Foto: arquivo pessoal - PPL |
Licenciado em
Administração Pública e mestre em Políticas Públicas, Pedro
Pereira Lopes é
um jovem escritor moçambicano perspicaz e lírico, pragmático e
cético. Esses atributos, contudo, não tiram a leveza, a poeticidade,
a esperança e o gesto pacífico de suas práticas diárias. Morando
atualmente em Pequim, na China, onde recentemente defendeu sua
dissertação
de mestrado,
não perde de vista o microcosmo justaposto ao macro, tampouco seus
referenciais históricos, sociais, culturais e antropológicos.
Autor do belíssimo
diário virtual Cadernos de Haidian
(http://cadernosdehaidian.wordpress.com/),
onde transforma em monumentos seus apontamentos e questionamentos, e
coordenador
da revista virtual de literatura moçambicana
http://www.lidilisha.com/sobre/,
Pedro
aqui comparece para falar de si e dos seus.
Foi difícil, ele sempre tímido, refutando convites meus, até que minha insistência foi premiada com sua anuência. Tive então o privilégio do acesso à memória e à reflexão lapidada com esmero. Pareço me empolgar, e talvez por isso mesmo, acho melhor ceder a vez a ele. Espero que gostem, como eu.
Foi difícil, ele sempre tímido, refutando convites meus, até que minha insistência foi premiada com sua anuência. Tive então o privilégio do acesso à memória e à reflexão lapidada com esmero. Pareço me empolgar, e talvez por isso mesmo, acho melhor ceder a vez a ele. Espero que gostem, como eu.
Foto: arquivo pessoal - PPL |
EF - Quem é Pedro Pereira Lopes?
PPL
- Não sei, lamento, mas é o que me ocorre. Tenho 20 e alguns anos e
ainda me desassossego com o que sou ou posso ser. Não padeço de
nenhum transtorno de personalidade além-limite, até poderia
atribuir-me indecisas pessoalidades, mas não tenho tamanha afoiteza
como o Pessoa ou o Lemos. Entretanto não sou capaz de oferecer-lhe
uma resposta única… outrossim, o próprio ‘ser’ não me
garante tais possibilidades, devido aos seus ‘excessivos’
sentidos. O que lhe posso dizer, que sou uma pessoa silenciosa com
muitos barulhos dentro da cabeça, que sou um arquitecto de ilusões,
que sou um viajante procurando por um pouco de pureza? Sou como diz o
Pessoa, «…um quarto com inúmeros espelhos fantásticos que torcem
para reflexões falsas»; acredito que isso não lhe apraz e não
quero parecer prolixo, mas estaria mais satisfeito se lhe dissesse
que não sou eu, somos nós, como o apelidado demónio, o Legião?
Existencialmente «sou eu aqui em mim, sou eu». Porém sou mais do
que um ser existente, sou um ente com identidade – Pedro Pereira
Lopes é isso – nome, identidade, invólucro que se consome como
uma utopia canibal, uma simbiose – alegria e orgasmo –
‘alegrasmo’. Acredito no ‘carpe diem’ e acredito que todo o
homem nasceu para ser vencedor.
Não acredito muito
no ser, chego a ter a sensação de que vivemos todos em uma caverna…
ocidentalização, aldeia global, media,
entretenimento… as afigurações não me convencem. Ora, tenho
nomes de santos da igreja católica, Pedro João; não me
regionalizo, mas sou moçambicano e filhinho de uma viúva chamada
Ann R. (na verdade tenho duas mães, a senhora E. Paula perfilhou-me
mesmo quando já não tinha motivos para tal). Do meu genitor não
sei nem herdei interesse, apenas o apelido de um ascendente
português… Gostaria de terminar fazendo menção à terceira parte
do ser, que envolve a predicação, que se calhar tem mais a ver com
o presente (e o futuro).
Escritor? Talvez.
EF – Conte-me a vida na China,
quais as diferenças em relação ao seu berço natal, Moçambique?
Parte das minhas aventuras e travessuras
vividas em Pequim são publicadas no [meu] blogue «cadernos de
haidian». Não sou nenhum diarista, mas esse é o formato do blogue,
e nele partilho com o mundo porção da minha privacidade. Tão-pouco
é uma ideia inédita, para ser justo, devo ao contacto que tive com
os «Cadernos de Lanzarote» de Saramago e, principalmente, com os
‘Diários’ de Miguel Torga (que me foi introduzido pela Fernanda
Angius, que muitíssimo estimo), a emergência deste meu caderno
cibernético.
