gaspar, Pitcho e Funk Buia e o incansável dj Tano (que tocou todos os sets da noite), soltaram suas metralhadoras sonoras, secundados pela ótima formação Marquinhos (baixo), Caverna (bateria), Edy (teclados), além dos convidados pra lá de especiais, Leandro (guitarra) e Denis Man (percussão).
O trio de mestres de cerimônia pregam a cultura pela educação e não abrem mão da proposta cultural que não permite subentendidos. A postura radical, longe de parecer violenta, é, antes, um enfrentamento direto do problema que assola as periferias do mundo todo. Tanto que contaram com a participação especialíssima do mc francês Rockin'Squat (grupo Assassin), que, contagiado, destilou mais adrenalina na platéia ensandecida. Revolucionários, sim, mas totalmente do bem.

Dj Tano em ação

Shows longos, público respondendo à altura, penso cá com meus botões: “que posso querer mais?” Talvez descansar um pouco, e esperar outra boa oportunidade como essa.

Texto e fotos - Escobar Franelas

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