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25.12.11

Então é natal...

Desde pequeno que implico com o natal. Nunca tive muito apreço pela data, pois sempre a achei depressiva, com seu palavrório indulgente, asco que só foi crescendo, quanto mais velho eu ficava. A notícia do nascimento do Cristo na manjedoura simplória, a via sacra do casal virgem, a visita dos três reis, tudo isso sempre me pareceu muito surreal, gerando mais perplexidade que credulidade.
Hoje, contudo, já consigo conviver melhor com isso, talvez porque já tenha incorporado em definitivo o "espírito natalino" tal como ele é, sem máscaras: o clímax do afã capitalista.
Assim, aceito sem muitas elucubrações metafísicas a condição de que o natal é, in loco, o momento do consumo: consumo de mercadoria, consumo de mensagens positivas, consumo de frases feitas para repetir-se à exaustão, consumo de um anima mundi, que é moto-perpétuo irradiado como prazer coletivo. Real e imediato. E celebro da forma mais comezinha que me é possível participar: presenteando, abraçando, comendo e bebendo em excesso. Em janeiro sempre volto à forma antiga, correndo mais e expiando o pecado da gula com mais exercícios.
Admito meu cinismo quando cumprimento meus cordatos familiares e amigos com mensagens efusivas de apreço. Meus desejos de felicidade nesses momentos - juro! - é sincero. Só o signo linguístico que é falso, cheio de dentes falhos nas engrenagens. Mas, fazer o quê? Não serei eu o louco de estragar o "clima" do momento. A verborragia que sacraliza a todos nas mensagens carregadas de confusões edênicas, traduzem um sincero desejo de boas festas, que também repito, desejo, escrevo e retribuo. Faço parte da corrente, sem interromper a beleza dionisíaca da festa. Também me torno cristão nessas horas.
Assim, sendo natal ou carnaval, dia do trabalho ou período junino, férias ou dia da pátria, fico muito à vontade para repetir o bordão: "boas festas".
Boas festas.

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