Vivo na Cidade Imperial, a terra que
Gengis Khan conquistou e Marco Polo deixou relatada em inúmeras
folhas de papel. Confesso que nunca considerara em estudar na China e
agracio a oportunidade e a ousadia depositada em mim. Dissipo parte
do meu tempo no meu quarto, é daqui que lhe replico às perguntas, é
daqui que jornadeio e fantasio… Tenho um lago e um lindo jardim no
campus [da Universidade de Pequim], e quando me sinto desacompanhado,
sento-me próximo de uma estátua de Cervantes, com ele posso
conversar e sorrir.
Existe porém um imenso mundo que me
circunda, os meus colegas de curso (maioritariamente africanos) e os
milhares de estudantes chineses. Tudo é muito corrido, apressado,
contra-o-relógio, o tempo gravita em torno das salas de aula e dos
diplomas. É muito fácil ser-se um errante nostálgico, sentir a
falta de casa é o preço a pagar pela magia que Pequim oferece, os
arranha-céus, os centros comerciais, um verde que se mescla com o
concreto e o aço, as largas e povoadas avenidas, o néon
eletrizante, a opulência do Jardim de Verão e a excentricidade da
Grande Muralha, que é literalmente um tira-fôlegos. A China é para
mim um mosteiro, onde só a aprendizagem e a busca de equilíbrio
interno são o mister. Entretanto sinto, às vezes, um vazio, como se
não gozasse da paz, como se não importasse nem tivesse sentido…
sem raízes. Não seria capaz de viver fora de Moçambique, longe da
minha gente.
Moçambique! Ouvi algures que o
patriotismo é uma estupidez, contam-se os patriotas em Moçambique,
eu amo aquele mapa lindo, entrecortado e esboçado com arte. Respeito
a bandeira e só me insubordino contra a AK-47 que a mancha.
Francamente, o que faz um rifle de assalto russo que transformou a
guerra e o mundo, numa bandeira nacional? Moçambique é uma
soberania, não nos devemos comparar ao Hezbollah.
Dizem que é um ícone
do nosso povo e do nosso esforço. Escrevi um texto sobre isso, não
teve o ansiado impacto, infelizmente. A minha estadia na China fez-me
perceber que Moçambique e o resto do continente negro têm ainda
muitos desafios pela frente, e grande parte destes desafios só será
solucionada se os problemas – as lideranças políticas, os
governos e seus ‘sistemáticos vícios’ – forem solucionados. É
assombrosa a falta de comprometimento de alguns governos
relativamente ao desenvolvimento e aos temas sociais.
3) Você está aí, nessa semana,
para defender uma tese de doutorado? Explique-nos, por favor, sobre
isso:
Resposta: Não
se trata de uma tese de doutorado, é antes uma dissertação de
mestrado. É um ‘research paper’ corrido, vertiginoso, não tive
muito tempo de investigação nem de reflexão, tinha um prazo curto
para criar outras abordagens sobre o assunto. O título original da
pesquisa é «O Dragão Vermelho: Um bom parceiro ou um novo
colonizador? Uma análise do papel da China sobre a agenda de redução
da pobreza de Moçambique». O trabalho evidencia o engajamento e a
influência chinesa em África e analisa a inferência da China
simultaneamente em quatro vectores da ‘vida’ moçambicana:
comércio, Investimento Directo Estrangeiro (IDE), fluxos de ajuda e
relações políticas [‘policies’ e não ‘politics’].
Foi um estudo
fundamentalmente qualitativo-exploratório e a análise dos
resultados confirmam a ideia de que o envolvimento da China com os
países africanos e, Moçambique em particular, tem importantes
implicações nas políticas públicas, desenvolvimento e
distribuição. O governo de Moçambique deve saber manejar,
canalizar, controlar e regular os interesses chineses, deve vê-los
como uma oportunidade para acelerar e atingir os objetivos de sua
política de redução da pobreza. Gostaria de mais tempo para
trabalhar na pesquisa, acredito que dela poderá nascer o meu
primeiro livro de carácter científico.
