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15.12.11

Festival Fora do Eixo: Cérebro Eletrônico, Pública e Macaco Bong (Studio SP, 13/12/11)

Festival Fora do Eixo Põe a Música em Rotação

Sampalândia, Brasil, 13 do 12 do 11, terça-feira, 11 da noite. O Studio SP está lotado. Casa cheia, sim, com muita gente bonita, muitas tribos, universitários, colegiais teens, hipsters e neo-hippies, pós-punks, rastafáris, almofadinhas, manos & minas, descolados e retrôs. Todos ali, juntos e misturados, dando forma substantiva à proposta básica do Circuito Fora do Eixo: conectar, interagir e fazer, tudo ao mesmo tempo, aqui, agora.
Este mote foi levado à exaustão pelo Circuito nesse ano de fincar bases na Paulicéia, demarcar território e mostrar a originalidade e seriedade de seus projetos. Feito isso (com tesão, organicidade, talento e profissionalismo, diga-se), eis que o Congresso Fora do Eixo acontece por esses dias (11 a 18) em vários lugares da cidade. Respira-se plenárias, atos, feiras, observatórios, intervenções, reuniões, conferências e consultorias, entre muitos outros elencos. Um dos quais, o Festival Fora do Eixo, contempla os gêneros musicais. E o Studio SP, parceiro de primeira hora, entrou com a programação do Festival nessa terça.


Cérebro Eletrônico: Tatá em 1o. (Aero)plano

Quem primeiro compareceu ao palco nessa noite foi o Cérebro Eletrônico. Com a eficiência e o talento de sempre, a banda de São Paulo (Tatá Aeroplano na voz; Fernando Maranho na guitarra e vocais; Renato Cortez no baixo e vocais; Gustavo Sousa na bateria e vocais; e mais Fernando TRZ nos teclados), primou pela excelência de seu pop-rock, de texturas coloridas que contagiou o público que lotava a casa.

Pública: rock é isso!

Logo após foi a vez do Pública adentrar o espaço. A banda, composta por Pedro Metz nos vocais, Guri Assis Brasil (guitarras e vocais), Alexandre Papel (bateria e vocais), Guilherme Almeida (baixo) e com o convidadíssimo Thiago Klein (Quarto Negro), no teclado e João Eduardo (ex-Los Porongas) na guitarra, convidava a todos a um percurso dos anos 60 aos 80, com seu rock preciso e contundente. Guitar-band de excelência, o grupo nos fazia pensar nos grandes festivais de rock, extrapolando todas as expectativas de quem temia assistir apenas ar um “simples” show. Ao contrário, ofereceu um concerto de rock provido de toda a carga emotiva que o gênero suscita entre nós.
Ney Hugo: baixo profano

Ynaiã Benthroldo: bateria catártica

Bruno Kayapy: inumano

Orquestra roquenrônica formada por três instrumentos, o Macaco Bong tomou então conta da madrugada. E que madrugada!
Evocando um duplo sentido para as sensações possibilitadas durante numa audição, a música do MB trafega em todos os espaços a nós permitidos, ora pelos sentidos,  ora pelo intelecto. Outro ponto inquestionável: a atitude, a adrenalina, o comportamento dessa música em nossas veias e músculos. Pois não permite que fiquemos parados, somos impelidos a bater freneticamente a cabeça, balançar os quadris e braços, marcar o compasso com a palma dos pés. Qualquer adjetivo serve para qualificar a música excedida, que vaza dos instrumentos em combate e expõem as vísceras do sentimento reprimido que aproveita para extravasar nessas horas.
Isso explica em partes porque o público não arredou os pés nas duas horas de show, enquanto os xamãs ululavam no palco. Ensandecidos, o fleumático Ney fazia do baixo uma parte do seu corpo inquieto, Ynaiã transformava a bateria num coração palpitante e incansável, e Bruno – tal qual um Hendrix endoidecido – arrebentava cada corda de suas guitarras, para usá-las num ritual que era mais que sonoro, era um arrebatamento que nos tirava para fora do eixo. Não foi um show, foi uma orgia sonora o que vimos no palco do Studio SP.
Três da manhã. Saí para respirar a Augusta. A madrugada estava muito mais bonita. Na cabeça, a certeza de que foi uma das noites mais viscerais que já vivi nessas minhas quatro décadas e pouco de vida.

Texto e fotos Escobar Franelas

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