Dois pontos são
cruciais na minha dissertação: primeiro, não tento responder se a
China é um “bom parceiro” pró-desenvolvimento ou se é um “novo
colonizador”, acredito ser esta questão muito emocional e ingénua
do ponto de vista académico, e os pesquisadores têm perdido tempo
com a tese, por mais que seja atraente tentar respondê-la, mas aí
entram outros indicadores, porém acredito sim que a China possa
(esteja) a beneficiar mas o continente negro do que o ocidente, mas
está longe de ser uma “bênção dos céus”, um “messias”,
por outro lado, parte das características do comércio e
investimento chinês em África muito se assemelha às atitudes
colonialistas, mas ainda assim, um comportamento totalmente
“imperialista” teria de envolver a resistência, a força e o uso
de armas, e não me parece que isso esteja a acontecer, pois a China
é aclamada em todos os cantos do continente; segundo, lanço uma
nova perspectiva de entender as relações sino-africanas,
explico-me, uma porção notável de autores tem criticado o
comportamento de Pequim e sua política de “não-intervenção”,
sustentando que, se não promove a corrupção, ajuda a mantê-la,
que carcome o estágio de desenvolvimento da democracia africana
alcançada nos últimos anos e encoraja os estados marginalizados
como Angola, Zimbabwe e o Sudão, e eu seria imprudente se não
considerasse estes aspectos, contudo, para mim, como já dissera
antes, o problema de África não se concentra no exterior, é
basicamente um problema endógeno, considerando que parte dos países
não tem mais de 50 anos de independência e enfrenta sérios
problemas governativos.
Em suma, a África
precisa de mudar a sua história, sair da armadilha da ajuda, como
ataca a afamada economista Dambisa Moyo, é necessário quebrar os
chavões de que constituímos países selváticos, que guerreiam pelo
poder, sem capacidades de desenvolver, de sair da pobreza, de terra
onde milhões de pessoas morrem diariamente devido aos desastres
naturais, fome e HIV e SIDA. Já disse a escritora nigeriana
Chimamanda Adichie, a África deve criar uma versão diferente de si,
e isso, meu amigo, só será possível se os países africanos
mudarem a sua forma de relacionarem-se e negociarem com a China, com
o ocidente, só acontecerá se a África souber o que é melhor para
si e os seus governos olharem para os pobres, desenvolverem políticas
coerentes e sustentáveis – nada será alcançado sem o
comprometimento dos líderes, os países africanos são pobremente
liderados/governados.
4)
E quais os caminhos que você indicaria, para superação desses
problemas já tão arraigados na vida pública e no cotidiano de toda
a África e, no caso específico de Moçambique?
Acredito ter deixado a minha opinião
sobre este assunto na questão anterior, não me quero repetir... Sem problemas... Na
verdade aquela é uma questão crítica, e não me quero alongar
bastante (out
of record,
claro)...
Ops, como queira, meu amigo. Queria
avançar um pouco mais este caminho já que vejo como muito
importante refletirmos sobre essa "dominação sino".
Vou refazer a questão, então:
4-A)
Como os governos africanos (e mais especificamente, o moçambicano),
poderá enfrentar essas contradições, sem perder as parcerias
estabelecidas mas também sem perder os referenciais históricos
africanos?
Não existe um
catálogo
singular para a êxito, porém políticas coesas, gradualmente
implementadas, evolucionistas e interdependentes fariam uma grande
diferença. Gosto de acreditar que agora é a vez dos pequenos e,
sobretudo, que é a vez de África. Observa-se uma exaltada corrida
ao continente negro que fico até apavorado. Não gosto de encarar
isso como um neo-expansionismo, mas a África deve ser capaz de tomar
uma posição e não deixar que as amargas experiências da
exploração se repitam. A África ocupa agora, como sempre
desempenhou, um lugar de relevo, devido a sua monstruosa força em
recursos naturais, minerais e energéticos. O continente não deverá
evitar os dentes vorazes do centro, como periferia, deve antes tomar
isso como uma oportunidade para sair do buraco negro que é a pobreza
perseverante. Sejam elas quais forem, as decisões tomadas pelos
governos africanos, duvido que as parcerias estabelecidas
simplesmente desertem, não aconteceu isso no Botswana nem no
Zimbabwe, não enquanto precisarem dos recursos que dos países
africanos obtêm.
É uma questão de acordo, de saber
negociar, o ideal para a África seria uma situação de ganha-ganha.
Vejamos, Moçambique é um país rico em recursos naturais, possui
extensas terras férteis, uma costa norte-sul riquíssima, gás,
pedras preciosas, petróleo e a maior reserva de carvão mineral do
mundo, isso só para citar alguns. De que modo a população poderá
usufrutuar destas riquezas se o Estado concede absurdos benefícios
fiscais e cerca de 90 por cento dos direitos de exploração e lucro
às corporações? Ouvi falar de um país que se vê numa condição
comparável a moçambicana, numa fase de explosão de recursos
energéticos e extractivos.
Disse o governo: «Descobriram petróleo,
hein!, pois é, isso é mesmo animador. Assim será, 70 por cento
para nós e 30 por cento para vocês (às multinacionais), é pegar
ou largar!» Moçambique e os países africanos devem empreender
esforços para que a sua inserção na cadeia de
produção-consumo/economia global os beneficie em algo, não apenas
em jogos de vídeo, etiquetas e refrigerantes, é impreterível não
adicionar a “maldição da globalização” à lista das já
arreigadas.
Não se trata de perder os referenciais
históricos, mas sim de construir uma nova visão, uma visão de
nacionalismo e de motor único, o sonho moçambicano-africano, se
preferir, África nasceu para ser campeã, é preciso acreditar que é
possível mudar o presente-futuro do berço da humanidade, esse é,
se calhar, o único referencial histórico que temos de mudar, de
deliberadamente perder. E como faremos isso? A educação é
substancial, mais escolas, mas bibliotecas, mais livros e acessíveis.
Revolução? Receio este curso, mas há necessidade, de certo modo,
de acordo com as palavras de Erick Charas, “de nos libertarmos dos
nossos libertadores”.
5) O que você lê, assiste, ouve?
Leio um pouco de
tudo, leio continuamente e disso depende a minha vida. Tenho uma
paixão pelos livros, pela encadernação, deve ser por isso que não
gosto de e-books, entretanto tenho uma “soft-teca” de mais de 3
mil livros. Quando tinha 9 anos ganhei de presente dois livros, da
Rua Sésamo, para ser mais preciso, a verdade é que aqueles
livrinhos foram o berço do meu vício. Gosto da literatura
moçambicana, a poesia de J. Craveirinha, Eduardo White, Virgílio de
Lemos e Sebastião Alba. De Lemos adquiri a paixão pela ilha… E a
narrativa de Ungulani Ba Ka Khosa, Orlando Mendes e Suleimane
Cassamo, mas são autores que de certeza desconheces. Bem, a
lista não está completa… Pepetela, Luandino Vieira, Eça de
Queiroz e Saramago, Drummond, li “Procura da poesia” vezes sem
conta, Cecília Meireles – “Ou isto ou aquilo” é um dos livros
mais maravilhosos que já li – mérito que divido com “O pequeno
príncipe” de Saint-Exupéry.
É com prazer que folheio Milan Kundera
e Garcia Márquez, Luis Sepulveda e Italo Calvino. Gosto de fantasia
e de suspense, do terror fantástico, tenho uma colecção de Clive
Barker e aprecio Stephen King e Conan Doyle! A filosofia teve sempre
uma forte influência em mim, Schopenhauer e a sua filosofia da
vontade fazem-me mesmo acreditar que a arte atinge primeiro o
objectivo.
Não tenho um género preferido de
filmes, gosto de libertar-me em risadas às duas da manhã, por isso
perco-me nas comédias. Tenho um particular interesse pelos filmes de
terror, fantasia e ficção científica, obviamente. Gosto do cinema
e propus-me a explorar a arte, seguindo-se um roteiro e o respectivo
episódio piloto para uma sitcom, que escrevi por encomenda em 2012,
uma bela experiência…
Para completar a tríade, tive uma
passagem pela música, pelo rap, pela cultura hip-hop, e parte dessa
cultura estará sempre incrustada em mim. Mas não só de rap é
composta a minha banda sonora diária, outros sons, outras misturas
compõem o meu doido repertório: os Djakas e os Timbila Muzimba,
dois grupos de Moçambique que fazem uma notável combinação de
sons tradicionais e contemporâneos; Sara Tavares é tão doce e
suave como a brisa do meu Índico; João Pedro Pais e Rui Veloso, a
poesia neles, assim como Adriana Calcanhoto e Elis Regina. Na verdade
essa é outra lista muitíssimo grande e dela fazem parte Tracy
Chapman, Ray Charles, The Platters, ABBA e os Queen.
6) O que está objetivando para o
futuro?
Futuro… Espero que esteja a falar do
meu futuro…! Não direi que não me interesso pelo futuro, mas não
sou um ‘futurador’, não gosto de adivinhação ou predicção.
Lembro-me agora de uma expressão atribuída a Einstein que se
encaixa em mim pois também “ […] não fico preocupado com o
futuro pois ele não tarda a chegar”. Penso assim, entretanto de
algum modo esse meu “dadaísmo” influi ou intromete-se na minha
opinião social e política. Não quero parecer antinómico mas
assimilei, como estudante de administração e políticas públicas,
o valor dos planos e da planificação, porém uma parte expressiva
dos eventos da minha vida não foram intentados, simplesmente
ocorreram como efeito de outros eventos inexpressivos também não
planeados.
Tenho uma paixão pelo passado e pelo futuro, e assumo que é por isso que sempre tive a necessidade de escrever um diário, mormente devido ao passado, não habito nele… mas a linha entre o passado-presente-futuro é tão ténue que não existe um fim determinado, é quase invisível a distância entre eles. Perfeccionista que sou, tenho o hábito de exigir mais de mim, e isso faz de mim um indivíduo não muito sorridente. Já me chamaram de irresponsável por não ver o futuro de uma forma… comum, não objectiva. Evito certos conteúdos, não falo de matrimónios ou filhos, enfim, gostaria de ter o doutoramento aos 30 anos e fazer uma interrupção na escrita assim que conseguisse a marca de 10 livros publicados, um retiro.
Tenho uma paixão pelo passado e pelo futuro, e assumo que é por isso que sempre tive a necessidade de escrever um diário, mormente devido ao passado, não habito nele… mas a linha entre o passado-presente-futuro é tão ténue que não existe um fim determinado, é quase invisível a distância entre eles. Perfeccionista que sou, tenho o hábito de exigir mais de mim, e isso faz de mim um indivíduo não muito sorridente. Já me chamaram de irresponsável por não ver o futuro de uma forma… comum, não objectiva. Evito certos conteúdos, não falo de matrimónios ou filhos, enfim, gostaria de ter o doutoramento aos 30 anos e fazer uma interrupção na escrita assim que conseguisse a marca de 10 livros publicados, um retiro.
7) Já tem livros escritos? Quantos?
Quais?
Não gosto muito de “livro” em
literatura, mas chamá-lo de “obra” também não muda muita
coisa. Livros escritos…, devo ter por aí uma dúzia. Não fui um
escritor precoce, o meu primeiro livro foi uma banda-desenhada, aos
11, mas este não conta. Considero uma contagem fiel as obras
publicadas ou em editora. Apenas ‘O Homem dos 7 Cabelos’ está
nas prateleiras moçambicanas, ‘O Ressurgir Sombrio’ está
disponível em e-book para download livre, ‘Kanova e o segredo da
Caveira’ e “Viagem pelo mundo num grão de pólen’ sairão em
Setembro, ‘Setenta vezes sete e outros contos’ e ‘Jasiri e o
pacto ambiental’ aguardam a aprovação da editora. Colectâneas de
poemas e contos dispersos jazem empoeirados nos arquivos do
computador…, já me esquecia, estou a fazer uma triagem especial
aos poemas que andam por aí, para um editor brasileiro, pensei em
intitulá-lo ‘Coisas da Terra e Coisas da Vida’, ainda mudo de
ideias…
8) Tem planos de voltar para a terra
natal? Quando?
(Risos) …
Claro que sim… Já escrevi sobre isso no meu web-diário, não
acredito numa vida fora de Moçambique, é uma estúpida crença,
diria até nacionalista, mas amo Moçambique acima dos seus problemas
arraigados, vivos desde a instituição da república. Não sou nada
longe da minha família, da minha gente, não sou muito útil cá…
Quando? Muito em breve, em Julho!
9) E quais os planos, para quando
voltar?
Essa é a pergunta que vale cem milhões
mas uma vez que não gosto de planear a minha vida, não me preocupo
muito! Acredito que farei o melhor, deixar ficar uma agenda não me
ajudaria em nada!
6 comentários:
Gostei muito! Mas só podia gostar: ouvir dois amigos lindos a "puxar conversa" e' sempre um prazer! :) Ha' varias partes muito bonitas...
abraços aos dois
angi
Parabéns, as conversas fazem com que nosso pensamento seja disseminado,repartido,e construído novos a partir dali,é a dialética nem sempre compreendida mas que nos oxigena a vida!Nicholas
Angi, querida, obrigado pela interação e atenção. Muito bom ter sua companhia e reflexão.
Lígia, realmente as conversas são o melhor alimento para nosso enlevo intelectual, espiritual e cidadão.
Amei a entrevista.. PPL continua a surpreender-me em suas abordagens de assuntos.. Abracos
Obrigado, Agnelio. Realmente Pedro é sempre surpreendentemente inteligente.
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